São muitas as razões pelas quais uma mulher sem um companheiro procura uma “produção independente”, mas a principal delas é a idade que já está avançando combinada com a falta de um futuro pai ideal que não surgiu no decorrer da vida. Um pai que preencha as qualidades necessárias para criar seu filho. A maioria delas são mulheres independentes financeiramente que já conquistaram seu espaço profissional e adquiriram os bens materiais que desejaram, mas se sentem incompletas pela impossibilidade imediata, ou próxima, de formar sua própria família.
Se já é possível imaginar a frustração e o sentimento de isolamento de uma mulher casada, em relação às outras, quando não consegue engravidar, pode-se compreender a maior intensidade deste sentimento e o quanto deve ser pior esta sensação quando ela for solteira. Uma vez que na maioria das vezes não tem com quem compartilhar este anseio, com quem decidir ou chorar. Ter a proteção de um parceiro ajuda a suportar melhor o desgaste da frustração.
Para as mulheres solteiras que desejam ter filhos o apoio familiar é fundamental e a maioria delas conta com ele. Entretanto, algumas delas não encontram esta cumplicidade, pois, nestes casos, estas pessoas próximas acreditam que ser mãe solteira é errado, e nem sempre por motivos religiosos ou preconceituosos, mas por acreditarem que criar um filho sozinha é uma tarefa árdua e até desnecessária.
Argumentam que um filho deve ter pai e mãe. Mas no fim, o que acontece, na maioria das vezes, é que a presença de um bebê acaba unindo a família em volta deste pequeno ser que irá receber manifestações de amor e de carinho.
Estas situações são interessantes e lembram algumas que já vivenciei em minha vida profissional: adolescentes descuidadas que engravidaram precocemente e de início foram repudiadas pelos pais que negaram a compreensão e o diálogo com suas com suas filhas durante a gestação. A mãe questionava inicialmente este descontrole e irresponsabilidade de sua filha, mas depois a protegia enquanto a sua emoção de futura vovó aumentava com o passar dos meses da gravidez.
Com o nascimento, o pai, antes considerado durão, também amolecia, se derretia e passava a ser o protetor número um desta mãe e do seu neto.
As grávidas solteiras sem este apoio inicial da família, passam por este mesmo duro processo, mas com o passar do tempo o sentimento familiar prevalecerá. A decisão de ser “mãe solteira” exige muita coragem e determinação, pois além das dificuldades evidentes de ter um papel duplo na família (pai e mãe) enfrentarão os preconceitos naturais desta atitude com os comentários e as reações espontâneas de pessoas. Muitas vezes inadequados, como por exemplo, se a gestação foi intencionada ou não, quem é o pai, o que aconteceu com ele, entre outros questionamentos.
É sempre bom lembrar àquelas jovens que só pensam na maternidade no futuro, que se não encontrarem o seu “par desejado” até determinada idade, terão seus filhos desta forma independente. O congelamento de óvulos antes dos 35 anos é uma alternativa que poderá, de alguma forma, proteger a sua fertilidade até que sua “cara metade” apareça. Não importa em qual idade: 38, 40, 42, 43… 45…. 48…, a fertilidade estará preservada e o tempo de ser mãe poderá ser decidido sob o domínio do equilíbrio, sem pressões psicológicas.
Arnaldo Schizzi Cambiaghi - Diretor do
Centro de reprodução humana do IPGO, ginecologista-obstetra especialista em
medicina reprodutiva. Membro-titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Laparoscópica, da European Society of Human
Reproductive Medicine. Formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa casa
de São Paulo e pós-graduado pela AAGL, Illinois, EUA em Advance Laparoscopic Surgery. Também é
autor de diversos livros na área médica como Fertilidade Natural, Grávida
Feliz, Obstetra Feliz, Fertilização um ato de amor, e Os Tratamentos de
Fertilização e As Religiões, Fertilidade e Alimentação, todos pela Editora
LaVida Press e Manual da Gestante, pela Editora Madras. Criou também os sites: www.ipgo.com.br; www.fertilidadedohomem.com.br; www.fertilidadenatural.com.br, onde esclarece dúvidas e passa informações sobre a
saúde feminina, especialmente sobre infertilidade. Apresenta seu trabalho em congressos no exterior, o que confere a ele um
reconhecimento internacional.
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