Nos
últimos anos o Brasil assistiu a ascensão e queda do poder aquisitivo de sua
população, incluindo as classes C e D. Essa busca desenfreada pelo consumo
gerou o endividamento de boa parte dos brasileiros, que, sem a cultura do
crédito, apresenta bastante dificuldade em lidar com as inúmeras ofertas de
empréstimos e financiamentos. Segundo dados recentes da FEBRABAN,
aproximadamente, 53% da população brasileira está endividada. Atrelado a este
comportamento está a oneomania, uma doença psicológica caracterizada pelo
comportamento de consumo compulsivo e a consequente sobrecarga das finanças pessoais.
Nesse
aspecto, há que se correlacionar 2 assuntos: Psicologia Econômica e Consumo. O
primeiro pode ser definido como o estudo do comportamento econômico dos
indivíduos, dos grupos e das populações em geral, bem como do processo de
tomada de decisão. No âmbito micro, ela vai examinar ações como poupar,
comprar, investir e pagar impostos. No âmbito macro, vai tratar dos aspectos da
inflação, desemprego ou a vida das populações de baixa renda.
De forma
resumida, podemos dizer que a psicologia econômica procura entender de que
forma tomamos decisões econômicas. Enfocando a vida do cidadão comum,
percebe-se que muitos não entendem que não existe mágica quando o assunto é
dinheiro. Essas pessoas são movidas pelo princípio do prazer imediato, não
esperando o melhor momento para comprar. São desprovidas de inteligência
emocional e seguem sempre o chamado “efeito manada” – copiam o modelo de
consumo da maioria desinformada.
Normalmente
não sabem lidar com frustrações, acreditando, de forma infantil, que seus desejos
precisam ser atendidos por sentirem-se merecedoras daquele prazer. Por trás
desse comportamento existem questões afetivas (o endividamento é afetivo, na
verdade). A sensação de prazer, de satisfação adquiridas no momento da compra,
acabam desvanecendo-se após a mesma, e com isso, depois da quitação total ou
parcial das dívidas, sentem a necessidade de comprar novamente. E esse ciclo
repete-se numa sequência interminável. Invariavelmente arrependem-se,
desenvolvendo um quadro de ansiedade e depressão, inclusive com tendências ao
suicídio.
Ao
comprar um objeto, o indivíduo não está comprando apenas o mesmo, mas todas as
propriedades simbólicas que existem por trás daquela aquisição. No caso de
indivíduos compulsivos, quando os mesmos são impedidos de comprar, acabam por
desenvolver uma crise de abstinência.
Para
retomar as rédeas da saúde financeira, é fundamental que o indivíduo faça uma
análise crítica de sua situação e analise as possibilidades de renegociação e
quitação de compromissos financeiros vencidos e a vencer:
A)
CONSCIENTIZAÇÃO: A pessoa deve assumir para si mesma o que a levou a essa
situação, e que pode demorar a conseguir solucioná-la. Afinal, a chamada
oneomania é uma doença do consumismo. Com persistência e ajuda psicológica o
indivíduo consegue curar-se;
B)
DIAGNÓSTICO: Levantamento rigoroso de todas as dívidas;
C)
PLANEJAMENTO PARA QUITAÇÃO: Pensar antes de agir; Priorizar o pagamento dos
débitos com taxas de juros mais caras; Apurar se o que se vai cortar não faz
parte do atendimento das necessidades básicas – moradia, alimentação, saúde,
transporte, aluguel, financiamento imobiliário, etc;
D)
PROCURAR APOIO E NEGOCIAR COM CREDORES: A pessoa tem que eliminar toda e
qualquer situação de estímulo que a leve à compulsão para compras. Além disso,
precisa negociar junto aos credores como fará para quitar suas pendências.
Vale
lembrar que ainda que o mercado de trabalho melhore, as taxas de juros devem
continuar altas por um bom tempo. Logo, a renegociação de dívidas deve começar
o quanto antes. Em relação às opções de crédito, o consignado acaba sendo a
opção mais barata. Já os juros rotativos do cartão de crédito e do cheque
especial devem ser evitados.
Fernando
Pinho - economista e consultor financeiro da Prospering Consultoria. Em suas análises relaciona estatísticas,
matemática financeira, ciência política e história econômica para tratar de
realidades complexas que impactam no cenário econômico do Brasil e do mundo.
Fernando gosta de trabalhar em cenários econômicos amplos, mostrando causas e
consequências de como a economia afeta diretamente a vida de todos, considerando
diversos assuntos e variáveis, como Geopolítica, Política Partidária, Política
Monetária, Política Câmbial, Ideologias Econômicas, Psicologia do Consumidor,
fenômenos e aspectos da globalização. Formado em Economia pela ITE –
Instituição Toledo de Ensino (Bauru-SP), Fernando é Pós-graduado em Psicologia
Econômica pela PUC SP e Mestre em Finanças pela Universidade Mackenzie
Nenhum comentário:
Postar um comentário