Fator de desenvolvimento, os jogos e brincadeiras
motores
estão perdendo
espaço na
vida das crianças
Pixabay |
Pensar em jogar pião, futebol de moeda, amarelinha
ou pega-pega com certeza inspira memórias nostálgicas aos mais velhos. Porém,
grande parte das crianças de hoje não está mais praticando esse tipo de
brincadeira. “Apesar de ser elemento presente na cultura infantil e fator de
desenvolvimento integral das crianças, os jogos e brincadeiras motores estão
perdendo espaço na vida das crianças desta geração”, expõe o coordenador da
assessoria de Educação Física, Arte e Pedagógica do Sistema Aprende Brasil,
Davi Marangon.
Segundo ele, entre os motivos para esse
esquecimento das brincadeiras motoras estão o maior acesso a aparatos
tecnológicos e a falta de espaços adequados e seguros para a realização de
jogos e brincadeiras que envolvem a movimentação corporal ampla. “A preocupação
cada vez maior com segurança e o espaço reduzido de muitas residências acabam
impelindo os pais e avós, que cuidam das crianças quando não estão na escola, a
mantê-las em frente à televisão, ao videogame e ao computador. Como
consequência dessa realidade, as crianças não conseguem ampliar o seu
repertório motor e ficam propensas ao sedentarismo”, explica.
Marangon afirma que o desafio de tirar as crianças
de frente das telas e levá-las para as brincadeira motoras não é simples,
principalmente diante da crescente quantidade de horas destinadas por crianças
e jovens somente aos jogos eletrônicos, que gira em torno de 15 horas semanais,
sem contar o tempo voltado à televisão. “Esse quadro mostra a necessidade de
mudança de hábitos. Nesse sentido, os pais podem ajudar as crianças a planejar,
de forma equilibrada, as atividades que vão realizar no seu tempo de lazer. Não
significa que não possam brincar com jogos eletrônicos ou assistir à TV, mas
que possam diversificar as atividades, inserindo jogos e brincadeiras motores
no seu dia, seja em casa, em clubes, em parques, ou em outros espaços nos quais
possam ser realizados com segurança”, orienta o professor.
Pais devem convidar seus filhos para brincar créditos: Freepik |
Como incentivar as brincadeiras em casa
Para inserir essas atividades no dia a dia da
criança, Marangon indica que os pais devem convidar seus filhos para brincar e
ensinar a eles as brincadeiras que eles realizavam quando eram crianças, além
de perguntar quais brincadeiras os filhos aprenderam na escola ou em outros
locais. “Não podemos esquecer que é por meio da vivência lúdica que a criança
se expressa, se relaciona com o mundo adulto e acaba se apropriando do universo
simbólico. Por isso, é muito importante que os pais participem de jogos e
brincadeiras com as crianças. O momento de brincar cria um ambiente afetivo e
prazeroso em que todos se sentirão felizes e motivados a repetir as atividades,
gerando uma rotina positiva de incentivo aos jogos e brincadeiras”, sugere.
Para chamar a atenção das crianças deve-se oferecer
diferentes tipos de brincadeiras e jogos, além de materiais diversos para que
possam ser manipulados e explorados: diferentes tamanhos, texturas, pesos,
cores. Outra forma de incentivo é organizar espaços de diferentes formas para
que sejam explorados com segurança pelas crianças: espaços amplos, espaços
restritos, espaços fechados, espaços abertos, na quadra, na areia e em
gramados, quando possível.
Brincadeiras na escola
O espaço da escola é um lugar privilegiado para o
acesso das crianças às brincadeiras e jogos. Isso está garantido como uma
exigência da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o componente de
Educação Física, como uma unidade temática obrigatória no Ensino Fundamental.
Brincadeiras e jogos também estão nas orientações da BNCC da Educação Infantil,
estando presentes como eixos estruturantes em todos os campos de experiências
das crianças. “Isso devido à importância dessas práticas para o desenvolvimento
cognitivo, afetivo, motor e social das crianças, permitindo que, por meio
delas, possam construir as bases para a leitura de mundo e para o entendimento
de seu papel na sociedade”, explica Marangon.
Sistema de Ensino Aprende Brasil
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