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Especialistas destacam que em tempos de
tecnologia avançada, novas profissões devem surgir. É preciso investir em
educação para atender às demandas modernas do mercado de trabalho
Pesquisas
internacionais desenvolvidas pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) têm apontado elevada tendência de automação que podem resultar
no fim de cerca de 47% de todos os empregos nos Estados Unidos, em um
período compreendido entre 10 e 20 anos. No Brasil, análise semelhante do
Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), revela que há a possibilidade de
substituição de 54% dos postos de emprego por alguma tecnologia de automação,
no mesmo período.
De
acordo com estudo, divulgado no primeiro semestre de 2019, trabalhadores pouco
qualificados e atuando em funções de rotina estão mais propensos a sofrer
demissões se comparados com profissionais com maior qualificação. Já
pessoas que atuam em áreas que exigem habilidades complexas, criatividade,
intuição, adaptabilidade situacional e interação pessoal são menos
ameaças.
Segundo
o especialista em gestão, Marcelo Camorim há um pensamento equivocado, que gira
em torno do senso comum, no que diz respeito à automatização e robotização das
funções. “As pessoas imaginam que o emprego irá acabar ou que as máquinas irão
ocupar vagas humanas. Não é essa a realidade em países em que a automação
ocorreu de forma mais intensa. O desemprego não cresceu. Nos Estados Unidos a
automação e robótica foram responsáveis por crescimento de 10% do Produto
Interno Bruto (PIB). Com o PIB crescendo a economia se aquece e novos postos de
emprego serão gerados”, explica.
Camorim
pontua, levando em consideração os dados da OCDE, que a capacidade de automação
de uma nação cai quando há uma elevação do nível educacional e renda dos
trabalhadores. “Quem tem menos qualificação e atua em profissões que exigem menos
conhecimento, são as pessoas de linha de produção ou de atividades rotineiras,
como cobrador de ônibus, assessor de call center ou caixa de supermercado.
Essas profissões tendem a acabar”, disse.
O
especialista explica que, mesmo que o Brasil esteja vivendo uma fase
embrionária do processo de robotização, é preciso que o Governo Federal comece
a pensar em políticas públicas de estímulo à educação e a pesquisa para que, em
um cenário de 20 anos, a população esteja apta a nova realidade dos postos de trabalho.
“Atividades rotineiras ligadas a todas as formas de profissão, inclusive
analíticas, já estão sendo automatizadas. No campo jurídico, por exemplo, a
inclusão de petições e o acompanhamento de processos já é feito por
sistemas. Essa alteração modificou a estrutura dos escritórios”, explicou.
Marcos
Campos, co-founder e sócio-presidente do Conselho do Gyntec, condomínio
tecnológico de localizado em Goiânia, explica que o cenário é de mudança.
“Além de uma atualização nas profissões antigas, estão surgindo novas
oportunidades de trabalho”. Entre os novos postos ele destaca o analista de
internet das coisas, engenheiro de cibersegurança, especialista em big data e
engenheiros de software, entre outras.
Para
atestar o assunto, Marcos cita uma pesquisa desenvolvida pelo Conselho Nacional
da Indústria (CNI) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (Senai), realizada em 2019, que apontou que a robotização, a
automação e a chegada de novas tecnologias levarão setores tradicionais da indústria
a criar vagas de nível médio e superior em ao menos 30 novas profissões.
Para
ele, as transformações já começaram a ocorrer e podem ser vistas em setores
como o automotivo, de alimentos e bebidas e de petróleo e gás, integrando o
mundo físico e o virtual por meio de tecnologias digitais e inteligência
artificial. Segundo ele, o cenário futuro vai exigir que os profissionais
mantenham um processo contínuo de atualização e aprendizado ao longo da vida,
com permanentes requalificações. “ As competências socioemocionais, chamadas de
soft skills, que incluem a capacidade de trabalhar bem em equipe e a
criatividade, serão de suma importância na indústria 4.0. As estruturas
empresariais tendem a ser menos verticalizadas e a exigir uma rotina mais
colaborativa para aumentar a produtividade”, explica .
Ainda
de acordo com Marcos, a tecnologia auxilia as empresas na automação e
digitalização de projetos, mas destaca que o ser humano só será substituído em
funções com baixo valor agregado, onde o custo da mão de obra inviabiliza a
sobrevivência das empresas. Para esse caso ele cita a Auvo, uma startup
goiana que monitora força de vendas: “Ela ajuda as empresas a aumentar a
produtividade e resultados das vendas, mas não corta a figura do
vendedor”.
Segundo
Marcos, existe uma compreensão errada sobre tecnologia e startups. “O objetivo
é aumentar eficiência operacional, lucratividade e resultados e não trocar
seres humanos por máquinas”. Outro exemplo goiano para essa nova realidade do
mercado de trabalho é a Jetbov, startup de pecuária. Ela gerencia a
população de gado em uma fazenda, faz o acompanhamento de peso, vacinas até à
venda. Marcos destaca que ela não substitui a mão de obra, mas audita o
trabalho realizado com monitoramento e eficiência.
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