Caracterizada
pelo excesso de açúcar no sangue doença pode causar complicações como perda da
visão, insuficiência renal, problemas cardiovasculares e neurológicos e até
mesmo levar à morte
O mais recente relatório mundial sobre diabetes divulgado
em abril deste ano pela OMS – Organização Mundial da Saúde, com números de
2014, revela um crescimento alarmante da doença em todo o mundo. São 422
milhões de adultos convivendo com o diabetes. O número em 1980 era de 108
milhões de pessoas. Comparando os dois períodos, a incidência na população
adulta quase duplicou, passando de 4,7% para 8,5%. No Brasil, passou de 5% para
8,1% no mesmo período. No documento a OMS estima que em 2030 o diabete seja a
sétima causa de óbitos no mundo.
Caracterizada pelo excesso de açúcar no sangue essa doença
metabólica silenciosa, que se não for diagnosticada no início pode causar
complicações como perda da visão, insuficiência renal, problemas
cardiovasculares e neurológicos e ate mesmo levar o paciente à morte, tem
diversos fatores de risco. Entre os mais comuns vale destacar o histórico
familiar, idade, pressão descompensada e obesidade. Esta última, dependendo do
grau, pode também aumentar a probabilidade do surgimento de diversas doenças.
Para se ter uma ideia do tamanho do problema, uma pesquisa realizada pela
Universidade de Brasília (UnB) em 2013, mostrou que o sistema público de saúde
brasileiro (SUS) gastou meio bilhão de reais no tratamento de doenças
associadas à obesidade, sendo que 25% desse valor foram destinados às doenças
decorrentes da obesidade severa.
“O tratamento do diabetes começa pela adoção de novos hábitos de vida, como
reeducação alimentar e pratica de atividade física combinada com medicamentos.
Além da terapia clínica convencional, os diabéticos também contam com um aliado
na luta contra a doença, que é a cirurgia bariátrica e metabólica”, comenta o
Dr. Josemberg Campos, presidente da SBCBM.
Eficácia comprovada
Diversos estudos e pesquisas científicas nacionais e
internacionais revelam que a intervenção cirúrgica é uma opção real e efetiva
para controlar o diabetes. Além da já conhecida cirurgia bariátrica, a cirurgia
metabólica é uma das formas de controle desta doença crônica e progressiva.
Tecnicamente são similares, porém a segunda tem o objetivo principal de tratar
e controlar os componentes da Síndrome Metabólica, que têm como dentre
suas características a hiperglicemia e resistência insulínica.
Um dos estudos, realizado pelo National Institute for Health
Research, do Reino Unido, e publicado na revista Lancet Diabetes &
Endocrinology, avaliou o efeito da cirurgia bariátrica no desenvolvimento
de diabetes tipo 2 em indivíduos operados e numa população de indivíduos
obesos. O resultado apontou que a cirurgia bariátrica reduz em 80% o risco de
desenvolvimento de diabetes tipo 2 nos operados.
Outro levantamento publicado pela Lancet e
conduzido pelo King’s College London e Università Cattolica de Roma,
comparou os resultados em longo prazo do tratamento clínico e do cirúrgico do
diabetes. Em cinco anos não houve mortalidade nem complicações, sendo que 50%
do grupo cirúrgico tiveram e mantiveram a remissão da diabetes, contra nenhum
dos pacientes submetidos ao tratamento convencional.
Mais um estudo de destaque é o STAMPEDE - Surgical
Therapy and Medications Potentially Eradicate Diabetes Efficiently,
primeiro randomizado feito para analisar a efetividade de tratamentos
cirúrgicos e clínicos para o diabetes tipo 2, conduzido pela Cleveland Clinic.
Os resultados mostram que os grupos cirúrgicos obtiveram controle glicêmico,
perda de peso consistente e redução de medicamentos para diabetes tipo 2, assim
como diminuição do risco cardiovascular. Após cinco anos, os efeitos
metabólicos do tratamento cirúrgico se mantêm e são efetivos no tratamento da
doença tanto em obesos moderados ou severos.
Aprovação do CFM
Atualmente aguardando aprovação do Conselho Federal de
Medicina a cirurgia bariátrica poderá promover uma mudança de paradigmas no
combate à diabetes. “Na prática significa ampliar o acesso aos pacientes
diabéticos, mas não necessariamente obesos (IMC entre 30 kg/m² e 35 kg/m²).
Desta forma, entre 5% e 15% dos 13,5 milhões de diabéticos no Brasil poderão
ter mais uma alternativa para controlar a doença e suas comorbidades”, explica
o Dr. Ricardo Cohen, ex-presidente da SBCBM e um dos principais pesquisadores
da cirurgia metabólica no mundo.
Sobre a SBCBM
A SBCBM - Sociedade Brasileira de
Cirurgia Bariátrica e Metabólica foi fundada em 1996. Inicialmente batizada
como SBCB - Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, em 2006 a entidade
inseriu a palavra “Metabólica” em seu nome, devido à crescente importância da
cirurgia metabólica na comunidade médica.
Possui atualmente mais de 1,7
mil sócios entre cirurgiões e especialidades associadas (endocrinologista,
cardiologista, educadores físicos, cirurgiões plásticos, fisioterapia,
enfermagem, odontologia, fonoaudiologia, nutricionista e nutrólogo e psiquiatra
e psicólogo) com representantes no país por meio de capítulos
e delegacias.
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