A regra divide opiniões e abre espaço
para debate sobre ETC,
doença causada por repetidas lesões na
cabeça.
O
boxe olímpico trouxe uma novidade na Rio 2016 – a partir da edição
brasileira dos Jogos Olímpicos, os atletas não mais usarão capacetes de
proteção, a exemplo do que acontece no boxe profissional. Adotada em 1984 e
abolida em forma de teste em 2013, a nova regra não vale para o boxe feminino -
as mulheres continuarão a usar o equipamento, mas abre espaço para
falar sobre a ETC (Encefalopatia Traumática Crônica), doença neurodegenerativa
progressiva.
A
Associação Internacional de Boxe afirma que a segurança dos atletas não corre
risco. Segundo a entidade, a nova regra foi validada para aumentar a
emoção e tornar mais próxima a modalidade olímpica da profissional. Por outro
lado, atletas veteranos defendem o uso do capacete como medida de segurança
contra lesões.
Enquanto
a polêmica segue, estudos apontam que 90% dos casos de ETC diagnosticados nos
EUA eram em ex-boxeadores e ex-jogadores de futebol americano, todos com mais
de 10 anos de profissão. A patologia pode ser desencadeada em
conseqüencia de repetidas lesões na cabeça.
Descrita
há mais de cem anos, ETC ganha evidência na última década
Os
estudos sobre ETC são recentes. Não há dados que comprovem a quantidade ou
intensidade de lesões para o desenvolvimento da patologia, também conhecida por
Síndrome de Boxer ou Demência Pugilística, e também não é possível descrever
como, em que grupo ou em quanto tempo a doença poderá se manifestar. Porém,
pesquisas em andamento estimam que a ETC ainda poderá afetar cerca de 15% do
total de lutadores profissionais.
Além
dos esportes de combate, houve um aumento do número de casos detectados em
outras modalidades, como futebol americano e hóquei. No Brasil, os casos
relacionados mais conhecidos são dos ex-pugilistas Éder Jofre e Maguila, e do
zagueiro e capitão da seleção brasileira de futebol na Copa de 1958, Hideraldo
Luis Bellini, falecido em 2014. O caso mais recente relacionado a ETC é o de
Muhamad Ali, falecido em junho, que desenvolveu Mal de Parkinson.
A
doença é descrita há mais de cem anos, mas nos últimos dez anos vem
ganhando evidência. "Com o tempo, viu-se que não apenas boxeadores eram
afetados, mas também pessoas com histórico de lesões constantes na cabeça.
Depois de repetidos traumas no crânio, esses pacientes sofriam demência ou
declínio da capacidade mental e sintomas parkinsonianos, como tremores e
comprometimento de coordenação motora, cognitiva e psiquiátrica”, destaca o
Coordenador do Centro de Reabilitação Cognitiva Pós-Trauma de Crânio do
Hospital Samaritano, Dr. Renato Anghinah. Esses sintomas podem evoluir para
alterações de comportamento como agressividade e depressão, e também causar
alucinações e confusão mental.
Diagnóstico
deve ser ser realizado por equipe experiente
O
diagnóstico é realizado por meio de uma avaliação com o neurologista e exames
de imagem, como o PET/CT. “Apesar da ETC ser conhecida há muito tempo, é
importante que o paciente busque por um especialista experiente e com
conhecimento da doença para a realização de um diagnóstico preciso”, destaca
Dr. Anghinah.
Os
tratamentos multidisciplinares oferecidos pelo Hospital Samaritano para ETC vão
desde cuidados medicamentosos à reabilitação cognitiva e motora, e envolvem
equipes de diferentes áreas como Neurologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia,
Psicoterapia, Terapia Ocupacional e Neuropsicologia.
Hospital Samaritano
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