Veja o que dizem os
especialistas
Considerados os mais
eficazes para evitar a gravidez, métodos com ação mais longa são boas
alternativas para quem não quer lembrar de usar algum contraceptivo com
frequência e quer esperar para engravidar
Ao pensar em como evitar a gravidez, a
pílula é sempre a primeira opção lembrada. Mas, hoje já existem inúmeros
métodos contraceptivos que ampliam as possibilidades e podem facilitar a
escolha de acordo com as circunstâncias de cada mulher ou também da adaptação
de cada organismo.
Para indicar um método anticoncepcional,
seja ele de curta ou longa ação, o médico deve avaliar o perfil de cada
paciente, entender as suas expectativas e mostrar as vantagens e desvantagens
de cada opção.
Conhecidos como LARCs (Long Acting
Reversible Contraception ou Contracepção Reversível de Longa Duração, em
português), esses contraceptivos atrelam facilidade de utilização ao bloqueio
da fertilidade pelo tempo desejado, ou seja, oferecem contracepção por muito
mais tempo sem exigir compromisso periódico e permitem o retorno da fertilidade
depois da sua retirada, geralmente após a próxima menstruação[1]. Há três
opções disponíveis, o implante subcutâneo, o dispositivo intrauterino (DIU) com
cobre e o sistema intrauterino (SIU) liberador de levonorgestrel – um DIU com
hormônio.
Como os LARCs não dependem do uso diário
sempre na mesma hora e nem da lembrança da usuária, a taxa de eficácia desses
medicamentos é maior, sendo o implante o primeiro da lista, e por isso são
considerados os métodos anticoncepcionais mais eficazes[2],[3] pela Organização
Mundial de Saúde (OMS).
Para
entender melhor os benefícios, fomos conversar com a ginecologista Cristina
Guazzelli, professora da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP. Na entrevista,
a médica esclarece as principais dúvidas sobre esse tipo de contracepção.
Confira!
1. Como são
esses contraceptivos?
Todos são opções interessantes e
devem ser divulgados entre as mulheres.
·
Implante: é um bastonete de 4 cm de
comprimento, produzido por um material plástico especial – chamado EVA (etileno
vinil acetato) – flexível e estéril. Contém em sua composição um hormônio
sintético, chamado etonogestrel que já é muito utilizado nas pílulas
anticoncepcionais[4].
·
Dispositivo intrauterino – DIU – é
um contraceptivo que é colocado dentro do útero. No Brasil temos: DIU
com cobre e o SIU, um DIU com hormônio (progesterona).
2.
Onde
são colocados?
O
implante é inserido no braço não dominante, embaixo da pele. Tanto o DIU de
cobre quanto o DIU com hormônio são colocados dentro do útero, na cavidade
intrauterina.
O
procedimento para qualquer um dos métodos é simples, rápido e costuma ser
realizado no consultório médico.
3. Como funcionam?
·
Implante: A
progesterona, hormônio contido no implante, é liberada gradualmente no
organismo, com a função de inibir a ovulação, garantindo a contracepção e
impedindo a gravidez.
·
Dispositivo intrauterino – transformam o útero em um ambiente
hostil aos espermatozóides, evitando a chegada dos mesmos até as trompas.
O DIU com cobre (que é um metal)
pode ser utilizado por até 10 anos. O cobre tem ação espermaticida, isto é destrói os
espermatozoides, impedindo sua penetração no útero.
Já o DIU com hormônio libera a
progesterona no útero gradualmente, por cinco anos. Esse hormônio altera a
secreção do colo uterino impedindo e dificultando a penetração dos
espermatozoides.
4.
Quanto
tempo duram?
O
implante contraceptivo tem ação por três anos, o dispositivo intrauterino com
cobre dez anos e o sistema intrauterino (SIU) liberador de hormônio
(levonorgestrel) age por até cinco anos.
O
uso de qualquer um deles é reversível, ou seja, pode ser interrompido se houver
o desejo pela maternidade em qualquer momento. Quando retirados, ocorre o
retorno da fertilidade pré-existente imediatamente ou logo após não importando
por quanto tempo a pessoa utilizou o método.
5. Servem apenas para contracepção?
A
função de todos eles é garantir a contracepção e impedir a gravidez, mas podem
ter outros benefícios, como melhorar a cólica menstrual, diminuir o
sangramento, melhorar tensão pré-menstrual.
6.
Por que
são mais eficazes que os demais métodos?
Porque não exigem uma ação diária
ou regular da usuária, não necessitam da lembrança de uso, o que torna a adesão
ao método muito melhor.
7.
São 100% eficazes?
Nenhum método contraceptivo é 100%
eficaz, mas as taxas de falha dos LARCs são realmente baixas, quando analisamos
a eficácia dos métodos. A eficácia teórica destes métodos é muito parecida com
a eficácia da vida real (uso típico):
·
DIU com hormônio: uma gravidez em cada 500
mulheres que utilizaram o método durante um ano5.
·
Implante: uma gravidez em cada 2.000
mulheres que utilizaram o método durante um ano5.
Quando comparamos com os métodos
mais conhecidos e utilizados, podemos entender melhor a diferença: a taxa de
falha média no uso típico da camisinha é de 18 a 21 gravidezes por um ano em
cada 100 mulheres e da pílula hormonal 9 gravidezes em cada 100 mulheres que
usaram o método5.
8.
Quem
pode usar esse tipo de contracepção?
A
princípio, todas as mulheres.que desejam utilizá-los. Há poucas situações em
que os LARCs são contraindicados, por isso há necessidade de avaliação médica.
A
escolha do melhor método para cada mulher deve ser feita sob orientação médica,
após informação sobre todos anticoncepcionais, discussão sobre seus benefícios,
riscos com avaliação das suas necessidades e preferências.
Por
não terem estrogênio, geralmente, os LARCs podem ser usados por mulheres que
estão amamentando ou por aquelas que tem contraindicação para o uso do
estrogênio
9.
Eles
modificam a menstruação?
Os
métodos que contem hormônio (o implante e o DIU com levonorgestrel) podem
causar alteração no sangramento, produzindo inicialmente um sangramento
irregular com uma tendência a diminuição. Após 4-6 meses, algumas mulheres
podem apresentar redução ou ficar sem sangrar, outras podem permanecer
menstruando normalmente, e em alguns poucos casos, ter pequenos sangramentos
prolongados (mancha na calcinha). No entanto, isso não afeta a eficácia do
método ou gera qualquer risco para a saúde.
10.
Há
problemas para engravidar, após a remoção?
Não.
A recuperação da fertilidade pré-existente ocorre em seguida à retirada de
qualquer um dos métodos, permitindo que a mulher engravide após a próxima menstruação
caso não haja fatores clínicos precedentes que dificultem a concepção3.
É importante lembrar que a camisinha (masculina ou
feminina) é o único método que previne as doenças sexualmente transmissíveis.
Referências:
[1] Blumenthal PD, et al. Strategies to prevent unintended pregnancy: increasing use of
long-acting reversible contraception. Human Reproduction Update
2011;17(1):121-37. Acessado em 27/07/2016. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20634208
[2] Trussel J.
Contraceptive failure in the United States. Contraception, 83 (2011)
397–404. Acessado em 15/07/2016. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21477680
[3] World Health
Organization department of Reproductive Health and Research (WHO/RHR) and Johns
Hopkins Bloomberg School of Public Health / Center for Communication Programs
(CCP), INFO Project. Family planning: a global handbook for providers.
Baltimore and Geneva: CCP and WHO, 2011. Acessado em 15/07/2016. Disponível em: http://www.who.int/reproductivehealth/publications/family_planning/9780978856304/en/
[4] Bula do produto
[5] Center for Disease Control and
Prevention. U.S. Department of Human Services. Acessado em 15/07/2016. Disponível em: https://www.cdc.gov/reproductivehealth/unintendedpregnancy/pdf/contraceptive_methods_508.pdf
MSD no Brasil
[1] Blumenthal PD, et al. Strategies to prevent unintended pregnancy: increasing use of
long-acting reversible contraception. Human Reproduction Update
2011;17(1):121-37. Acessado em 27/07/2016. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20634208
[2] Trussel J. Contraceptive failure in the United States. Contraception, 83 (2011)
397–404. Acessado em 15/07/2016. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21477680
[3] World Health Organization department of Reproductive Health and Research
(WHO/RHR) and Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health / Center for
Communication Programs (CCP), INFO Project. Family planning: a global handbook
for providers. Baltimore and Geneva: CCP and WHO, 2011. Acessado em 15/07/2016.
Disponível em: http://www.who.int/reproductivehealth/publications/family_planning/9780978856304/en/
[5] Center
for Disease Control and Prevention. U.S. Department of Human Services. Acessado em
15/07/2016. Disponível em: https://www.cdc.gov/reproductivehealth/unintendedpregnancy/pdf/contraceptive_methods_508.pdf
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