Câncer de mama: procedimento evita 70% de biópsias
cirúrgicas
O segundo tipo mais frequente de câncer no mundo, o
câncer de mama, é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos
novos a cada ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). No Brasil, uma
estimativa divulgada recentemente pelo Ministério da Saúde aponta que o país
deverá ter 576.580 novos casos de câncer em 2014.
Na população mundial, a sobrevida média após cinco
anos é de 61%. Por esse motivo é que a detecção precoce ainda é um fator que
proporciona maiores chances de o tratamento ser bem-sucedido, fazendo com que
as campanhas de prevenção do câncer de mama enfatizem tanto a importância de as
mulheres acima dos 40 anos serem submetidas anualmente ao exame de mamografia.
O aumento de oferta de exames de triagem e o avanço
tecnológico da mamografia e da ultrassonografia provocaram a elevação do
diagnóstico precoce de lesões mamárias, permitindo, assim, que lesões muito
pequenas e que não podiam ser percebidas no autoexame das mamas fossem
visualizadas. Como as lesões visualizadas, quando suspeitas, precisam ser
investigadas porque podem ser benignas ou malignas, houve o aumento da
indicação de biópsia mamária. Com o objetivo de evitar uma cirurgia muitas
vezes desnecessária, já que nem toda mulher que se submete à biópsia possui um
tumor maligno, é que vêm sendo cada vez mais utilizadas as biópsias
percutâneas, como a mamotomia. “É um recurso diagnóstico em que a retirada de
material da área suspeita, a biópsia, é realizada a vácuo por uma sonda
especial, um pouco maior do que uma agulha, o que favorece a coleta de
fragmentos de ótimo tamanho e reduz a chance de resultado subestimado”, explica
a Dra. Fernanda Philadelpho, radiologista mamária do Alta Excelência
Diagnóstica. Orientada pela estereotaxia ou pela ultrassonografia, a mamotomia
é eficiente em biópsias de nódulos de até 10 milímetros, em microcalcificações
ou em distorções arquiteturais focais que se formaram na mama.
Outro procedimento muito utilizado e com custo até
50% menor é a core biópsia, que consiste na retirada de pequenos fragmentos da
área suspeita, sobretudo de nódulos maiores que 10 milímetros, seja por
estereotaxia ou ultrassonografia. A core biópsia é um procedimento realizado
com agulha grossa, acoplada a um dispositivo, também chamada de pistola, que
movimenta a agulha dentro da lesão. O procedimento pode ser repetido quantas
vezes forem necessárias, até que se obtenham quantidades suficientes de tecido
para análise.
A radiologista Dra. Fernanda complementa que, em
relação à biópsia cirúrgica, o procedimento percutâneo, seja a mamotomia, seja
a core biópsia, possui várias vantagens, como ser menos invasivo, não
comprometer a estética mamária e evitar a formação de cicatrizes. A médica
explica que, antes desses procedimentos, a lesão era sempre retirada por
cirurgia. “A paciente permanecia internada por dois ou três dias, era
geralmente submetida à anestesia geral e ainda ficava com uma importante
cicatriz. Esse era o recurso mais utilizado de que os médicos dispunham para
retirar e analisar o material e verificar se o tumor era benigno ou maligno”,
afirma Fernanda. Como em 70% a 80% das biópsias realizadas o resultado era
benigno, as cirurgias, apesar de preventivas, eram desnecessárias. Já a
mamotomia e a core biópsia são procedimentos realizados ambulatorialmente, sem
necessidade de internação. A anestesia é local e deixa uma cicatriz mínima,
depois imperceptível.
Com esses procedimentos, o número de cirurgias
diminuiu drasticamente: somente duas em cada dez mulheres precisam se submeter
à cirurgia após a biópsia. Se o resultado da biópsia for benigno, a paciente
não precisará de intervenção cirúrgica. Se for diagnosticado um tumor maligno,
a precisão do diagnóstico e a identificação do tipo de tumor pela mamotomia
darão ao médico a oportunidade de adotar condutas que podem incluir cirurgia ou
outras formas de tratamento, com dados mais objetivos em mãos. Nesses casos,
mesmo que toda a lesão tenha sido retirada no exame, haverá a necessidade de se
retirar uma quantidade maior de tecido, por meio de cirurgia.
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