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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

As dores e a obesidade


Dr. André Mansano, um dos mais conceituados especialistas no tratamento da dor no Brasil, diz que as dores lombares e articulares são as mais comuns quando associadas ao sobrepeso


Sabe-se que a obesidade é um grande problema de saúde pública no mundo todo. É uma situação complexa com sérias repercussões sociais e psicológicas que afeta ambos os sexos e praticamente todas as idades. Em 1995, havia 200 milhões de pessoas obesas no mundo, número que aumentou para 300 milhões no ano 2000. Ao contrário do que muitos pensam, a obesidade não é uma doença de países desenvolvidos, estima-se que haja 115 milhões de pacientes obesos em países em desenvolvimento.


Recentemente, a primeira dama norte americana ganhou os holofotes ao participar de uma campanha mundial contra a obesidade infantil, algo que tem preocupado muito as autoridades de saúde de todo o mundo.  

A obesidade grave está associada a dores articulares e diminuição importante da funcionalidade corporal (habilidade para curvar-se, levantar pesos, andar, etc.). A obesidade aumenta a incidência de dores lombares e articulares. Isso ocorre de forma direta, já que todo o sistema musculoesquelético fica sobrecarregado pelo excesso de peso e de forma indireta, por prejudicar a performance cardiovascular, reduzir a flexibilidade, aumentar a inflamação sistêmica e diminuir a força muscular por massa corporal. É importante ressaltar que não são apenas as articulações que sofrem com a obesidade. Toda a coluna vertebral está sobrecarregada com o excesso de peso, aumentando a incidência de degenerações e hérnias de disco, por exemplo.  

A cirurgia bariátrica tem sido um tratamento altamente eficaz para pacientes com obesidade grave, promovendo a manutenção da perda do peso corporal e diminuindo a incidência e a gravidade de doenças associadas como diabetes mellitus, hipertensão arterial, aumento do colesterol e depressão. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica preconiza que a cirurgia deve ser indicada para pacientes com Índice de Massa Corporal acima de 40, independente da presença de doenças associadas ou naqueles pacientes com Índice de Massa Corporal acima de 35 e que apresentem alguma doença associada a obesidade que possa melhorar com a perda de peso (ex. diabetes mellitus, hipertensão arterial, etc). Obtém-se o Índice de Massa Corporal dividindo o peso (em Kg) pela altura (em metros) do paciente elevada ao quadrado.  

Um estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Pittsburgh nos EUA, avaliou a melhora da dor e função articular em mais de 2400 pacientes obesos submetidos à cirurgia bariátrica. Os médicos pesquisadores demonstraram que de 50 a 70% dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica passaram a ter, significativamente, maior qualidade de vida e menores índices de dores lombares, em quadris, joelhos e tornozelos.  

Os fatores mais associados com a diminuição dos índices de dor relacionados à cirurgia bariátrica são:  
  
-idade (quanto mais jovem, maior a melhora)  

-condição socioeconômica  

-menores índices de depressão pré-operatória  

-maior índice de perda de peso  

-maior controle do quadro de diabetes pré-existente    
              
Sabemos que existem vários tipos de “cirurgia bariátrica” e em todos as técnicas foram observadas melhora da qualidade de vida e dos índices de dor. É importante, portanto, que os pacientes com obesidade procurem diminuir o peso com todas as ferramentas existentes na medicina. Em casos onde medidas pouco invasivas não apresentem sucesso, a cirurgia bariátrica mostrou-se uma efetiva opção que, embora não seja isenta de risco, tem se mostrado capaz de melhorar a qualidade de vida dos pacientes.


 
Dr. André Mansano  - Graduado em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina é médico Intervencionista da Dor na SINGULAR - Centro de Controle de Dor, em Campinas/SP e do Hospital Israelita Albert Einstein/São Paulo/SP. É especialista na Área de Atuação em Dor pela Associação Médica Brasileira (AMB), membro do Comitê de Educação do "World Institute of Pain" e da Sociedade Brasileira dos Médicos Intervencionistas em Dor.


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