Quando se fala em indústria 4.0 e o futuro da
tecnologia aplicada em processos produtivos, é fundamental deixar claro que
estamos falando, na verdade, do presente. O futuro já chegou há certo tempo. E
essa realidade é deparada por estruturas fabris de diversos segmentos, afinal,
as transformações já estão em curso. Como consequência, a companhias precisam
responder rapidamente a esse estímulo para que mantenham os ritmos de
crescimento planejados.
Os produtos têm validade, como roupas que caem em
desuso devido à mudança da estação ou pela chegada de novas tendências, assim
como os processos adotados pelas empresas são temporários, sendo substituídos
por recursos melhores, mais eficientes e produtivos.
Especificamente do ponto de vista de tecnologia,
quando falamos em manufatura, instrumentação, softwares, automação e robótica,
anualmente, é necessário fazer o update de algum sistema que já se tornou
obsoleto nas organizações. A tecnologia é um facilitador da inovação, inerente
ao processo de transformação, mas para que a estratégia de evolução alcance
patamares elevados é preciso garantir que as pessoas entendam o posicionamento
estratégico da organização e o papel que têm dentro dessa estrutura,
sentindo-se valorizadas. Só assim é possível obter a alta performance, que não
pode ser alcançada com a mera compra de um software, maquinário ou novas
tecnologias.
Quando falamos em desempenho, é basicamente o
resultado no fim do dia. Já a alta performance é aquilo que encanta. É o show
de uma orquestra, que emociona, estimulando que a plateia se levante para
aplaudir com entusiasmo. É uma entrega diferente, em que todos os instrumentos
musicais estão extremamente afinados. Remetendo à operação industrial, é
necessário se perguntar: a empresa apresenta desempenho ou alta performance?
A diferença é clara. A alta performance é muito
mais do que seguir normas, especificações e padrões, como a ISO 9000, de gestão
da qualidade, 14000, de diretrizes ambientais, ou a OHSAS 18000, voltada
para a segurança do trabalho. Também não significa apenas a prática de métodos,
como a Seis Sigma, Lean ou TPM. Para atingir esse patamar, é fundamental
aplicar a gestão adequada da mudança dos processos, ou seja, como as pessoas
vão se adaptar à mudança e se sentir verdadeiramente valorizadas?
A M. Dias Branco, por exemplo, é uma empresa que
cresceu organicamente e a partir de aquisições. O primeiro passo na busca pela
alta performance foi a formação de uma área corporativa com profissionais
competentes, com vivência em chão de fábrica, para não ser necessária a
tradução do dia a dia. Assim, falando a mesma língua, a transformação foi
acontecendo a partir da cultura do aprendizado. Nessa estratégia, que chamamos
de Gestão Classe Mundial (GCM), as pessoas receberam claramente os indicadores
de onde a companhia está e onde pretende chegar.
Não há uma receita pronta, mas seguimos na M. Dias
Branco a diretriz da inovação, conhecendo a perenidade que há no lançamento de
novos produtos, de maneira que inovar para nós é muito mais do que isso. É
mudar processos, ao mesmo tempo em que nos preocupamos com a sustentabilidade.
Os padrões são mantidos lado a lado das metodologias de melhoria contínua dos
processos, o que garante que todas as nossas 15 fábricas sigam o mesmo modelo
bem-sucedido alcançado.
O fato é que não é possível inovar se não se partir
da máxima de engajar para mudar. Se não houver o envolvimento das pessoas,
junto à organização, a mudança não é bem estruturada e se torna um verdadeiro
castelo de areia, que não pode ser sustentado.
E dessa forma, sobretudo na indústria 4.0, as
pessoas são fundamentais no processo e precisamos desenvolver a equipe em todos
os níveis. O segredo do crescimento é humanizar a estratégia. O nosso desafio
constante vai além da integração homem e máquina. É integrar também homem e
produto; homem e processo; homem e tecnologia; homem e conhecimento. É preciso
ter um ciclo virtuoso em que a pessoa é preponderante, acima de qualquer
máquina.
Sidney Leite - Diretor Técnico
e de Operações da M. Dias Branco
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