Problema
representa 11,19% de todos os benefícios concedidos pelo INSS no ano passado
Dados preliminares
do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) indicam que ao menos 22.029
trabalhadores precisaram ficar mais de 15 dias de suas atividades em 2017 por
causa de algum tipo de doença relacionada com as lesões por esforço repetitivo e distúrbios osteomusculares (LER/Dort).
O número representa 11,19% de todos os benefícios concedidos pelo INSS no ano
passado.
As doenças
relacionadas às LER/Dort são caracterizadas pelo desgaste de estruturas do
sistema músculo-esquelético que atingem várias categorias profissionais.
Geralmente são provocadas por movimentos contínuos com sobrecarga dos nervos,
músculos e tendões.
Das 20
principais causas de afastamento das atividades profissionais por adoecimento
no trabalho em 2017, três se enquadram nessa denominação: lesões no ombro,
sinovite (inflamação em uma articulação) e tenossinovite (inflamação ou
infecção no tecido que cobre o tendão) e mononeuropatias dos membros superiores
(lesão no nervo periférico).
Nessa última, a
mais comum é a doença conhecida como Síndrome do Túnel do Carpo, resultante da
compressão interna do nervo mediano na altura do punho, problema comum em
pessoas que fazem movimentos repetitivos em alta velocidade ou associados com
força, como digitar, tocar instrumentos musicais, torcer roupas e picar
alimentos em cozinhas industriais.
20 principais causas de afastamento por adoecimento no trabalho
em 2017*
|
Total
|
Dorsalgia
|
12.073
|
Lesões do ombro
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10.888
|
Sinovite e tenossinovite
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4.521
|
Mononeuropatias dos membros superiores
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3.853
|
Outros transtornos de discos intervertebrais
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3.221
|
Reações ao "stress" grave e transtornos de adaptação
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3.170
|
Transtornos internos dos joelhos
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2.365
|
Outros transtornos ansiosos
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2.310
|
Episódios depressivos
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2.189
|
Outras entesopatias
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1.620
|
Outros transtornos articulares não classificados em outra parte
|
1.472
|
Hérnia inguinal
|
1.457
|
Transtorno depressivo recorrente
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797
|
Varizes dos membros inferiores
|
537
|
Hérnia umbilical
|
456
|
Outros transtornos dos tecidos moles, não classificados em outra
parte
|
415
|
Gonartrose [artrose do joelho]
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410
|
Transtorno afetivo bipolar
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364
|
Transtornos dos discos cervicais
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317
|
Tuberculose respiratória, com confirmação bacteriológica e
histológica
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232
|
Total de benefícios concedidos por adoecimento no trabalho
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64.050
|
Fonte: INSS
|
* Os números referem-se aos afastamentos com mais de 15 dias. Os
dados são preliminares.
O
auditor-fiscal do Trabalho Jeferson Seidler explica que embora sejam doenças
mais comuns em trabalhadores que realizam tarefas repetitivas e contínuas, que
exigem força, desvio do punho ou elevação dos braços acima da linha dos ombros,
o estresse também pode propiciar o surgimento do problema. “São as situações
que costumamos classificar como riscos psicossociais, como pressão excessiva
por metas, metas inalcançáveis, rigor exacerbado no controle das tarefas,
pressão das chefias, chegando até a assédio moral em alguns casos”, pondera.
Essas
situações têm sido frequentemente associadas ao trabalho em bancos, supermercados,
frigoríficos, telemarketing e cozinhas (restaurantes, catering) e nas
indústrias eletroeletrônica, de veículos, têxtil e calçadista. Em termos de
taxas – proporção de casos em relação aos expostos aos riscos –, destaca-se a
fabricação de aparelhos de recepção, reprodução, gravação e amplificação de
áudio e vídeo. Nessa área foram registrados, em 2017, 14 casos de afastamento
por mil trabalhadores.
Prevenção
Os
principais prejudicados com as ocorrências de LER/Dort são os trabalhadores.
Mas os empregadores também têm prejuízos quando o INSS precisa afastar os
empregados das tarefas diárias. Se somados todos os dias que os trabalhadores
ficaram afastados das tarefas profissionais em 2017 por causa de alguma doença
relacionada a esses dois problemas, o número chegaria a 2,59 milhões de dias de
trabalho perdidos.
Por
isso, a prevenção é a maneira mais eficaz de resolver o problema. Seidler
explica que o primeiro passo deve ser uma avaliação ergonômica do trabalho e a
adequação dos problemas encontrados. Isso é tão importante que foi criada uma
norma regulamentadora para tratar especificamente do tema, a NR- 17.
Além
disso, uma avaliação médica específica, com inventário de queixas nos setores
de maior risco, pode identificar precocemente os primeiros casos e alertar para
a necessidade de adequar as medidas preventivas. “O empregador precisa
organizar o trabalho de tal forma que o trabalhador não adoeça. E não tem como
fazer isso sem avaliar o ambiente e tomar medidas que garantam a saúde dos seus
empregados”, explica.
Além
disso, há as ações complementares que podem ser adotadas. Entre elas estão as
pausas para alongamento e recuperação, aquecimento, exercícios de alongamento
antes e depois do trabalho e a ginástica laboral. “Apesar de ser muito importante,
a ginástica laboral não tem a capacidade de resolver sozinha os problemas
ergonômicos que levam à ocorrência de LER/Dort. É apenas parte da solução, e
uma parte complementar”, afirma o auditor.
Canpat 2018
O Ministério do Trabalho lançou em abril a Campanha Nacional de
Prevenção de Acidentes de Trabalho (Canpat), que se estende até novembro. O
objetivo é chamar atenção para a prevenção de acidentes e adoecimentos que
vitimam trabalhadores diariamente. Em 2017, de acordo com números preliminares
do INSS, foram concedidos 196.754 benefícios a trabalhadores que precisaram ser
afastados das atividades profissionais por mais de 15 dias devido a algum
problema de saúde ocasionado pelo trabalho. A média foi de 539 afastamentos por
dia.
O ministro do Trabalho, Helton Yomura, lembra que a intenção é
conscientizar empregadores, trabalhadores e toda a sociedade sobre a
necessidade de observar as normas de segurança e saúde no ambiente de trabalho.
“Precisamos olhar para esse tema com a importância que ele merece. Ter
ambientes de trabalho seguros e saudáveis é importante tanto para o trabalhador
quanto para o empregador, com benefícios que alcançam todos os brasileiros,
economicamente ativos ou não”, destaca.
Ministério
do Trabalho
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