Aumento de peso, dietas ricas em sódio e proteína são fatores de risco
para o desenvolvimento de cálculos renais
A cólica
renal é um sintoma agudo da existência dos cálculos renais (pedras nos rins).
Trata-se de uma dor intermitente na região lombar, que começa subitamente e
pode irradiar para a lateral do abdômen e região genital. A dor é caracterizada
pelo seu aumento progressivo de intensidade, seguido de alívio para depois se
agravar novamente.
Os
sintomas têm início quando o cálculo renal sai do rim e obstrui o canal da
urina, causando uma dilatação renal e provocando dores intensas, que em alguns
casos geram calafrios, náusea, vômitos e sangue na urina. Muitas vezes, é
necessária a internação e avaliação do urologista quanto a necessidade de
realizar ou não o procedimento cirúrgico endoscópico imediato.
Muitas
pessoas podem apresentar pedra nos rins sem nenhum tipo de sintoma, já que a
cólica acontece apenas quando o cálculo renal migra para o ureter (canal por onde
a urina produzida no rim chega a bexiga). Dessa forma, as pedras enquanto não
obstruem os rins não causam dor, mas podem ser responsáveis por infecção
urinária de repetição e perda progressiva de função renal (nos casos de pedras
maiores). Porém, quando ocorre essa obstrução, a dor é extremamente intensa por que há uma distensão
rápida do rim e do ureter. Essa distensão acontece porque o rim continua
produzindo urina e o canal obstruído não permite a sua passagem para a bexiga.
De
acordo com o Dr. Luiz Renato Montez Guidoni, urologista da Clínica Guidoni,
pelo menos 60% dos pacientes que experimentam a desagradável cólica renal tem
antecedente familiar com formação de pedras nos rins. Além disso, pacientes com
alteração de ácido úrico, com ganho de peso e aqueles que
consomem pouca água, muito sal e/ou proteína tem maior propensão a formação de
cálculos. Importante salientar que essa obstrução renal não tratada pode
acarretar na perda da função dos rins.
Mas o que são esses
cálculos?
Conhecidos
popularmente como pedra nos rins, são formações endurecidas de minerais e
outras substâncias existentes nos rins ou nas vias urinárias, na maior parte
das vezes formado por oxalato de cálcio, fosfato de cálcio e ácido úrico.
Aproximadamente uma em cada 11 pessoas apresentarão cólica renal durante a
vida. Essa estatística vem aumentando bastante por conta do aumento de peso da
população e de uma dieta rica em sódio e pouca ingestão de líquidos. Para se
ter uma ideia, eram 3% em 1976, 5% em 1994 e em 2010 já subiu para 9%. Em
termos de gênero, antigamente a proporção era de uma mulher a cada três homens,
mas hoje essa proporção está se aproximando de uma para cada 1,5.
Em
pacientes com dores, o diagnóstico é feito por meio de uma tomografia de
abdômen e pelve sem contraste. Já nos pacientes sem dor, a realização de
ultrassonografia (USG) de rins e vias urinárias já indica a existência do
problema.
Para
tratar as pedras que estão nos rins (nos pacientes sem dor aguda) existem 3
tipos de procedimentos:
- Nefrolitotripsia
percutânea é a forma menos agressiva de tratamento para cálculos renais
grandes, acima de 2,5cm, também chamados de coraliformes. Indicado quando há
dificuldade para tratamento pela fragmentação com procedimento flexível
endoscópico ou com os aparelhos de Litotripsia extracorpórea (LECO).
Atualmente, com a melhora da qualidade dos endoscópios flexíveis e dos
aparelhos de laser, a maior parte das cirurgias percutâneas estão sendo
substituídas pela ureterorrenolitotripsia flexível, mesmo que seja necessário
mais de um procedimento endoscópico para a resolução total dos cálculos.
-
Ureterolitotripsia flexível com a colocação de cateter duplo J é uma cirurgia
que tem como objetivo a fragmentação e retirada de cálculos do rim por método
endoscópico, sem a necessidade de incisões (cortes). O procedimento consiste em
introduzir uma micro câmera pela uretra atingindo a bexiga e seguindo em
direção ao rim pelo ureter até a identificação dos cálculos, que são
fragmentados por laser e retirados. Ao final da cirurgia, é necessária a
colocação de um cateter chamado duplo J. As vantagens desse procedimento em
relação a LECO (litotripsia extracorpórea) são: possibilidade de fragmentação e
retirada dos cálculos maiores de uma só vez, eliminar vários cálculos em
diferentes posições do rim e poder ser realizado em pacientes com sobrepeso e
em uso de anticoagulantes.
-
Litotripsia Extracorpórea para Ondas de Choque, também conhecida como
Litotripsia, “Implosão”, LEOC ou LECO é um procedimento terapêutico externo
(sem cortes e sem endoscopia) para fragmentar (quebrar) cálculos das vias
urinárias por meio de ondas mecânicas de choque. Ela é realizada de forma
ambulatorial. Após o avanço nas cirurgias endoscópicas, com o advento do
ureteroscópio flexível, diminuíram muito as indicações da Litotripsia
extracorpórea, visto que ela fragmenta apenas um cálculo por sessão e depende
do paciente para eliminar os fragmentos nos 15 dias sequentes, enquanto que na
Litotripsia flexível (realizada com ureteroscópio flexível) são quebradas e
retiradas várias pedras em um único procedimento. É indicada para pacientes
apresentando cálculo único, de densidade baixa (menos duras) e localizadas na
parte superior ou média do rim.
Para
evitar o problema, o Dr. Guidoni indica a ingestão de líquidos e o consumo
moderado de sal e de proteína. “O uso indiscriminado de suplemento de proteína,
dieta a base de proteína e shakes para emagrecimento, podem favorecer a
formação dessas pedras. Por isso, o ideal é evitar o uso ou pelo menos moderar
o uso dessas substâncias e aumentar o consumo de água. Um bom modo de entender
se estamos consumindo água de forma adequada é observarmos a cor e odor da
urina: quando ambos estão mais fortes, está faltando água!”, finaliza Guidoni.
Luiz Renato Montez Guidoni / CRM 109022 - Urologista titular da Sociedade Brasileira de Urologia. Membro da
Associação Americana de Urologia (AUA). Membro da Sociedade Mundial de
Endourologia (Endourological Society).Coordenador de Equipe de Urologia do
Hospital São Luiz Anália Franco. Médico dos hospitais Samaritano, Oswaldo Cruz,
Villa Lobos, Sírio Libanês e Albert Einstein.
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