Temos
acompanhado diversas matérias nas mídias sociais sobre dois temas que pouco
tinham exposição, saúde mental e assédio moral e sexual. Então, por qual
motivo, em pleno ano de 2023, estes temas viraram trends e são
noticiados quase diariamente?
A
resposta é simples: antes da pandemia existia muito medo dos colaboradores
comentarem sobre estes assuntos. Havia o estigma nas empresas, principalmente
no tocante a questão da saúde mental, e falar de assédio era quase um assunto
“proibido”. A pandemia foi muito importante na vida de todos os colaboradores
sob a ótica de que o que não era falado passou a não ser tolerado e as pessoas
passaram a perder o medo de se expor e trazer à tona o que de fato tem
acontecido faz anos no meio empresarial, seja empresas públicas ou privadas.
Esta
semana fomos bombardeados de notícias sobre uma ex-colaboradora da Rede Globo
que foi demitida no dia que retornou de uma recuperação de Burnout, ela acabou
de ganhar a causa na justiça do trabalho, e a empresa tentou silenciar essa
ex-colaboradora dizendo “eu pago, mas você não comenta”, pelo simples medo da
verdade vir à tona.
Também
fomos informados que novamente a Petrobrás teve um aumento em seus casos de
assédio moral e sexual. Então, fica a pergunta: por que neste momento tais
notícias foram divulgadas? A resposta é realmente simples, os seres humanos não
aceitam mais as atitudes das empresas.
Simplesmente
não podemos mais ignorar que tais situações fáticas existente, e devem ser
tratadas com respeito e sem viés de julgamento. Escutei uma vez que as novas
gerações não aguentam o tranco que vivíamos no passado, trabalhávamos 14 horas
ou mais por dia e ninguém reclamava, trabalhar muito era sinônimo de
produtividade. Foi comprovado cientificamente que tal afirmação não é
verdadeira, temos a necessidade do descanso e do ócio criativo.
Considero
muito importante este movimento, pois os mesmos quebram muitos paradigmas e
vieses dentro das corporações. Em um mundo onde buscamos igualdade salarial de
gêneros, não podemos mais aceitar que as organizações aceitem tais
comportamentos ou acreditem que simplesmente demitir o causado do problema
seria o suficiente para solucionar o problema. Seria o mesmo que colocar um
band-aid em um crise estrutural que tem vários e vários anos.
Não
estamos diante de uma geração de “mimimi”, mas de pessoas que chegaram aos seus
limites, foram desrespeitadas e sofrem mentalmente com atos cometidos muitas
vezes por colaboradores de altos cargos. O momento é de agir, ir à causa raiz e
solucionar o problema existente.
Para
tanto, isso requer coragem e o fim do corporativismo estrutural que está
enraizado nas organizações. Empresas que vendem a imagem de programas de
Compliance sérios não podem tolerar mais tais situações, atitudes provocativas
e assertivas contra o status quo devem ser tomadas
imediatamente.
A
pandemia ensinou muitas coisas e uma delas foi não mais ficar calado diante
destas situações. Estamos em um momento de encruzilhada, ou resolvemos estes
problemas, ou mais e mais casos serão publicados diariamente nas mídias sociais,
criando um exército de pessoas e consumidores que podem começar a boicotar os
produtos e serviços destas empresas e de outras mais. Se as organizações
tentarem minimizar os fatos ou tentar culpar as vítimas, teremos a tempestade
perfeita para muitas crises reputacionais serias.
Concluindo,
“não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se
adapta às mudanças”. Essa frase não é de Charles Darwin como muitos pensam, o
verdadeiro autor dela é Leon C. Megginson, professor da Louisiana State
University. Sendo assim, evolução será o único caminho para as organizações.
Mas, fica o questionamento: as organizações estão eticamente maduras para
evoluir?
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