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quinta-feira, 8 de agosto de 2019

O que pais precisam saber para serem cumplices de suas filhas em todas as fases



A ginecologista, obstetra e mastologista Dra Fernanda Torras dá informações valiosas para os pais não serem pegos de surpresa


Para muitas famílias, tocar em certos assuntos com os filhos é difícil e constrangedor, tanto para os pais, quanto para os filhos – que morrem de vergonha. Agora imagine um pai solteiro ter que falar com a filha sobre higiene íntima, menstruação e sexo.

Os homens modernos estão cada vez mais presentes em todas as fases dos filhos, e, normalmente, a relação deles com as filhas é de maior cuidado e proteção. Por isso, para que essa cumplicidade esteja presente desde o primeiro dia de vida da “princesinha do papai”, é importante que eles saibam como cuidar e orientar suas meninas, especialmente para aqueles que fazem papel de pai e mãe.

Para ajudar a orienta-los, a Dra Fernanda Torras, ginecologista, obstetra, mastologista e mãe, separou algumas dicas e informações importantes para que os papais não sejam pegos de surpresa.


Bebês:

É extremamente importante saber como fazer a higiene correta na hora do banho e nas trocas de fraldas: “No banho, a genitália da bebê deve ser lavada com as mãos limpas e sabonete neutro - glicerina é uma boa escolha - ou sabonetes suaves para bebê. Deve-se afastar com cuidado os grandes lábios para tirar as secreções, sem esfregar ou fazer pressão, e somente externamente. Após o banho, enxugar com toalhas secas e limpas, sem friccionar”, orienta.

Caso os pais notem um pequeno acúmulo de secreção esbranquiçada e leve sangramento rosado, Dra. Fernanda tranquiliza: “Isso é comum e ocorre devido a estimulo hormonal”.

As trocas de fraldas devem ser feitas após cada xixi ou cocô, pois, muitas vezes há acidez e irritação da vulva por ph de sucos de frutas ou mesmo assadura das fraldas: “Neste caso, há possibilidade de usar pomadas na região mais avermelhada, somente externamente”, recomenda.

A limpeza pode ser feita com lencinhos sem álcool, algodão umedecido ou lavagem com água morna, sempre com cuidado para higienizar a vulva e a região anal separadamente, trocando o lencinho ou algodão. Ao lavar é preciso que o fluxo de água seja direcionado da vulva para o ânus, e nunca o contrário.


Desfralde:

Quando a criança já desfraldou, a missão é ensinar sobre a auto-limpeza após usar o banheiro.  É fundamental que o pai converse desde cedo com a menina e a oriente a limpar a região sempre da vulva para o ânus. Até que ela saiba fazer a higiene corretamente, o pai precisa estar presente para supervisionar e auxiliar quando necessário, pois o descuido frequente ou recorrente pode provocar vulvovaginites, corrimentos e até infecções urinárias: “Hoje existem lencinhos sem álcool próprios para higiene após uso de banheiros. Essa é uma ótima opção para as meninas e até um incentivo por se tratar de algo diferente para as crianças”, conta.


Banho:

As meninas que tomam banho sozinhas também tem que ser ensinadas a se lavar com as mãos, afastando os grandes lábios para que toda a vulva seja limpa com sabonetes de ph neutro, glicerina ou infantis suaves. Nessa idade, ainda não é liberado o uso de sabonetes íntimos.
Trocar a calcinha também é importante: “Recomenda-se a troca 2 vezes ao dia para evitar acúmulo de secreções e proliferação de fungos e bactérias”, explica.


Pré-adolescência e adolescência:

Finalmente chegam as fases mais delicadas (e temidas pelos pais), onde os hormônios começam a se manifestar e uma série de mudanças no corpo e comportamento das meninas passam a ocorrer.


Menstruação

A idade da primeira menstruação varia, mas o comum é ocorrer entre 11 e 13 anos. Após o primeiro ciclo menstrual, o pai deve saber orientar quanto a frequência de trocas de absorventes - a cada 4 horas como ideal – e sobre a higienização da vulva antes da troca, para que retire ao máximo o acumulo de sangue e evite proliferação de fungos e bactérias: “Pais habilidosos podem ajudar suas filhas instalando uma ducha higiênica no banheiro para que esse cuidado seja mais completo. Dar lencinhos humedecidos para que as meninas levem em suas bolsas e mochilas também é importante”, aconselha.

Falar sobre todos esses assuntos vai exercitar muito o jogo de cintura dos pais, mas para que isso não seja um constrangimento para ninguém, a dica é conversar sobre tudo e não criar barreiras ou tabus em volta de nenhum tema. Os pais tem que entender que suas filhas estão seguindo o caminho natural da evolução e tratar tudo com naturalidade. Como consequência, as filhas terão liberdade e confiança para procura-los e tirar dúvidas.


Sexo

Todo esse “treinamento” será colocado à prova quando chegar a hora de falar sobre sexo. Nessa hora toda e qualquer vergonha deve ser deixada de lado, pois a informação é a ferramenta mais importante para prevenir doenças e situações indesejadas, como uma gravidez precoce: “Uma dificuldade é saber o momento correto de abordar este assunto. Para fazer essa avaliação tem que estar ligado nas atividades da filha. Saber quais programas e canais de YouTube ela assiste, sites que ela gosta, pessoas que segue em suas redes sociais e conhecer o grupo de amigos. Caso o pai ache que alguma coisa esta errada, deve tomar a iniciativa da conversa, mas sempre que possível, é bom deixar com que ela puxe o bate papo, pois dessa forma vai estar aberta para receber as informações. Ouvir e estar disponível é a melhor dica”, afirma.

Outra coisa que aflora na adolescência também é a identidade de gênero e sexualidade: “Caso isso aconteça, o diálogo será mais fácil e aberto se o pai iniciar a conversa demonstrando aceitação na condição”.

Estudos mostram que, ao ser pai de uma menina, o homem passa a ter mais empatia sobre igualdade de gênero e combatendo o sexismo no diálogo e atitudes. Isso porque consegue transpor a filha sobre a igualdade entre os sexos na sociedade e a capacidade da mulher na sociedade, construindo auto-estima e fortalecendo psicologicamente a menina: “As filhas mulheres são amigas, companheiras, precisam falar e ser ouvidas. São emotivas (cuidado com o que fala), precisam sentir que são acolhidas e protegidas, e o papel do pai é de grande importância no desenvolvimento da mulher”, finaliza Dra. Fernanda.






Dra Fernanda Torras - CRM 130332 - RQEs 72295 e 72296 - Com formação pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos, aperfeiçoamento em mastologia e oncoplástica pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, especializações em ginecologia e obstetrícia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia e mastologia pela Sociedade Brasileira de Mastologia, Dra. Fernanda Torras é uma equipe multidisciplinar em uma só pessoa. Atualmente, Dra. Fernanda também é muito requisitada pelas redes sociais. Com mais de 10 mil seguidores em seu perfil de Instagram, leva diariamente informações de forma descomplicadas às pessoas sobre temas que, mesmo muito disseminados, ainda geram diversas dúvidas: gravidez, contraceptivos, câncer, implantes hormonais, entre vários outros.

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