Dia Nacional de
Combate ao Câncer lança desafio à pesquisadores e médicos para atenuar esses
efeitos
O câncer continua sendo a segunda principal causa
de morte no mundo, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). A
descoberta em estágios iniciais comprovadamente aumenta as chances de cura para
a maioria dos tumores. Mas o pós-tratamento pode deixar sequelas que são pouco
consideradas, mas que fazem com que o paciente sofra demasiadamente com as
dores crônicas. A explicação pode estar no fato de que procedimentos como
radioterapia, quimioterapia e outros medicamentos utilizados no combate ao tumor
podem lesionar nervos que comandam a sensibilidade à dor. “O paciente
que supera o câncer faz um acompanhamento contínuo com medicamentos e terapias
complementares, por pelo menos mais cinco anos. É um tempo considerável para
conviver com o fantasma da doença e, neste
período, aumentar a confiança e conforto de
todos é essencial”, explica a médica Paloma Solano, especialista em
medicina humanizada.
Neste Dia Nacional de Combate ao Câncer, 27 de
novembro, o tema chama a atenção pelo objetivo de aumentar as alternativas de
tratamentos e terapias complementares que exerçam efeito na redução dessas
dores. Mesmo com o avanço da ciência, muitos pacientes que enfrentaram os mais
diversos tipos de câncer, superaram o tumor, mas não seus impactos de longo prazo.
Os casos já começam a ser relacionados às limitações de atividades do cotidiano
e exigem tratamentos e gastos consideráveis.
Um estudo do Sistema de Saúde Monte Sinai, nos
Estados Unidos, estima que 35% dos sobreviventes de um tumor maligno no país vivem
com dor crônica, o que representa mais de 5 milhões de indivíduos. No
grupo que sofreu com um tumor, as queixas de dores limitantes e crônicas foram
duas vezes mais frequentes do que entre o restante dos entrevistados. O
levantamento ainda indica que entre os 60 mil entrevistados, os tipos de tumor
que mais costumam deixar sequelas doloridas são os que atingem ossos, rins,
garganta, faringe e útero.
No Brasil, não existem levantamentos específicos
sobre o assunto, mas um estudo do Instituto Nacional do Câncer (INCA),
divulgado em 2019, apresentou dados importantes sobre os tipos de câncer e sua
prevalência no Brasil, identificando por exemplo, que o câncer de próstata para
homens e o de mama para mulheres são os tipos mais prevalentes. Os
pesquisadores também fizeram entrevistas aprofundadas com 47 sobreviventes, que
relataram dificuldades na reinserção ao mercado de trabalho, falta de apoio
psicológico e restrições na vida sexual, apontando a necessidade de
acompanhar melhor o paciente após o fim do tratamento, o que é um verdadeiro
desafio para a comunidade médica. É necessário cuidar da pessoa, em vez de só
tratar sua doença.
“A medicina humanizada vem contribuindo para
entender esses casos e ampliar o conforto oferecido aos pacientes. De forma
integrada, suas avaliações devem considerar mais que os aspectos patológicos, a
pessoa deve ser analisada a partir de suas ansiedades e vulnerabilidades
psicológicas como um todo e, assim, o profissional da saúde poderá ajudar de
forma mais efetiva esse indivíduo” avalia a médica Paloma Solano.
Confira os dados do INCA sobre os diferentes tipos
e registros da doença no Brasil.
Prevalência de câncer no Brasil.
Em homens, Brasil, 2018
Localização
Primária |
Casos Novos |
% |
Próstata |
68.220 |
31,7 |
Traqueia, Brônquio e Pulmão |
18.740 |
8,7 |
Cólon e Reto |
17.380 |
8,1 |
Estômago |
13.540 |
6,3 |
Cavidade Oral |
11.200 |
5,2 |
Esôfago |
8.240 |
3,8 |
Bexiga |
6.690 |
3,1 |
Laringe |
6.390 |
3,0 |
Leucemias |
5.940 |
2,8 |
Sistema Nervoso Central |
5.810 |
2,7 |
Todas as Neoplasias, exceto
pele não melanoma |
214.970 |
100,0 |
Todas as Neoplasias |
300.140 |
|
- Em mulheres, Brasil, 2018
Localização
Primária |
Casos Novos |
% |
Mama feminina |
59.700 |
29,5 |
Cólon e Reto |
18.980 |
9,4 |
Colo do útero |
16.370 |
8,1 |
Traqueia, Brônquio e Pulmão |
12.530 |
6,2 |
Glândula Tireoide |
8.040 |
4,0 |
Estômago |
7.750 |
3,8 |
Corpo do útero |
6.600 |
3,3 |
Ovário |
6.150 |
3,0 |
Sistema Nervoso Central |
5.510 |
2,7 |
Leucemias |
4.860 |
2,4 |
Todas as Neoplasias, exceto
pele não melanoma |
202.040 |
100,0 |
Todas as Neoplasias |
282.450 |
|
Fonte: INCA 2018
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