A
incidência da esporotricose em áreas urbanas chama atenção para a necessidade
de ações de controle e prevenção da doença, com o objetivo de minimizar os
riscos à população. A micose, que atinge principalmente os gatos, pode ser
transmitida às pessoas e deve ser tratada adequadamente para evitar a sua
proliferação.
Em
Guarulhos, onde a notificação da doença é compulsória, já foram registrados 76
casos da esporotricose em animais, apenas neste ano. Em 2017, foram 742 notificações,
contra 490 no ano anterior, totalizando um aumento de 51% no número de
ocorrências. Desde 2011, somam-se 125 casos suspeitos da doença em humanos. Os
dados foram fornecidos pelo médico-veterinário Dr. Wilson Mansho, do Centro de
Controle de Zoonoses de Guarulhos.
De
acordo com a médica-veterinária Adriana Maria Lopes Vieira, presidente da
Comissão de Saúde Pública Veterinária do Conselho Regional de Medicina
Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), a falta de dados e informações
oficiais nas demais cidades dificulta o planejamento de ações de vigilância e
controle desta enfermidade, tanto em humanos quanto nos animais. “Desta forma,
não há como avaliar a amplitude da doença no Estado” observa.
Para
os casos em outras cidades, sugere-se que, mesmo não sendo obrigatória, seja
feita notificação pelo e-mail cievs@saude.gov.br.
Sintomas e tratamento
A
esporotricose é causada pelo fungo Sporothrix
sppi. O principal sintoma da doença nos gatos são feridas profundas
na pele, de difícil cicatrização, localizadas principalmente na região da
cabeça, das patas e da cauda. Sinais respiratórios, como espirros, também podem
ser observados.
A
médica-veterinária alerta para a importância dos tutores manterem os gatos
domiciliados, ou seja, dentro de casa. Por terem o hábito de cavar a terra e
arranhar árvores, os felinos estão mais sujeitos a entrarem em contato com o
fungo e contraírem a micose.
Ao
perceber qualquer sinal de que o gato possa estar infectado, o tutor deve
levá-lo imediatamente a um médico-veterinário. Se a doença for confirmada, será
necessário realizar o tratamento do animal, que consiste na administração de um
antifúngico por cerca de seis meses, dependendo do caso. Vale lembrar que, se
não for tratada adequadamente, a doença pode levar à morte do gato.
Uma
das melhores formas de evitar a propagação da esporotricose é a adesão e o
comprometimento dos tutores com o tratamento, explica a Dra. Adriana. Mesmo que
se observe a melhora dos sintomas, é imprescindível seguir o tratamento até o
fim. Só assim é possível garantir a interrupção do ciclo de transmissão da
doença. Por isso, é importante que seja feito o acompanhamento de um
médico-veterinário.
Como
se trata de uma zoonose, a esporotricose também pode ser transmitida aos seres
humanos. O contágio se dá, principalmente, quando uma pessoa é mordida ou
arranhada por um animal infectado. As lesões na pele são os principais sintomas
e o tratamento também é feito com medicamento antifúngico.
Urbanização
A
esporotricose foi considerada por muito tempo uma doença ocupacional, associada
a atividades de agricultura e floricultura, sendo conhecida como a “doença do
jardineiro”. A infecção era geralmente causada a partir do contato com solo,
plantas ou matéria orgânica contaminada.
Com
o avanço das cidades houve uma diminuição do contato direto das pessoas com o
fungo causador da esporotricose. Por outro lado, pôde-se observar um aumento no
número de gatos infectados, que passaram a atuar de forma mais consistente como
intermediários no ciclo de transmissão da doença.
Prevenção
Para
evitar o contágio é preciso adotar algumas precauções, como:
·
utilizar
luvas em atividades de jardinagem ou afins;
·
manter
os animais domiciliados;
·
manter
uma boa higienização do ambiente;
·
tratar
e não abandonar os animais doentes;
·
castrar
os felinos.
A
Dra. Adriana ressalta ainda que é preciso dar a destinação adequada aos animais
que evoluírem para óbito. “Não é recomendado enterrar ou jogar o corpo em
terrenos baldios, por exemplo” orienta. O correto, neste caso, é entrar em
contato com o órgão responsável na cidade para recolhimento da carcaça.
CRMV-SP
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