Com a crise política e econômica instalada no
Brasil, o ano de 2016 será marcado por incertezas, que impedem quaisquer previsões
otimistas nos próximos 12 meses. As turbulências devem afetar todas as áreas
produtivas, como indústria, comércio, construção civil e serviços, com isso
afetar o nível de geração de empregos, consumo, saúde, educação, entre outros
itens. É tempo de planejar com cautela.
Marcos Santos/USP Imagens
Segundo
o Banco Central, em 2016, a inflação anual deve ficar em torno de 7% e
continuar declinando. Já o PIB - Produto Interno Bruto deve ter uma nova queda,
de 1,9%, em relação a 2015. A taxa básica de juros deve ficar em 14,25% durante
o ano que se inicia. E o dólar continuará subindo. Aliada a tudo isso, a carga
tributária deve aumentar com a volta da CPMF - Contribuição Provisória
sobre Movimentação Financeira, sem falar dos reajustes nas tarifas de serviços
básicos de infraestrutura, como luz, água, transporte. É, parece que já vimos
esse filme!
Para
a indústria e para a construção civil, devido à queda do PIB, as perspectivas
também não são boas e a esperança é de que a turbulência melhore no segundo
semestre. Serão necessários ajustes de rotas, com abertura de novos mercados,
inovação, qualificação de profissionais, redução de custos e fortalecimento de
parcerias para superar a crise.
De
acordo com Ricardo Martins, diretor titular do Centro das Indústrias
do Estado de São Paulo (CIESP), Distrital Leste, “No caso do Brasil, quando
a queda de confiança é generalizada como acontece agora, é indício de que algo
mais que preocupante venha ocorrer. É preciso uma imediata correção de rumos
antes que o cenário piore e o País mergulhe numa crise sem volta”.
Empresários
e trabalhadores pagaram, em 2015, alto pela volta do desenvolvimento econômico,
segundo Martins. “Enquanto isso, o governo sequer fez sua lição de casa para reduzir
gastos e reestruturar a máquina administrativa. Preferiu aumentar a arrecadação
ao invés de cortar despesas.”
Para
ele, o empresário brasileiro precisa de uma injeção de ânimo. “Motivação é uma
espécie de estado mental ou emocional que coloca o indivíduo em movimento”,
explica. Apesar de ser uma técnica pouco utilizada pelas empresas, o
ingrediente deve ganhar espaço gradualmente e se tornar um elemento estratégico
para impulsionar os negócios, principalmente, nos momentos de crise.
No
setor imobiliário, o PIB da construção civil brasileira deve recuar 5% em 2016,
de acordo com estimativa do Sindicato da Indústria da Construção Civil do
Estado de São Paulo (SindusCon-SP), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas
(FGV). Com a perda de renda, muitas famílias perderam sua casa própria, também
houve retirada de recursos da poupança, retração do crédito e de investimentos,
queda na confiança do consumidor e das empresas e atrasos nos pagamentos do
Minha Casa, Minha Vida e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Desemprego
e diminuição da renda são os principais motivos que levam ao não pagamento das
dívidas imobiliárias. Outras causas como morte do provedor do lar, problemas de
saúde na família e abusos dos bancos ou construtoras, entre eles, juros abusivos
e aumento do saldo devedor sem motivo justificável, também podem provocar o não
cumprimento das prestações do financiamento imobiliário e, consequentemente, a
perda do imóvel.
Toda
essa dificuldade levou a AMSPA – Associação dos Mutuários de São Paulo e
Adjacências lançar o informativo “Cartilha do Mutuário – Inadimplência”,
com 11 orientações para aqueles que estão endividados com as parcelas do
imóvel.
Segundo
Marco Aurélio Luz, presidente da AMSPA, quando o comprador
perceber que vai atrasar mais de três prestações do financiamento ou quando
estiver inadimplente, o ideal é ir à Justiça. “Não adianta conversar com a
instituição financeira ou construtora. A melhor alternativa é procurar o Poder
Judiciário. Até que esse resolva a questão, o imóvel não poderá ser levado a
leilão. Mesmo assim, se caso ocorrer, o juiz terá de suspendê-lo”, explica.
Luz
alerta que postergar a resolução do débito, além de acarretar juros e a
inclusão do nome em entidades de proteção ao crédito, pode levar à perda do
imóvel. No SFH – Sistema Financeiro da Habitação, após a falta de pagamento de
três prestações, o dono do imóvel é notificado por escrito. Já no SFI – Sistema
Financeiro Imobiliário, se atraso for superior a 30 dias, o mutuário é intimado
a pagar via Cartório de Títulos e Documentos. Caso não o faça no prazo de 15
dias, o banco terá a posse do bem e o levará ao leilão extrajudicial, ao qual o
comprador não tem direito a qualquer defesa. Antes que isso aconteça, procure
um advogado ou orientações na AMSPA.
É
como escreveu Carlos Drummond de Andrade: “Quem teve a ideia de cortar o tempo
em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou
a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.” O ano mal começou e já
estamos esperando por 2017!
Clarice
Pereira
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