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quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Perspectivas para 2016, o ano das incertezas.




Com a crise política e econômica instalada no Brasil, o ano de 2016 será marcado por incertezas, que impedem quaisquer previsões otimistas nos próximos 12 meses. As turbulências devem afetar todas as áreas produtivas, como indústria, comércio, construção civil e serviços, com isso afetar o nível de geração de empregos, consumo, saúde, educação, entre outros itens. É tempo de planejar com cautela.
Marcos Santos/USP Imagens

Segundo o Banco Central, em 2016, a inflação anual deve ficar em torno de 7% e continuar declinando. Já o PIB - Produto Interno Bruto deve ter uma nova queda, de 1,9%, em relação a 2015. A taxa básica de juros deve ficar em 14,25% durante o ano que se inicia. E o dólar continuará subindo. Aliada a tudo isso, a carga tributária deve aumentar com a volta da CPMF  - Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, sem falar dos reajustes nas tarifas de serviços básicos de infraestrutura, como luz, água, transporte. É, parece que já vimos esse filme!
Para a indústria e para a construção civil, devido à queda do PIB, as perspectivas também não são boas e a esperança é de que a turbulência melhore no segundo semestre. Serão necessários ajustes de rotas, com abertura de novos mercados, inovação, qualificação de profissionais, redução de custos e fortalecimento de parcerias para superar a crise.
De acordo com Ricardo Martins, diretor titular do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), Distrital Leste, “No caso do Brasil, quando a queda de confiança é generalizada como acontece agora, é indício de que algo mais que preocupante venha ocorrer. É preciso uma imediata correção de rumos antes que o cenário piore e o País mergulhe numa crise sem volta”.
Empresários e trabalhadores pagaram, em 2015, alto pela volta do desenvolvimento econômico, segundo Martins. “Enquanto isso, o governo sequer fez sua lição de casa para reduzir gastos e reestruturar a máquina administrativa. Preferiu aumentar a arrecadação ao invés de cortar despesas.”
Para ele, o empresário brasileiro precisa de uma injeção de ânimo. “Motivação é uma espécie de estado mental ou emocional que coloca o indivíduo em movimento”, explica. Apesar de ser uma técnica pouco utilizada pelas empresas, o ingrediente deve ganhar espaço gradualmente e se tornar um elemento estratégico para impulsionar os negócios, principalmente, nos momentos de crise.
No setor imobiliário, o PIB da construção civil brasileira deve recuar 5% em 2016, de acordo com estimativa do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com a perda de renda, muitas famílias perderam sua casa própria, também houve retirada de recursos da poupança, retração do crédito e de investimentos, queda na confiança do consumidor e das empresas e atrasos nos pagamentos do Minha Casa, Minha Vida e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Desemprego e diminuição da renda são os principais motivos que levam ao não pagamento das dívidas imobiliárias. Outras causas como morte do provedor do lar, problemas de saúde na família e abusos dos bancos ou construtoras, entre eles, juros abusivos e aumento do saldo devedor sem motivo justificável, também podem provocar o não cumprimento das prestações do financiamento imobiliário e, consequentemente, a perda do imóvel.
Toda essa dificuldade levou a AMSPA – Associação dos Mutuários de São Paulo e Adjacências lançar o informativo “Cartilha do Mutuário – Inadimplência”, com 11 orientações para aqueles que estão endividados com as parcelas do imóvel.
Segundo Marco Aurélio Luz, presidente da AMSPA, quando o comprador perceber que vai atrasar mais de três prestações do financiamento ou quando estiver inadimplente, o ideal é ir à Justiça. “Não adianta conversar com a instituição financeira ou construtora. A melhor alternativa é procurar o Poder Judiciário. Até que esse resolva a questão, o imóvel não poderá ser levado a leilão. Mesmo assim, se caso ocorrer, o juiz terá de suspendê-lo”, explica.
Luz alerta que postergar a resolução do débito, além de acarretar juros e a inclusão do nome em entidades de proteção ao crédito, pode levar à perda do imóvel. No SFH – Sistema Financeiro da Habitação, após a falta de pagamento de três prestações, o dono do imóvel é notificado por escrito. Já no SFI – Sistema Financeiro Imobiliário, se atraso for superior a 30 dias, o mutuário é intimado a pagar via Cartório de Títulos e Documentos. Caso não o faça no prazo de 15 dias, o banco terá a posse do bem e o levará ao leilão extrajudicial, ao qual o comprador não tem direito a qualquer defesa. Antes que isso aconteça, procure um advogado ou orientações na AMSPA.
É como escreveu Carlos Drummond de Andrade: “Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.” O ano mal começou e já estamos esperando por 2017! 



Clarice Pereira


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