Entenda as
causas, os tratamentos e se há cura das varizes!
Você
certamente conhece alguém que já tratou ou operou varizes e voltou a sofrer com
o problema, não é? Isso é bastante comum e faz surgir uma dúvida: afinal,
varizes têm cura?
A
verdade é que as varizes são apenas um sinal de uma doença mais ampla. Por
isso, embora possam ser tratadas, muitas vezes elas voltam a aparecer porque o
problema de origem não é resolvido.
Entenda
melhor tudo o que envolve esse assunto neste pequeno guia. Aqui, abordaremos
brevemente as causas, os tratamentos e se há cura das varizes. Acompanhe!
O que são varizes e como elas surgem?
Varizes
são veias tortuosas e dilatadas que deixam de cumprir com eficiência a função
de conduzir o sangue de volta ao coração, provocando o acúmulo sanguíneo nas
pernas e tornozelos, que sobrecarrega os capilares e favorece o inchaço. Além
disso, as veias dilatadas ficam mais visíveis e, até mesmo, deformadas sob a
pele.
Isso
acontece porque as veias são dotadas de válvulas unidirecionais que, associadas
à contração dos músculos da panturrilha, impulsionam o sangue das pernas para
cima, vencendo a gravidade. No entanto, ao se dilatarem, suas paredes se tornam
mais frouxas e seu calibre aumenta, fazendo com que as válvulas comecem a
falhar.
É
importante ressaltar que, muito mais que uma questão de estética, as varizes
são sinais de um problema de saúde mais amplo, a Doença Venosa Crônica. Essa
condição afeta cerca de 38% da população
adulta brasileira e se apresenta em 6 (seis) diferentes graus.
As varizes surgem, portanto, quando a Doença Venosa
Crônica (DVC) está presente.
Varizes
têm cura?
Uma vez
que são um sinal de uma doença crônica, as varizes podem ser tratadas e
extintas, mas não têm cura, porque a causa específica do problema não é totalmente
conhecida. Entretanto, sabemos que as veias dos portadores tendem a ficar
debilitadas com o passar dos anos, perdendo a funcionalidade. Estudos recentes
mostram um componente genético ainda não totalmente esclarecido e uma
influência importante de fatores ambientais. A medida que a pessoa vai vivendo
mais, maior é a atuação destes fatores. Portanto quanto mais vive o indivíduo,
maior o risco de ter varizes.
Sendo
assim, os tratamentos visam eliminar as veias varicosas e os sintomas
associados, porém, não tratam a origem do problema. Por isso, a pessoa que tem
tendência a desenvolver varizes, além de fazer o tratamento, deve adotar alguns
cuidados para retardar a evolução do quadro e amenizar os sintomas. Dentre as
medidas para evitar varizes,
podemos citar:
- praticar exercícios
físicos que estimulem o retorno venoso, por exemplo, caminhar 30
minutos. O retorno venoso depende também da capacidade muscular da sua
panturrilha. Quanto mais forte, mais ela ajudará suas veias neste difícil
trabalho de vencer a gravidade;
- evitar permanecer sentado ou em
pé sem se movimentar durante muitas horas. Se o seu trabalho exigir esta
permanência ou fizer viagens longas, use meias de compressão;
- intercalar períodos de dois a
três minutos de caminhada ao longo da jornada de trabalho;
- elevar as pernas duas vezes por
dia ou, pelo menos, no fim do dia;
- usar meias de compressão,
inclusive quando se exercitar melhorará muito sua capacidade de retorno do
sangue e diminuirá o inchaço;
- cuidar da alimentação para o
controle da obesidade e do inchaço do corpo. Alguns nutrientes facilitam o
controle do inchaço e estimulam a circulação. Um nutricionista poderá
ajudar muito.
Quais são os
tratamentos para varizes?
Existem
vários tratamentos para
varizes, desde a aplicação de substâncias químicas ou o uso do calor para a
inutilização da veia em questão até a retirada por meio de cirurgia. Embora o
método cirúrgico seja o mais tradicional, técnicas menos invasivas evoluíram
bastante nos últimos anos, tornando-se a melhor opção em muitos casos. Estas
técnicas são chamadas de ablação venosa e divididas em ablação térmica (cujo
princípio é o uso do calor que provoca queimadura leve no interior da veia
doente) e ablação química em que a injeção de substância provoca irritação no
interior da veia que se transforma em cicatriz imperceptível abaixo da pele.
São procedimentos
minimamente invasivos, utiliza o calor para provocar irritação do interior da
veia doente levando a sua destruição, ou seja, queimá-la internamente. A
técnica quase indolor, precisa de anestesia local, é feita com cateteres sendo
indicada principalmente para o tratamento da veia safena. É frequentemente
associada a outro tratamento para obter mais eficácia no tratamento das varizes
propriamente ditas.
O raio
laser tem múltiplos usos, dependendo do tipo de luz e pode também ser usado
para tratamento de pequenos vasos superficiais até 3mm de tamanho, os
“vasinhos”. Também chamado de escleroterapia a laser ou laser de superfície,
esse tratamento exige cuidados como evitar a exposição da área tratada ao sol e
utilizar filtro solar.
A cirurgia consiste
na retirada da veia doente e pode ser realizada em vasos de diferentes tamanhos
e calibres, e não afeta a circulação sanguínea. Ela é indicada nos casos de
doença venosa crônica em que há varizes apenas, sem sintomas ou mais graves,
com a presença de sintomas como manchas, coceira, dor, etc. Já não é mais a
única opção para eles.
Como
todo procedimento cirúrgico, ela envolve alguns riscos e cuidados
pós-operatórios. O tempo de recuperação varia em função da quantidade e do tamanho
das veias retiradas, mas, em todos os casos, é necessário fazer repouso por
vários dias antes de retomar as atividades normais.
- Escleroterapia com espuma
O tratamento com
espuma é realizado por meio da injeção de um agente esclerosante, o
polidocanol na forma de espuma, nas veias afetadas, . A espuma espalha-se por
todas veias doentes, promovendo a sua esclerose deixando uma cicatriz
imperceptível no organismo.
O
procedimento é guiado por ultrassom e deve ser realizado por um médico
especialista, que determinará a concentração de polidocanol de acordo com a
extensão e o calibre das veias, podendo ser usado até
mesmo para veias maiores e mais grossas, incluindo a veia safena.
Além de
ser uma técnica minimamente invasiva e de baixo risco, seu principal benefício
é permitir o retorno imediato às funções diárias. Inclusive, exercícios físicos
podem ser retomados em apenas três dias.
As varizes podem
voltar?
Como já
explicamos, as varizes podem ser tratadas, mas não há cura definitiva. Isso
significa que independentemente do tratamento adotado elas podem voltar. São as
chamadas varizes recidivadas ou residuais. Estima-se que cerca de 20% a
25% dos pacientes operados apresentam varizes recidivadas e, em média,
metade deles precisa de outra operação no período de 5 anos após o tratamento.
Isso
acontece porque o tratamento não atinge a origem do problema, apenas elimina as
veias doentes. Sem resolver a causa, nada impede que veias saudáveis continuem
a adoecer e as varizes surjam novamente.
Muitos fatores estão
relacionados ao reaparecimento das varizes, principalmente genéticos. Veja
alguns:
- genética: nesse caso, o histórico familiar deve servir de
alerta para aumentar os cuidados preventivos;
- ocupacionais: permanecer em pé ou sentado por longos períodos
sem alternar a posição nem se movimentar;
- alimentares: a obesidade também é um fator de risco para esse
problema;
- comportamentais: o sedentarismo é outra causa, por isso, é essencial
caminhar por 30 minutos diariamente após o tratamento.
- falta do uso de meia
elástica durante o período do trabalho é hoje considerado fator de risco
nas pessoas predispostas a desenvolver varizes.
Além
disso, outras causas para o reaparecimento do problema são: diagnóstico
incompleto, falha na execução do tratamento ou cirurgia, fenômeno de
neovascularização, entre outras.
Além de
entender se varizes têm cura, é importante compreender que o diagnóstico
médico feito pela entrevista médica e exame de ultrassom (ecodoppler), o
tratamento adequado e a prevenção devem ser associados para obter um resultado
melhor. Por isso, é essencial buscar somente clínicas
médicas e vasculares especializados, dotados de infraestrutura e equipamentos
adequados.
Dr. Eduardo Toledo de Aguiar - Diretor da Spaço Vascular, Presidente da Associação Brasileira de Flebologia e Linfologia, Cirurgião Vascular e Angiologista, Membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.
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