Descubra como adaptar pratos típicos
das festas de fim de ano para incluir todos à mesa, com orientações para manter
a saúde em dia sem abrir mão das tradições
O Natal é a época do ano marcada por celebração, união familiar e
mesas repletas de pratos que despertam memórias afetivas. Para quem enfrenta
condições de saúde específicas, como pacientes em hemodiálise, pessoas com
diabetes ou em tratamento oncológico, a tradicional ceia de fim de ano pode
parecer um desafio. No entanto, com planejamento adequado e orientações
nutricionais apropriadas, é possível aproveitar o momento sem comprometer a
saúde.
Nas ceias de Natal preparações como peru, chester, bacalhau e
farofas dividem espaço com sobremesas como pudins, panetones e frutas
cristalizadas, compondo cardápios que variam conforme as preferências
regionais. Frutas frescas, castanhas e temperos naturais também adicionam um
toque especial às receitas, enriquecendo ainda mais o significado das
celebrações.
Para pacientes em hemodiálise, conhecer as propriedades dos
alimentos permite autonomia nas escolhas, garantindo que aproveitem as festas
sem deixar a saúde de lado. Andrea Visintainer, nutricionista do Centro
Especializado em Nefrologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, ressalta a
importância de escolhas alimentares conscientes e do consumo moderado de
alimentos fonte em sódio, potássio, fósforo e líquidos.
“Na hora das compras, prefira aves que não estão temperadas
previamente, isso porque elas costumam ter mais sódio e aditivos. O bacalhau
deve ser devidamente dessalgado, com remolho de 6 a 48 horas em água, sob
refrigeração e protegido com papel-filme”, recomenda Andrea. Já opções
ultraprocessadas, como o tender, que são ricas em sódio e conservantes, devem
ser evitadas ou consumidas em porções pequenas.
Além disso, pratos como tábua de frios, queijos, peru, chester,
pernil e sobremesas à base de leite, como pudins e tortas, são ricos em fósforo
e devem ser consumidos com moderação, especialmente para pacientes que fazem
controle desse mineral.
Para aqueles que precisam limitar o potássio, Andrea recomenda
atenção redobrada às frutas e saladas. “Frutas como morango, abacaxi, lichia,
pêssego e ameixa fresca são recomendadas. Já uvas, figos, frutas secas, como
damasco, tâmaras e uva passa, além de sucos concentrados, como o de uva, devem
ser evitados”, explica. Nas saladas, ingredientes cozidos são preferíveis. Se
optar por versões cruas, folhas como rúcula e alface são escolhas seguras.
Andrea também destaca a necessidade de controlar o consumo de
líquidos conforme a orientação individualizada do médico ou nutricionista. “O
ideal é reservar a ingestão de líquidos para momentos especiais, como o brinde,
evitando excessos que podem comprometer o tratamento”, alerta.
“A diálise é um tratamento contínuo, por isso é fundamental que os
pacientes recebam orientação regular para entender os alimentos mais adequados
à sua condição. Nosso objetivo é educar, para dar autonomia ao paciente”,
conclui a nutricionista.
Para pacientes com diabetes, Tarcila Campos, nutricionista do
Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz,
destaca que o planejamento das refeições e a moderação são cruciais para manter
o controle glicêmico durante as festas.
Ajustar as refeições ao longo do dia, combinar os carboidratos
como arroz, farofas com proteínas magras (peru, chester, lombo) e saladas ajuda
a evitar grandes alterações na glicemia. Na hora da sobremesa vale a pena
pensar em porção, o controle da quantidade consumida é o que mais importa
independente se for um doce feito com ou sem açúcar, moderação é o caminho para
evitar picos glicêmicos.
Lembre-se de manter o uso das medicações, se possível monitore a
glicemia e se você faz uso de insulina lembre de adaptar as dosagens de acordo
com a contagem de carboidratos e recomendações da sua equipe.
“É plenamente possível aproveitar sobremesas como rabanada,
panetone ou pudim mantendo o controle glicêmico, desde que com moderação. Não
se trata de restringir, mas de equilibrar. Se planejar participar de uma ceia
mais farta, uma boa estratégia é ajustar as refeições anteriores, reduzindo o
consumo de carboidratos como pão, arroz ou batata para compensar os pratos
festivos”, orienta Tarcila.
Já para pacientes em tratamento oncológico, a imunossupressão
exige cuidados rigorosos com a origem e a higienização dos alimentos. Camila
Gatti, nutricionista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão
Oswaldo Cruz, recomenda priorizar pratos caseiros, preparados com ingredientes
frescos e naturais, evitando embutidos e ultraprocessados, como aves temperadas
industrialmente e presuntos.
“Carnes devem ser bem assadas ou cozidas, enquanto saladas de
maionese ou salpicão, por serem perecíveis, precisam ser refrigeradas e não
devem levar ovos crus na composição. As frutas e vegetais crus precisam ser
lavados e higienizados adequadamente. Já as farofas caseiras podem ser
enriquecidas com sementes e vegetais para agregar maior valor nutricional”,
complementa Camila.
Ela também enfatiza o impacto emocional positivo das ceias
natalinas. “A comida possui um grande poder afetivo, especialmente em ocasiões
como essa. Participar dessas celebrações de maneira equilibrada é essencial
para o bem-estar dos pacientes.”
Independentemente da condição de saúde, algumas práticas são
universais para uma ceia saudável e segura. Evitar excessos e escolher apenas
os alimentos realmente desejados são passos importantes. Preparar os pratos em
casa, utilizando ingredientes de procedência confiável, e higienizar
adequadamente frutas e vegetais beneficiam a todos. Além disso, enriquecer
receitas tradicionais com vegetais e sementes é uma excelente forma de aumentar
o valor nutricional sem renunciar ao sabor e da tradição.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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