Doença
inflamatória e crônica, a asma acompanha o paciente durante toda a vida
As
doenças crônicas são uma das principais preocupações na área da saúde pública.
Por não terem cura, essas doenças exigem um cuidado constante e acompanhamento
médico, e caso não sejam tratadas adequadamente podem causar complicações,
levando a internações e até ao óbito. Os dados do Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) de 2015i apontam que as enfermidades crônicas não
transmissíveis foram a causa de cerca de 72,6% das mortes no Brasil. Um exemplo
é a asma, popularmente conhecida como "bronquite asmática", uma
doença inflamatória de causa alérgica que leva à falta de ar e chiado no peito.
Ela provoca sérios impactos sobre a vida do paciente, tais como limitação para
atividades físicas e esportivas, perda da qualidade do sono e emergências
desnecessárias. Como todas as doenças crônicas, a asma acompanha o paciente
durante toda a vida, podendo se expressar e ter impactos diferentes em cada
faixa etária.
INFÂNCIA
A
asma costuma se manifestar durante a infânciaii, embora também seja
possível que uma pessoa viva sem apresentar os sintomas até a vida adulta ou
idade mais avançada. Assim, é fundamental identificar os sinais da doença e
procurar um especialista para cuidados adequados. Durante os primeiros anos de
vida, a asma causa maior impacto na qualidade de vida do paciente, porque as
crianças são mais frágeis e o sistema imunológico delas costuma ser mais fraco.
Os pequenos estão mais suscetíveis às doenças virais e bacterianas e, quando
começam a frequentar a escola, é comum que fiquem mais gripadas. Para os bebês
e crianças que já têm a predisposição genética a desenvolver asma, todos esses
fatores se tornam riscos à saúde.
No
caso dos bebês, "a
amamentação é extremamente importante, porque aumenta a proteção do bebê contra
vírus respiratórios, que são os gatilhos de crises de asma nessa fase",
explica a Dra. Iara Fiks, pneumologista, doutora pela faculdade de medicina da
USP. A asma na idade infantil pode limitar as brincadeiras dos pequenos,
provocar faltas às aulas e prejudicar o rendimento escolar. Além disso, é
preciso estar atento aos fatores de risco para a doença. Alérgenos (como ácaro,
poeira, mofo e pelos de animais), poluição, ambientes fechados, produtos
químicos com odores fortes e mudanças climáticas são outros elementos
desencadeadores das crises de asma em todas as idades.
VIDA ADULTA
Muitos
casos de asma na infância entram num período de remissão espontânea, isto é, os
pacientes não apresentam mais os sintomas de falta de ar e crises. Geralmente,
os pacientes e familiares interpretam como cura e abandonam o tratamento e o
acompanhamento médico. A asma não tem cura, mas é possível ter controle total
da doença. Mesmo sem apresentar crises frequentes, o paciente pode manifestar a
asma, principalmente durante as mudanças de estação, em casos de infecções
respiratórias e após exercícios físicos rigorosos. A obesidade e o estresse
estão relacionados com a piora da asma em todas as idades. No caso dos adultos,
há mais fatores de risco associados, como o tabagismo e refluxo
gastroesofágico.
TERCEIRA IDADE
Nos
idosos, a asma volta a ser preocupante. "Com
a idade, a musculatura dos pulmões perde a elasticidade e a respiração se torna
mais difícil, provocando cansaço. O sistema imunológico dos idosos é mais
frágil, o que dificulta a identificação da asma. A doença apresenta sintomas
similares aos de doenças cardíacas e outras doenças respiratórias e seus
indícios podem ser confundidos com sinais de envelhecimento. Por isso, a asma
costuma ser subdiagnosticada nos idosos", explica a Dra. Iara.
Todos
esses elementos, somados à condição genética para o desenvolvimento da asma e a
exposição aos fatores de risco, como tabagismo e poluição, podem aumentar a
frequência de crises da doença. A partir dos 60 anos a preservação da
capacidade respiratória geralmente causa implicações para a qualidade de vida
desses pacientes, porque a boa respiração está relacionada com a capacidade de
trabalhar e ser independenteiii.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO EM TODAS AS IDADES
Quando
tratada adequadamente, a asma pode ter seus sintomas controlados – o que
confere uma melhor qualidade de vida e nenhum impacto na rotina do paciente em
qualquer fase da vida. A Dra. Iara Fiks ressalta que, apesar do diagnóstico ser
mais difícil em crianças com até 5 anosiv, é importante não
negligenciar sinais de qual algo está errado. A GINA (Iniciativa Global para
Asma)v determina alguns sinais de que o paciente não tem a asma
controlada, caso os apresente nas últimas quatro semanas: apresentar sintomas
mais de duas vezes por semana, ter problemas para dormir, utilizar medicamento
de resgate mais de duas vezes por semana e ter limitações na rotina devido à
asma."Quando a pessoa
apresenta esses sinais de forma recorrente, é importante procurar um
especialista para ter o diagnóstico correto", reforça a
especialista. Para identificar a asma, crianças a partir dos 6 anos podem
realizar o exame de espirometriaiv, conhecido como teste do sopro.
Iara.
Referências:
i Ministério da Saúde. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/671-secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/doencas-cronicas-nao-transmissiveis/14125-vigilancia-das-doencas-cronicas-nao-transmissiveis.
Acesso em janeiro de 2018.
ii de Borba, Regina IH, and Cynthia A. Sarti. "A asma
infantil e o mundo social e familiar da criança." Rev. bras. alergia imunopatol
28.5 (2005): 249-254. Disponível em: http://www.sbai.org.br/revistas/Vol285/asma_intantil.pdf
iii Rosa, Tereza Etsuko da Costa, et al. "Fatores
determinantes da capacidade funcional entre idosos." Revista de saúde
pública (2003). Disponível em: http://www.scielosp.org/pdf/rsp/v37n1/13543.pdf/RK%3D0.0bR4nKeONXu.hB7t7GfYWQ
iv Alvim, Cristina Gonçalves, and Cláudia Ribeiro de Andrade.
"Asma na criança e no adolescente: diagnóstico, classificação e
tratamento." Grupo de Pneumologia Pediátrica do Departamento de Pediatria
da FM/UFMG (2013). Disponível em: http://ftp.medicina.ufmg.br/ped/Arquivos/2014/asma_12_08_2014.pdf
v
Iniciativa Global Contra a Asma. Disponível em: http://www.ginanobrasil.org.br/.
Acesso em janeiro de 2018.
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