De acordo com o Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), menos de 40% dos brasileiros praticam algum
esporte ou atividade física. Também entre as crianças, por conta dos
entretenimentos tecnológicos, como computadores, vídeo games, celulares e
tablets, os exercícios físicos têm menos frequência. Porém, conforme o Dr.
Felippi Cordeiro, ortopedista pediátrico e neuromuscular, os esportes, se
respeitando as habilidades e capacidades desejadas, é um meio importante de
desenvolvimento infantil. “A escolha da atividade física para as crianças
depende muito da fase neurológica de cada uma. Esse desenvolvimento é um
processo complexo e contínuo que abrange vários domínios, como parte física e
muscular, neurológica, cognitiva e psicossocial”, explica.
Segundo o especialista, abaixo dos
quatro anos de idade, geralmente as crianças podem praticar atividades lúdicas
para diversão, sem qualquer expectativa de ganho de habilidades específicas. A
natação, muito recomendada nesta idade, pode ser realizada, mas apenas com a
finalidade de contato com a água e interação com os pais e outras crianças, já
que não existem estudos que comprovem que, quanto mais cedo se inicia, menores
os riscos de afogamento no futuro. Já na idade pré-escolar, de cinco a oito
anos, as crianças conseguem se lembrar de regras simples e se adaptam
facilmente a esportes e jogos que exigem habilidades de tomada de decisão.
Nessa faixa etária, elas nem sempre entendem o propósito competitivo do jogo.
Após os nove anos, a maioria das crianças está madura o suficiente para
compreender as complexas tarefas dos esportes e está fisicamente e cognitivamente
pronta para participar e competir na maioria dos campeonatos. “A participação
esportiva é geralmente uma experiência positiva para crianças e adolescentes e
deve ser incentivada. No entanto, para evitar contratempos, a participação
precisa ser adequada ao estágio de desenvolvimento e aos interesses e
habilidades pessoais. Não deve ser um reflexo dos sonhos dos pais, nem das
expectativas da sociedade”, aconselha Dr. Felippi.
Todas as
crianças podem participar de algum nível de atividade física. No entanto, se
houver alguma deficiência física, cognitiva, comportamental, social ou
emocional, algumas adaptações assistênciais podem ser necessárias. Também é
preciso tomar cuidado com as lesões, já que há imaturidade no
neurodesenvolvimento. “Elas podem não ter as habilidades motoras e nem
cognitivas para compreender as demandas e os riscos de um esporte. Outro ponto
são os pais e treinadores que, às vezes, exigem das crianças irem além dos
limites, resultando em lesões físicas e psicológicas. O excesso leva a alterações
fisiológicas e anatômicas, como alterações na cartilagem de crescimento, tanto
por eventos traumáticos agudos, quanto por traumas repetitivos”, esclarece o
ortopedista.
Para evitar essas lesões do esporte,
a prática deve ser adequada ao estágio de desenvolvimento da criança. “Em
esportes de contato, as crianças estão sujeitas a lesões traumáticas, como
quedas, fraturas, entorses, entre outras. Por isso, é importante que cada uma
esteja adaptada e seja assistida por profissionais que compreendam o nível de
competividade e exigência a qual ela pode ser submetida”, alerta. “Diferentes áreas de desenvolvimento, como somático,
neurológico, cognitivo e psicossocial, funcionam de forma integrada e
interdependente e devem ser consideradas em conjunto à medida que se olha para
o desempenho geral da criança e do adolescente no esporte”, finaliza Dr.
Felippi Cordeiro.
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