Dr. André Mansano, um dos mais
conceituados especialistas no tratamento da dor no Brasil, diz que as dores
lombares e articulares são as mais comuns quando associadas ao sobrepeso
Sabe-se que a obesidade é um
grande problema de saúde pública no mundo todo. É uma situação complexa com
sérias repercussões sociais e psicológicas que afeta ambos os sexos e
praticamente todas as idades. Em 1995, havia 200 milhões de pessoas obesas no
mundo, número que aumentou para 300 milhões no ano 2000. Ao contrário do que
muitos pensam, a obesidade não é uma doença de países desenvolvidos, estima-se
que haja 115 milhões de pacientes obesos em países em desenvolvimento.
Recentemente,
a primeira dama norte americana ganhou os holofotes ao participar de uma
campanha mundial contra a obesidade infantil, algo que tem preocupado muito as
autoridades de saúde de todo o mundo.
A
obesidade grave está associada a dores articulares e diminuição importante da
funcionalidade corporal (habilidade para curvar-se, levantar pesos, andar,
etc.). A obesidade aumenta a incidência de dores lombares e articulares. Isso
ocorre de forma direta, já que todo o sistema musculoesquelético fica
sobrecarregado pelo excesso de peso e de forma indireta, por prejudicar a
performance cardiovascular, reduzir a flexibilidade, aumentar a inflamação
sistêmica e diminuir a força muscular por massa corporal. É importante
ressaltar que não são apenas as articulações que sofrem com a obesidade. Toda a
coluna vertebral está sobrecarregada com o excesso de peso, aumentando a
incidência de degenerações e hérnias de disco, por exemplo.
A
cirurgia bariátrica tem sido um tratamento altamente eficaz para pacientes com
obesidade grave, promovendo a manutenção da perda do peso corporal e diminuindo
a incidência e a gravidade de doenças associadas como diabetes mellitus,
hipertensão arterial, aumento do colesterol e depressão. A Sociedade Brasileira
de Cirurgia Bariátrica e Metabólica preconiza que a cirurgia deve ser indicada
para pacientes com Índice de Massa Corporal acima de 40, independente da
presença de doenças associadas ou naqueles pacientes com Índice de Massa
Corporal acima de 35 e que apresentem alguma doença associada a obesidade que
possa melhorar com a perda de peso (ex. diabetes mellitus, hipertensão
arterial, etc). Obtém-se o Índice de Massa Corporal dividindo o peso (em
Kg) pela altura (em metros) do paciente elevada ao quadrado.
Um
estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Pittsburgh nos EUA,
avaliou a melhora da dor e função articular em mais de 2400 pacientes obesos
submetidos à cirurgia bariátrica. Os médicos pesquisadores demonstraram que de
50 a 70% dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica passaram a ter,
significativamente, maior qualidade de vida e menores índices de dores
lombares, em quadris, joelhos e tornozelos.
Os
fatores mais associados com a diminuição dos índices de dor relacionados à
cirurgia bariátrica são:
-idade (quanto mais jovem, maior
a melhora)
-condição socioeconômica
-menores índices de depressão
pré-operatória
-maior índice de perda de peso
-maior controle do quadro de
diabetes pré-existente
Sabemos que existem vários tipos de
“cirurgia bariátrica” e em todos as técnicas foram observadas melhora da
qualidade de vida e dos índices de dor. É importante, portanto, que os
pacientes com obesidade procurem diminuir o peso com todas as ferramentas
existentes na medicina. Em casos onde medidas pouco invasivas não apresentem
sucesso, a cirurgia bariátrica mostrou-se uma efetiva opção que, embora não
seja isenta de risco, tem se mostrado capaz de melhorar a qualidade de vida dos
pacientes.
Dr. André Mansano -
Graduado em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina é médico
Intervencionista da Dor na
SINGULAR - Centro de Controle de Dor, em Campinas/SP e do Hospital Israelita
Albert Einstein/São Paulo/SP. É especialista na Área de Atuação em Dor pela
Associação Médica Brasileira (AMB), membro do Comitê de Educação do
"World Institute of Pain" e da Sociedade Brasileira
dos Médicos Intervencionistas em Dor.
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