Pesquisar no Blog

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

A Oneomania e o endividamento pessoal




Nos últimos anos o Brasil assistiu a ascensão e queda do poder aquisitivo de sua população, incluindo as classes C e D. Essa busca desenfreada pelo consumo gerou o endividamento de boa parte dos brasileiros, que, sem a cultura do crédito, apresenta bastante dificuldade em lidar com as inúmeras ofertas de empréstimos e financiamentos. Segundo dados recentes da FEBRABAN, aproximadamente, 53% da população brasileira está endividada. Atrelado a este comportamento está a oneomania, uma doença psicológica caracterizada pelo comportamento de consumo compulsivo e a consequente sobrecarga das finanças pessoais.

Nesse aspecto, há que se correlacionar 2 assuntos: Psicologia Econômica e Consumo. O primeiro pode ser definido como o estudo do comportamento econômico dos indivíduos, dos grupos e das populações em geral, bem como do processo de tomada de decisão. No âmbito micro, ela vai examinar ações como poupar, comprar, investir e pagar impostos. No âmbito macro, vai tratar dos aspectos da inflação, desemprego ou a vida das populações de baixa renda.

De forma resumida, podemos dizer que a psicologia econômica procura entender de que forma tomamos decisões econômicas. Enfocando a vida do cidadão comum, percebe-se que muitos não entendem que não existe mágica quando o assunto é dinheiro. Essas pessoas são movidas pelo princípio do prazer imediato, não esperando o melhor momento para comprar. São desprovidas de inteligência emocional e seguem sempre o chamado “efeito manada” – copiam o modelo de consumo da maioria desinformada.

Normalmente não sabem lidar com frustrações, acreditando, de forma infantil, que seus desejos precisam ser atendidos por sentirem-se merecedoras daquele prazer. Por trás desse comportamento existem questões afetivas (o endividamento é afetivo, na verdade). A sensação de prazer, de satisfação adquiridas no momento da compra, acabam desvanecendo-se após a mesma, e com isso, depois da quitação total ou parcial das dívidas, sentem a necessidade de comprar novamente. E esse ciclo repete-se numa sequência interminável. Invariavelmente arrependem-se, desenvolvendo um quadro de ansiedade e depressão, inclusive com tendências ao suicídio.

Ao comprar um objeto, o indivíduo não está comprando apenas o mesmo, mas todas as propriedades simbólicas que existem por trás daquela aquisição. No caso de indivíduos compulsivos, quando os mesmos são impedidos de comprar, acabam por desenvolver uma crise de abstinência. 

Para retomar as rédeas da saúde financeira, é fundamental que o indivíduo faça uma análise crítica de sua situação e analise as possibilidades de renegociação e quitação de compromissos financeiros vencidos e a vencer: 

A) CONSCIENTIZAÇÃO: A pessoa deve assumir para si mesma o que a levou a essa situação, e que pode demorar a conseguir solucioná-la. Afinal, a chamada oneomania é uma doença do consumismo. Com persistência e ajuda psicológica o indivíduo consegue curar-se;

B) DIAGNÓSTICO: Levantamento rigoroso de todas as dívidas;

C) PLANEJAMENTO PARA QUITAÇÃO: Pensar antes de agir; Priorizar o pagamento dos débitos com taxas de juros mais caras; Apurar se o que se vai cortar não faz parte do atendimento das necessidades básicas – moradia, alimentação, saúde, transporte, aluguel, financiamento imobiliário, etc;

D) PROCURAR APOIO E NEGOCIAR COM CREDORES: A pessoa tem que eliminar toda e qualquer situação de estímulo que a leve à compulsão para compras. Além disso, precisa negociar junto aos credores como fará para quitar suas pendências. 

Vale lembrar que ainda que o mercado de trabalho melhore, as taxas de juros devem continuar altas por um bom tempo. Logo, a renegociação de dívidas deve começar o quanto antes. Em relação às opções de crédito, o consignado acaba sendo a opção mais barata. Já os juros rotativos do cartão de crédito e do cheque especial devem ser evitados.



Fernando Pinho - economista e consultor financeiro da Prospering Consultoria. Em suas análises relaciona estatísticas, matemática financeira, ciência política e história econômica para tratar de realidades complexas que impactam no cenário econômico do Brasil e do mundo. Fernando gosta de trabalhar em cenários econômicos amplos, mostrando causas e consequências de como a economia afeta diretamente a vida de todos, considerando diversos assuntos e variáveis, como Geopolítica, Política Partidária, Política Monetária, Política Câmbial, Ideologias Econômicas, Psicologia do Consumidor, fenômenos e aspectos da globalização. Formado em Economia pela ITE – Instituição Toledo de Ensino (Bauru-SP), Fernando é Pós-graduado em Psicologia Econômica pela PUC SP e Mestre em Finanças pela Universidade Mackenzie



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados