O
novo Guia Alimentar para
Crianças Menores de 2 anos, do Ministério da Saúde esteve em consulta
pública até 25/08/2018. Conforme descrito no próprio guia, ele “traz
recomendações e informações sobre como alimentar a criança para promover saúde
e desenvolvimento para que alcance todo o seu potencial. Dúvidas mais comuns,
explicações fundamentadas e orientações práticas sobre o aleitamento materno e
a alimentação no começo da vida estão aqui reunidas.”
Essas
recomendações são voltadas para a família, em linguagem acessível e de forma
prática. A versão online ainda é provisória, mas vale a pena ressaltar,
de forma resumida, algumas mudanças apresentadas nos novos DOZE PASSOS PARA
UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL.
“Não
precisamos esperar a sua publicação oficial para dedicarmos atenção a esses 12
itens que podem, também como está no guia, trazer orientações resumidas para
amamentar e alimentar corretamente a criança, com dicas que abrangem também
toda a família”, explica o pediatra e homeopata Moises Chencinski
(CRM-SP 36.349).
Conheçam,
então, os agora dozes passos (eram Dez Passos, lembra?) que podem
realmente fazer a diferença na saúde das crianças e de suas famílias.
- Amamentar até 2 anos ou mais, oferecendo somente o leite materno até 6 meses
O
leite materno é muito importante para a criança até 2 anos ou mais, sendo o
único alimento que a criança deve receber até 6 meses, sem necessidade de água,
chá ou qualquer outro alimento. Começar a amamentação logo após o nascimento,
na primeira hora de vida, traz benefícios para a criança e para a mãe. “A composição
do leite materno é única, personalizada e atende as necessidades nutricionais
da criança conforme a sua idade, protege contra doenças na infância e na vida
adulta, ajuda o desenvolvimento do cérebro e fortalece o vínculo entre mãe e
criança. A existência de uma rede de apoio à mãe que amamenta é importante para
o sucesso da amamentação”, afirma o pediatra.
- Oferecer outros alimentos, além do leite materno, a partir dos 6 meses
O
consumo de outros alimentos além do leite materno passa a ser necessário para o
pleno crescimento e desenvolvimento da criança. Ofereça refeições preparadas
com alimentos in natura e minimamente processados e continue amamentando até os
2 anos ou mais. O número de refeições ao longo do dia e a quantidade de
alimentos oferecidos devem aumentar conforme a criança cresce para suprir suas
necessidades. “Essas refeições podem ser dadas cerca de 3 vezes ao dia aos 6
meses, 4 vezes ao dia, entre 7 e 11 meses, e 5 vezes ao dia, a partir dos 12
meses, podendo variar em função do apetite e da rotina da família. Ao completar
um ano a criança já deve estar fazendo as principais refeições com a família
(café da manhã, almoço e jantar), além de lanches/merenda e do leite materno”,
diz o médico.
- Oferecer água própria para o consumo à criança em vez de sucos, refrigerantes e outras bebidas açucaradas
Água
é alimento e deve fazer parte do hábito alimentar desde o início da oferta dos
outros alimentos. A água é essencial para a hidratação da criança e não deve
ser substituída por nenhum líquido, como chá ou suco, muito menos refrigerante
ou outras bebidas ultraprocessadas. “Habituar a criança a ingerir essas bebidas
açucaradas aumenta a chance de a criança apresentar excesso de peso e cárie
dentária, além de desestimular o consumo de água. Ofereça água para a criança
mesmo sem ela pedir”, recomenda Chencinski.
- Alimentar a criança com alimentos in natura e minimamente processados
A
alimentação da criança deve ser composta por comida de verdade, isto é,
refeições feitas com alimentos in natura e minimamente processados de
diferentes grupos (por exemplo feijões, cereais, raízes e tubérculos, frutas,
legumes e verduras, carnes). “Refeições com maior variedade de alimentos são as
mais adequadas e saudáveis para a criança e toda a família. Varie a oferta de
alimentos ao longo do dia e ao longo da semana”, orienta o pediatra.
- Oferecer a comida na consistência espessa quando a criança começar a comer outros alimentos além do leite materno
A
comida com consistência espessa é a adequada à criança e contribui para seu
desenvolvimento, além de conter mais energia e nutrientes. A mastigação
estimula o desenvolvimento da face e dos ossos da cabeça. Desde o início o
alimento deve ser espesso o suficiente para não “escorrer” da colher. No
início, amassar os alimentos apenas com o garfo e picar bem os alimentos mais
duros, como carnes, é o bastante. “Para deixar na consistência adequada, não
bata no liquidificador e nem peneire os alimentos. Nos meses seguintes, amasse
cada vez menos e comece a oferecê-los em pedaços pequenos. Por volta de um ano,
a criança estará preparada para comer os alimentos com a mesma consistência da
família”, explica Moises Chencinski.
- Não oferecer açúcar à criança até 2 anos de idade
O
consumo de açúcar não é necessário e causa danos à saúde como cáries, obesidade
e doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e câncer. Além disso, acostumar
a criança desde cedo ao sabor excessivamente doce pode causar dificuldade de
aceitação dos alimentos in natura e minimamente processado. “Não inclua na
alimentação da criança nem mel, nem açúcar de qualquer tipo (mascavo, demerara,
cristal ou refinado (“branco”) rapadura, melaço), nem ofereça preparações e
produtos prontos que contenham algum desses ingredientes. Os adoçantes (em pó
ou líquido) também não devem ser usados na alimentação da criança até 2 anos,
pois contém substâncias químicas não adequadas nesta fase da vida”, diz o
pediatra.
- Não oferecer alimentos ultraprocessados para a criança
Esses
alimentos são pobres em nutrientes e contêm muito sal, gordura e açúcar, além
de aditivos, como adoçantes, corantes e conservantes. O consumo desses
alimentos pode levar a problemas como hipertensão, doenças do coração,
diabetes, obesidade, cárie dentária e câncer. Eles também geram impactos no
meio ambiente, tanto no seu processo de fabricação nas indústrias como na
geração de lixo das embalagens, e na cultura alimentar, por restringir as
práticas alimentares das famílias. “Os ultraprocessados são vendidos em
embalagens atrativas e com rótulos que descrevem a sua composição. Na sua lista
de ingredientes é comum encontrar 5 ou mais itens pouco conhecidos, muitos
deles, com nomes estranhos e que não são utilizados na cozinha de casa. Fique
atento, pois alguns alimentos ultraprocessados são vistos como alimentos
infantis e saudáveis e frequentemente oferecidos às crianças”, alerta o médico.
- Cozinhar para a família e para a criança a mesma comida usando alimentos in natura e minimamente processados
A
chegada de uma criança é a chance de melhorar a alimentação de toda a família.
Preparar a mesma comida para todos, com alimentos in natura e minimamente
processados, sem excesso de gordura, sal e condimentos, agiliza o dia a dia na
cozinha e é uma oportunidade de oferecer uma alimentação adequada e saudável à
família e à criança. “Planejar a alimentação da semana, organizar as compras
para ter os alimentos em casa e usar técnicas como congelar parte dos alimentos
são estratégias que facilitam o cozinhar e garantem comida de verdade todos os
dias e em todas as refeições”, observa Moises Chencinski.
- Zelar para que a hora da alimentação da criança seja um momento experiências positivas, aprendizado e afeto
A
criança desde cedo é capaz de comunicar quando quer se alimentar ou quando já
está satisfeita. Os sinais de fome e saciedade devem ser reconhecidos e
respondidos de forma ativa e carinhosa. Alimentar a criança é um processo que
demanda paciência e tempo. Estimule a criança a comer, mas sem forçá-la, nem
mesmo quando ela estiver doente. “Além da comida que vai no prato, o modo como
ela é dada à criança também é importante. Dê atenção à criança e evite
distrações como televisão, celular, computador ou tablet nesta hora, pois podem
dispersar a criança, tirando o foco do alimento em seu momento. O prazer da
alimentação está nos sabores, odores e na forma como a comida é oferecida”,
afirma o pediatra.
- Cuidar da higiene em todas as etapas da alimentação da criança
Cuidados
com a alimentação e a higiene previnem doenças na criança e na família. “Lave
as mãos sempre que for cozinhar, alimentar, cuidar da criança, depois de usar o
banheiro, de trocar a fralda e de realizar outras tarefas no cuidado da casa.
Quando a criança for comer, também lave as mãos dela”, recomenda Chencinski.
- Oferecer à criança alimentação adequada e saudável também fora de casa
É
possível manter a alimentação saudável fora de casa. Em passeios, festas e
quando for às consultas com a equipe de saúde, continue ofertando os alimentos
que a criança come em casa, pois alimentos in natura ou minimamente processados
podem ficar até 2 horas em temperatura ambiente. Mesmo o almoço e o jantar
podem ser levados em recipientes térmicos. “Informe-se sobre os alimentos
ofertados em creches e outros espaços de cuidado da criança e converse a
respeito da prática de uma alimentação adequada e saudável com as pessoas
envolvidas nesse cuidado”, afirma o pediatra.
- Proteger a criança da publicidade de alimentos
A
criança facilmente confunde a realidade, programas televisivos e publicidade,
não sabendo distinguir um do outro. Isto ocorre porque ela não tem desenvolvida
a capacidade de julgamento e decisão e confunde a realidade com a ficção da
publicidade. “É crucial que ela seja protegida, evitando ao máximo a sua
exposição à publicidade. Este é um dever de todos. Crianças menores de 2 anos
não devem utilizar televisão, celular, computador e tablet”, recomenda o
médico.
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