A
admissão da Venezuela, como Membro Efetivo do MERCOSUL, foi objeto de ardiloso
estratagema montado pelos governos do Brasil e da Argentina: aproveitando o período
de suspensão do Paraguai, que estava retardando essa aprovação por divergências
políticas, a Venezuela foi efetivada rapidamente e aproximou ainda mais os
países sul-americanos de viés político contrário aos Estados Unidos da América.
No
Regimento do MERCOSUL está prevista uma rotatividade semestral para a
Presidência do bloco. Como essa rotatividade é realizada em ordem alfabética,
nesta oportunidade cabe a Presidência ao governo da Venezuela. Ocorre que tanto
a Argentina e o Paraguai, em eleições livres, como o Brasil, em função de
impeachment presidencial, contam com nova linha de política externa e
divergente do bolivarianismo que há muito tempo domina o pensamento político da
região.
Assim,
há forte rejeição para a posse do presidente venezuelano na Presidência do
MERCOSUL. Tal rejeição se materializou com a demonstração de que a Venezuela
não cumpre metas definidas regimentalmente e que a torna impedida de tomar
posse até que tais metas sejam satisfeitas.
Diante
disso, o Uruguai – que exerceu a Presidência no último período e que é o único
aliado do governo bolivariano da Venezuela – quer manter a rotatividade e luta
para que a sua posse seja imediata. Tendo em vista que o governo brasileiro –
através do Ministério das Relações Exteriores – tem interesse em estabelecer
uma nova diretriz política e econômica para o MERCOSUL – e que tem o total
apoio da Argentina e do Paraguai – foi criado um impasse o Uruguai.
Diante
desse impasse, e para estender a discussão para outros fóruns, o Uruguai está
utilizando um convite efetuado pelo governo brasileiro, para exploração
conjunta de oportunidades de negócios em outros mercados, como sendo uma
“compra de voto ilegal” para a sua concordância com o impedimento da Venezuela.
Apesar
da forte reação do governo brasileiro, com a convocação do embaixador uruguaio
para explicações sobre tal afirmação, essa divergência continuará por mais
algum tempo até que o MERCOSUL consiga eliminar o bolivarianismo que comandou
as suas relações nos últimos tempos e que forme prósperos e novos horizontes
para todos.
Francisco
Américo Cassano -
professor Pesquisador dos temas Internacionalização de Empresas e Relações e
Negócios Internacionais na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Está
disponível para entrevistas.
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