Especialistas do
Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
dão orientações para adaptação do paciente em viagens
Sair de férias requer preparo e planejamento. No
caso de pessoas com diabetes os cuidados vão mais além para que o índice
glicêmico permaneça nos níveis ideais. É essencial que a medicação seja
conservada de maneira adequada para não comprometer a efetividade do tratamento
e o planejamento da viagem.
Devido à demora do processo de cicatrização nos
casos de diabetes mal controlado, a atenção aos ferimentos deve ser redobrada.
Os cuidados com os pés são fundamentais, principalmente, para os que já
convivem com a doença há muitos anos ou têm a glicemia constantemente
descontrolada. Usar calçados confortáveis e evitar andar descalço são medidas preventivas
a serem adotadas.
Com a quebra da rotina os horários das refeições
e o cardápio disponível sofrem alterações. Segundo Tarcila Ferraz de Campos,
nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz, a alimentação saudável é indicada para pacientes com ou
sem a doença, bem como a hidratação com bebidas que não impactam o controle
glicêmico. "A preferência é por águas aromatizadas com rodelas de frutas
(maçã, laranja, limão) ou com ervas e especiarias, como hortelã e canela em
pau. Os picolés recomendados são a base de água e frutas, se possível sem
adição de açúcar".
A nutricionista alerta para o consumo exagerado
da água de coco, devido à interferência na glicemia. Cada 240ml tem em média
10g de carboidrato, logo, não deve ser consumida de forma exagerada, em
substituição à água natural.
"A água de coco interfere nos valores de
glicemia como se estivéssemos ingerindo uma fruta, portanto pode entrar no
planejamento alimentar em substituição a um horário de fruta e não em
substituição a água", afirma a especialista.
Quanto à alimentação saudável, algumas
recomendações podem ser seguidas para que o paciente possa fazer escolhas
assertivas e mais saudáveis.
- Evite jejum prolongado;
- Inicie as refeições por saladas cruas;
- Enfeite os pratos com frutas (evitar as frutas
em calda, pois são ricas em açúcar);
- Inclua cereais integrais;
- Substitua farofas por farofas de soja;
- Preferira preparações assadas, grelhadas e
cozidas;
- Evite os molhos à base de maionese;
- Dê preferência às ervas finas como tempero;
- Evite excessos na escolha da sobremesa.
Escolher um tipo;
- Evite o consumo de bebidas alcoólicas.
Em circunstâncias em que o viajante ficará um
longo período sem comer, recomenda-se realizar um lanche rápido e saudável,
como frutas e iogurte para evitar a hipoglicemia. Além dos medicamentos
ministrados, a atividade física é uma aliada no controle glicêmico, sendo parte
do tratamento e deve ser mantida mesmo quando a pessoa está longe de casa.
Em se tratando de medicações, aqueles com
diabetes tipo 1, portanto dependentes de insulina, devem medir a glicemia cerca
de quatro vezes ao dia. "Caso com a nova rotina o paciente descompense a
glicemia, e seja usuário de insulina, pode haver necessidade de ajuste. Nas férias,
as pessoas costumam se movimentar mais, apesar de se alimentar mais. Portanto,
muitas vezes este ajuste não é necessário", esclarece Dra Tarissa Petry,
endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz.
Como armazenar a insulina
O armazenamento correto dos vidros de insulina
durante o deslocamento é crucial para que o conteúdo não se torne ineficiente.
"Por um período de até sete dias é permitido transportar em condições
não-refrigeradas. Para tanto, devem ser seguidas recomendações médicas e
nutricionais", explica a endocrinologista, que também dá algumas dicas:
- Evite exposição dos frascos ao calor excessivo
(acima de 40ºC), como no porta-luvas de carros;
- Use sempre veículo com isolamento térmico;
- Nunca exponha os frascos de insulina
diretamente ao Sol;
- Sempre que possível, o transporte da medicação
deve ser feito no período noturno, quando não há a exposição à luz solar;
- Não congele o produto;
- Não transporte a insulina com gelo seco;
- Se a insulina estiver em um carro, procure
estacioná-lo na sombra;
- Em viagem de avião, não despache os frascos com
a bagagem, pois a baixa temperatura do compartimento de cargas pode congelar a
insulina. A medicação deve ser transportada junto com a bagagem de mão, dentro
da aeronave;
- Coloque os frascos de insulina em bolsa térmica
ou caixa de isopor;
- Caso não tenha bolsa térmica ou isopor, leve o
frasco em bolsa comum junto a você.
Ao chegar no destino, deve-se armazenar os
frascos de insulina na geladeira. Caso estejam lacrados, a recomendação é
mantê-los entre 2ºC a 8ºC. Se estiverem sendo utilizados, na ausência de
geladeiras, podem também ser mantidos em temperatura ambiente (de 15ºC a 30ºC)
por, no máximo, um mês, em local fresco, sem incidência de luz e oscilações de
temperatura, como próximo ao filtro de água. Mantidos dessa forma o consumo
deve ser feito em até seis meses.
Para evitar exposições a temperaturas inferiores
a 2ºC e consequente congelamento e perda de efeito, o local mais adequado para armazenar
insulinas em geladeira doméstica são as prateleiras do meio para baixo do
refrigerador, ou na gaveta de verduras. A porta da geladeira não é indicada,
pois com as frequentes oscilações de temperaturas provocadas pela abertura
constante do eletrodoméstico pode danificar a insulina. Se for aplicar a
insulina, o indicado é retirá-la da geladeira com 15 a 30 minutos de
antecedência para evitar o desconforto e irritação da pele.
O paciente com diabetes deve manter a rotina da
ingestão dos medicamentos orais mesmo quando fizer viagens longas ou quando há
diferença de fuso horário para evitar esquecimentos. Nestes casos, o que as
especialistas recomendam é que o medicamento seja levado na bagagem de mão. Os
pacientes diabéticos devem estar sempre vigilantes ao controle do índice
glicêmico para desfrutarem de uma viagem tranquila.
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