Em 2024, dados preliminares apontam 428
atendimentos por traumatismos causados por mergulho ou pulo na água;
ortopedista do HJSC alerta cuidado Freepik
A
alta temporada do verão é a época propícia para o lazer em locais onde um dos
principais atrativos são os mergulhos para se refrescar do calor. No entanto,
todo cuidado é pouco quando se trata de saltar, pois o momento pode se
transformar em tragédia. Pular de forma inadequada e imprudente em áreas com
pouca profundidade de água pode ser sinônimo de acidentes graves, com lesões
irreversíveis, que atingem áreas como cabeça, coluna e pescoço.
Um caso emblemático de acidente com sequela irreversível foi o do escritor
Marcelo Rubens Paiva. Em 1981, depois de mergulhar na parte rasa e bater a
cabeça em uma pedra submersa de um rio na cidade de Angra dos Reis, no litoral
do Rio de Janeiro, ele sofreu uma grave lesão na coluna cervical, que o deixou
tetraplégico, o que mudou radicalmente sua trajetória de vida. Paiva, autor de “Ainda
Estou Aqui”, - livro que originou o filme homônimo do cineasta Walter
Salles, atual fenômeno de bilheteria nos cinemas brasileiros -, na época
transformou sua experiência no seu primeiro livro “Feliz Ano Velho” publicado
em 1982.
Até setembro de 2024, segundo dados preliminares do Ministério da Saúde, foram
registrados 428 atendimentos por traumatismos causados por mergulho ou pulo na
água. No mesmo período, o número contabilizado para esse tipo de ocorrência em
internações no Sistema Único de Saúde (SUS) chegou a 485. Em 2023, o número de
atendimentos ambulatoriais registrados foi de 360 e a produção hospitalar
alcançou 698 internações.
Além
dos mergulhos, há riscos também de traumas com acidentes em beiradas de piscinas,
pedras escorregadias, trampolins e pontos altos. Não se deve saltar dando
cambalhotas, de costas ou de cabeça na água, pois a gravidade das sequelas vai
variar de acordo com a forma que o mergulho foi realizado e da altura de onde a
pessoa pula.
“Uma das sequelas mais graves é a lesão medular, com fratura na cervical, que
pode levar à paralisia total ou parcial, quando a pessoa fica tetraplégica e
perde os movimentos do pescoço para baixo. Outras consequências importantes
pelo impacto com o fundo raso são fraturas do tórax, além de traumas cranianos,
luxações, torções e danos às articulações e aos nervos”, explica o Dr. Caio
Yoshino, ortopedista especialista em coluna do Hospital Japonês Santa Cruz.
O médico também acrescenta que é fundamental agir rapidamente e com calma para
minimizar os danos e garantir a segurança da vítima. “Se houver suspeita de
lesão na coluna, como fratura cervical ou lesão medular, não movimente a
vítima, a menos que seja absolutamente necessário para evitar risco imediato,
como afogamento ou risco de afogamento. Em todos os casos, é fundamental chamar
o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) pelo telefone 192”, diz.
Por
fim, ele destaca que o uso abusivo de bebidas alcoólicas é um fator
significativo nesses acidentes. "O consumo excessivo de álcool afeta o
julgamento e a capacidade de avaliar os riscos. Muitas dessas ocorrências
acontecem após o abuso de álcool, quando a pessoa perde a noção dos perigos,
como mergulhar em áreas rasas ou realizar saltos de forma imprudente",
alerta. O médico ainda ressalta que, durante o verão, com praias, rios e
piscinas mais movimentados, é fundamental estar atento para evitar tragédias.
Prevenção
Para
evitar acidentes, é essencial:
- Nunca mergulhar em águas desconhecidas ou rasas sem verificar a
profundidade.
- Nunca mergulhar, mas se o fizer, nunca de cabeça.
- Usar técnicas adequadas ao se jogar em água rasa, como saltar com
os pés primeiro.
- Evitar saltos em locais onde o fundo é visível ou quando a
visibilidade da água é reduzida.
- Evite brincadeiras de empurrar ou jogar pessoas na água, pois pode
causar lesões graves, como batidas na cabeça, torções e traumas na coluna.
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