SBMFC alerta a necessidade de mais médicos da
especialidade para que a saúde da população mundial seja garantida de forma
efetiva para integração de ações para
promoção, prevenção e recuperação da saúde
No Dia Mundial do Médico de Família e Comunidade, datado
em 19 de maio, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
(SBMFC), especialidade que atua na integração
de ações para promoção, prevenção e recuperação da saúde, alerta sobre a
necessidade de mais profissionais especialistas na área para atender de forma
integral a população, em âmbito global.
No Brasil, há em torno de 4 mil médicos de família e
comunidade, segundo a Demografia Médica no Brasil 2015, publicada pelo Conselho
Federal de Medicina. Desse número, mais de três mil estão concentrados nas
regiões Sul e Sudeste, o que proporciona um grande desequilíbrio de
atendimento, principalmente de acordo com a demanda populacional. “As regiões Nordeste
e Norte ficam defasadas na oferta de Médicos de Família, visto que as
principais vagas de residência são localizadas em outras regiões, porém os pacientes
de todo o país têm necessidades de atendimento da medicina de família, e isto
precisa ser melhor dimensionado”, explica Thiago Trindade, presidente da
SBMFC.
O número de MFC (médico de família e comunidade) por 100
mil habitantes é 2, porém para um atendimento efetivo o número ideal seria 50.
“Assim observa-se uma enorme lacuna deste especialista para a cobertura
universal em atenção primária. Considerando que no Brasil há em torno de 4 mil
MFCs, existe um déficit histórico enorme pensando na necessidade atual só para
compor as atuais 40.000 equipes da Estratégia Saúde da Família, que hoje são
ocupadas por médicos com formações variadas, além do fato que 40% dos médicos
destas equipes são profissionais de programas de provimento, os quais ficarão no
máximo três anos, o que não é desejável para estruturação de um serviço de
atenção primária onde se espera a permanências destes profissionais junto as
comunidades no longo prazo”, reforça Trindade.
Se a cobertura universal futura for considerada seria
necessário mais de 100.000 MFC para o Brasil, na proporção desejável de 1
MFC para 2.000 pessoas. “Isto é o que se espera de um sistema de saúde
eficiente, uma atenção primária forte para todos como o MFC na linha de frente
do cuidado integral, resolvendo 90% das demandas trazidas pelas pessoas,
evitando encaminhamentos e internações desnecessárias", finaliza o médico
de família e comunidade.
Em âmbito mundial, a World Organization of National
Colleges, Academies and Academic Associations of General Practitioners/Family
Physicians (WONCA), têm atualmente 500 mil médicos de família associados que
auxiliam na saúde de 90% da população global.
Características da
especialidade
Ainda segundo a Demografia do CFM, o médico de família é a
mais jovem de todas as especialidades atuantes no país, com idade média de 41
anos e a 8ª com predominância feminina com 56,5% de mulheres. Além disso, está
entre as seis especialidades consideradas básicas ou gerais como: Clínica
Médica, Pediatria, Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Medicina de
Família e Comunidade e Medicina Preventiva e Social que concentram 40,3% do
total de especialistas.
A medicina de família
e comunidade é uma especialidade médica, assim como a cardiologia, neurologia e
ginecologia. O MFC é o especialista em cuidar das pessoas, da família e da
comunidade no contexto da atenção primária à saúde. Ele acompanha as
pessoas ao longo da vida, independentemente do gênero, idade
ou possível doença, integrando ações de promoção, prevenção e recuperação
da saúde. Esse profissional atua próximo aos pacientes antes mesmo do
surgimento de uma doença, realizando diagnósticos precoces e os poupando de
intervenções excessivas ou desnecessárias.
É um clínico e
comunicador habilidoso, pois utiliza abordagem centrada na pessoa e é capaz de
resolver pelo menos 90% dos problemas de saúde, manejar sintomas
inespecíficos e realizar ações preventivas. É um coordenador do cuidado,
trabalha em equipe e em rede, advoga em prol da saúde dos seus pacientes e
da comunidade. Atualmente há no Brasil mais de 3.200 médicos com título de
especialista em medicina de família e comunidade.