Um dos motivos do crescimento é o adiamento da
maternidade pelos casais
De
acordo com um relatório publicado este ano pela consultoria norte-americana
Allied Market Research, intitulado "Mercado
de serviços de fertilização in vitro, por tipo de ciclo e usuário final:
análise de oportunidades globais e previsão do setor, 2019-2026 (IVF Services
Market, by Cycle Type and End User: Global Opportunity Analysis and Industry
Forecast, 2019–2026)", o mercado global de serviços de FIV
gerou US$ 12.505 milhões em 2018 e a projeção é que atinja US$ 26.376 milhões
até 2026, crescendo cerca de 9,8% de 2019 a 2026. De 1978 até hoje, cerca de
sete milhões de bebês nasceram por meio desse procedimento no mundo todo.
E
por que a expectativa é de mais crescimento? Segundo pesquisas da Sociedade
Médica de Fertilidade Europeia (ESHRE), um em cada seis casais tem ou terá
problemas de fertilidade. Além disso, há outro motivo bem mais conhecido: as pessoas estão deixando para ter filhos mais
tarde e, em muitos casos, elas precisarão de tratamento para alcançar o
objetivo. Como a maioria dos países não disponibiliza esse tipo de atendimento
gratuito, elas acabarão pagando do próprio bolso. E, em alguns casos, haverá
mais de uma tentativa.
"Dependendo do caso, e da idade da mulher - a
maioria das pacientes das clínicas de reprodução está na faixa dos 40 anos -,
será preciso usar o óvulo de uma doadora. Isso não seria necessário se, por
exemplo, o médico ginecologista, que acompanha a paciente abordasse a queda da
fertilidade depois dos 30 anos durante as consultas. Assim, se aquela mulher
estivesse pensando em adiar a gravidez por um
longo período, ela poderia ser informada que
existe a opção de congelar seus próprios óvulos para utilizá-los no futuro", afirma Arnaldo Cambiaghi, especialista em ginecologia e
obstetrícia, com certificado de atuação na área de reprodução assistida, e
responsável técnico do Centro
de Reprodução Humana do IPGO.
Felizmente,
a medicina está sempre se renovando e novas
técnicas, estudos e medicamentos surgem todos os dias. Na reprodução humana não
é diferente. Confira duas técnicas voltadas a
mulheres maduras:
Estimulação
ovariana
"Não
é novidade que mulheres acima dos 40 anos têm uma redução do potencial da
fertilidade quando comparadas a mulheres mais jovens e, consequentemente, têm
também uma chance menor de sucesso nos tratamentos de fertilização. Mas, o
ponto obscuro é: qual o limite de idade da mulher para o tratamento de FIV com
os próprios óvulos? A partir de qual idade é recomendável utilizar óvulos de
doadoras?", comenta o médico.
A
grande maioria dos insucessos nos tratamentos em mulheres acima dos 40 anos vem
da qualidade dos óvulos que elas produzem, por formarem embriões de má
qualidade, que podem ser chamados de embriões incompetentes. Em outras palavras
e com mais objetividade: os óvulos destas mulheres tendem a formar embriões com
alterações cromossômicas inadequados para a implantação.
"Se
isso ocorrer, a paciente poderá sofrer abortos ou, em alguns casos, se a
gestação se desenvolver, o bebê poderá ter alterações, como, por exemplo,
Síndrome de Down. Entretanto, se conseguirmos um número maior de óvulos,
poderemos ter uma chance maior de obter embriões de ótima qualidade (embriões
competentes) e, consequentemente, um tratamento bem sucedido e filhos
saudáveis. Porém, em muitos casos de baixa reserva ovariana, a paciente produz
poucos óvulos e, na maioria das vezes, precisamos de um maior número de
estimulações – de duas a três", diz Cambiaghi.
O
médico lembra que, para se definir o melhor protocolo para a estimulação
ovariana, é importante a compreensão do significado
"Individualização e Customização" dos protocolos para a estimulação
do ovário. Customizar significa alterar algo para que melhor se adeque os
requisitos de alguém; personalizar. Assim, o protocolo de estimulação ovariana
deve der individualizado para cada paciente e customizado de acordo com o seu
histórico e situação que ela se encontre.
Protocolo com uso prolongado do hormônio de crescimento
O hormônio de
crescimento (GH) atua por meio da estimulação da somatomedina C, ou IGF-1
(fator de crescimento de insulina I). É encontrado em vários tecidos e também
nos folículos ovarianos, porém, de acordo com estudos, a quantidade desse
hormônio é menor em mulheres que apresentam baixa reserva ovariana. Logo,
conclui-se que a redução do IGF-1 altera as funções celulares de mulheres com
idade avançada ou acometidas pela Insuficiência Ovariana Prematura.
Partindo desse
princípio, pesquisas demonstraram que mulheres com baixa contagem de óvulos,
que tiveram o hormônio GH adicionado ao protocolo de estimulação ovariana,
tiveram uma melhor resposta folicular. O uso do hormônio GH pode, ainda,
aprimorar a qualidade dos óvulos, proporcionando embriões de melhor qualidade
e, consequentemente, aumentando as taxas de gravidez. Entretanto, interfere pouco
na quantidade de óvulos gerados na indução da ovulação.
"Portanto, se
pudermos chegar a um tratamento que ajude as más respondedoras a produzir mais
óvulos e de melhor qualidade,
ou ambos, seremos capazes de melhorar positivamente a chance de se ter um bebê.
Vários tipos de protocolos de suplementação têm sido usados para
tentar melhorar os resultados para essaspacientes, e a maioria deles
éestimulador das mitocôndrias", explica o médico.
Para
finalizar, Cambiaghi reforça uma mensagem: "Enfatizo que as mulheres devem ser informadas,
seja por seus médicos ou pela mídia, que é preferível engravidar antes dos 35
anos, pois é mais seguro, e a probabilidade de
se ter um bebê saudável é bem maior se comparada a gestações em idades mais
avançadas. Se mesmo assim elas quiserem adiar,
congelar os óvulos é a opção mais segura".
Fonte: Arnaldo
Schizzi Cambiaghi - responsável técnico do Centro de Reprodução Humana do IPGO,
ginecologista obstetra com certificado em reprodução assistida. Membro-titular
do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Laparoscópica, da European Society of Human Reproductive Medicine. Formado pela
Faculdade de Ciências Médicas da Santa casa de São Paulo e pós-graduado pela
AAGL, Illinois, EUA em Advance Laparoscopic Surgery. Também é autor de diversos
livros.

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