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sexta-feira, 2 de março de 2018

Incidência da esporotricose em áreas urbanas exige atenção por parte dos tutores de gatos



A incidência da esporotricose em áreas urbanas chama atenção para a necessidade de ações de controle e prevenção da doença, com o objetivo de minimizar os riscos à população. A micose, que atinge principalmente os gatos, pode ser transmitida às pessoas e deve ser tratada adequadamente para evitar a sua proliferação.

Em Guarulhos, onde a notificação da doença é compulsória, já foram registrados 76 casos da esporotricose em animais, apenas neste ano. Em 2017, foram 742 notificações, contra 490 no ano anterior, totalizando um aumento de 51% no número de ocorrências. Desde 2011, somam-se 125 casos suspeitos da doença em humanos. Os dados foram fornecidos pelo médico-veterinário Dr. Wilson Mansho, do Centro de Controle de Zoonoses de Guarulhos.

De acordo com a médica-veterinária Adriana Maria Lopes Vieira, presidente da Comissão de Saúde Pública Veterinária do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), a falta de dados e informações oficiais nas demais cidades dificulta o planejamento de ações de vigilância e controle desta enfermidade, tanto em humanos quanto nos animais. “Desta forma, não há como avaliar a amplitude da doença no Estado” observa.

Para os casos em outras cidades, sugere-se que, mesmo não sendo obrigatória, seja feita notificação pelo e-mail cievs@saude.gov.br.


Sintomas e tratamento

A esporotricose é causada pelo fungo Sporothrix sppi. O principal sintoma da doença nos gatos são feridas profundas na pele, de difícil cicatrização, localizadas principalmente na região da cabeça, das patas e da cauda. Sinais respiratórios, como espirros, também podem ser observados.

A médica-veterinária alerta para a importância dos tutores manterem os gatos domiciliados, ou seja, dentro de casa. Por terem o hábito de cavar a terra e arranhar árvores, os felinos estão mais sujeitos a entrarem em contato com o fungo e contraírem a micose.

Ao perceber qualquer sinal de que o gato possa estar infectado, o tutor deve levá-lo imediatamente a um médico-veterinário. Se a doença for confirmada, será necessário realizar o tratamento do animal, que consiste na administração de um antifúngico por cerca de seis meses, dependendo do caso. Vale lembrar que, se não for tratada adequadamente, a doença pode levar à morte do gato.

Uma das melhores formas de evitar a propagação da esporotricose é a adesão e o comprometimento dos tutores com o tratamento, explica a Dra. Adriana. Mesmo que se observe a melhora dos sintomas, é imprescindível seguir o tratamento até o fim. Só assim é possível garantir a interrupção do ciclo de transmissão da doença. Por isso, é importante que seja feito o acompanhamento de um médico-veterinário.

Como se trata de uma zoonose, a esporotricose também pode ser transmitida aos seres humanos. O contágio se dá, principalmente, quando uma pessoa é mordida ou arranhada por um animal infectado. As lesões na pele são os principais sintomas e o tratamento também é feito com medicamento antifúngico.


Urbanização

A esporotricose foi considerada por muito tempo uma doença ocupacional, associada a atividades de agricultura e floricultura, sendo conhecida como a “doença do jardineiro”. A infecção era geralmente causada a partir do contato com solo, plantas ou matéria orgânica contaminada.

Com o avanço das cidades houve uma diminuição do contato direto das pessoas com o fungo causador da esporotricose. Por outro lado, pôde-se observar um aumento no número de gatos infectados, que passaram a atuar de forma mais consistente como intermediários no ciclo de transmissão da doença.


Prevenção

Para evitar o contágio é preciso adotar algumas precauções, como:

·         utilizar luvas em atividades de jardinagem ou afins;

·         manter os animais domiciliados; 

·         manter uma boa higienização do ambiente;

·         tratar e não abandonar os animais doentes;

·         castrar os felinos.

A Dra. Adriana ressalta ainda que é preciso dar a destinação adequada aos animais que evoluírem para óbito. “Não é recomendado enterrar ou jogar o corpo em terrenos baldios, por exemplo” orienta. O correto, neste caso, é entrar em contato com o órgão responsável na cidade para recolhimento da carcaça.






CRMV-SP


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