Com a campanha
"Pessoas que Mudam Histórias", o Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça
e Pescoço (GBCP) ressalta o papel de uma equipe especializada no tratamento de
tumores na região de cabeça e pescoço, que - na maioria dos casos - é uma
doença com diagnóstico em estágio avançado. A complexidade deste tipo de câncer
requer - além de oncologistas clínicos, cirurgiões de cabeça e pescoço e
radio-oncologistas, a atuação da Fonoaudiologia, Fisioterapia, Nutrição,
Endocrinologia, Estomatologia, Enfermagem, Otorrinolaringologia, Odontologia,
Psicologia, entre outras áreas
O Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço
(GBCP), em alusão ao Julho Verde, mês de conscientização sobre a doença, lança
a campanha “Pessoas que Mudam Histórias”, que visa chamar a atenção da
população para o papel de profissionais de diferentes áreas envolvidas no
cuidado multidisciplinar ao paciente. Por conta das altas taxas de diagnóstico
tardio, é comum que o tratamento seja mais agressivo e, potencialmente, mais
associado a sequelas e desconfortos. Nesse sentido, a atuação – além de
oncologistas clínicos, cirurgiões de cabeça e pescoço e radio-oncologistas – de
especialistas das áreas de Fonoaudiologia, Fisioterapia, Nutrição,
Endocrinologia, Estomatologia, Enfermagem, Otorrinolaringologia, Odontologia e
Psicologia, é fundamental para a melhor qualidade de vida do paciente.
Ao mesmo tempo que dá visibilidade para as
especificidades da atuação decisiva dos diferentes especialistas, a campanha
visa ser um instrumento de alerta para a importância do diagnóstico precoce,
reforçando o tema da campanha do ano passado, que foi “Sinais que podem mudar
histórias”. Na oportunidade, apontou-se quais sinais todos nós devemos estar
atentos, além de alertar sobre os principais fatores de risco, como tabagismo,
consumo de álcool e infecção pelo vírus HPV.
“Embora saibamos quais são as principais causas de
câncer de cabeça e pescoço, a doença segue sendo muito comum em todo o mundo. E
por falta de conhecimento sobre os principais sinais e sintomas, é também comum
que os tumores sejam descobertos mais tarde. Aí entra em ação a equipe
multidisciplinar, especializada. Com a campanha, queremos dar visibilidade para
estes profissionais, ao mesmo tempo que vamos apontar como evitar que a doença
evolua para um quadro mais agressivo”, destaca o oncologista clínico e
presidente do GBCP, Thiago Bueno de Oliveira.
Quando o tumor de cabeça e pescoço se encontra em
estágio mais avançado, aumenta a demanda, por exemplo, por fonoaudiólogos, pois
o paciente pode apresentar quadros mais severos de disfagia (dificuldade de
engolir) ou então, caso necessite de laringectomia (retirada parcial ou
completa da laringe), por exemplo, precisa passar por reabilitação para o uso
de prótese fonatória.
Outro exemplo, a Fisioterapia, considerando o amplo
espectro de tumores na região de cabeça e pescoço, pode atuar em aspectos de
dor, perda de força muscular, limitação de amplitude de movimento e
funcionalidade do ombro homolateral, edemas e linfedemas de face, paralisia
facial, trismo, entre outros.
Ao longo de todo o mês de julho, o GBCP, por meio
de ampla campanha de Comunicação na imprensa, mídia digital e redes socais,
incluindo lives e episódios especiais de podcast, ressaltará a atuação de cada
perfil de profissionais, explicando as especificidades de cada área para o
melhor controle da doença.
8 ENTRE 10 CASOS SÃO
DESCOBERTOS EM FASE AVANÇADA - Ao contrário do
que ocorre em outros órgãos, quando o câncer acomete a região de cabeça e
pescoço a doença é visível. Apesar disso, os sinais não são percebidos na
maioria dos casos. No Brasil, 8 entre 10 casos de câncer que acometem, por
exemplo, a cavidade oral, são descobertos já em fase avançada. Como
consequência, o diagnóstico tardio resulta em menor chance de controle da
doença, pior qualidade de vida para o paciente, maiores taxas de morbidade e
mortalidade, maior risco de mutilação em razão da necessidade de cirurgias mais
extensas, maior complexidade de outras modalidades de tratamento e maior
demanda por reconstrução facial, assim como mais desafios na reabilitação do
paciente.
Os diferentes tumores localizados na região de
cabeça e pescoço acometem a cavidade oral (boca, lábios, língua, gengiva,
assoalho da boca e palato), seios da face (maxilares, frontais, etmoidais e
esfenoidais), faringe (nasofaringe (atrás da cavidade nasal), orofaringe (onde
se encontra a amígdala e a base da língua) e hipofaringe (porção final da
faringe, junto ao início do esôfago), além da laringe (supraglote, glote e
subglote), glândulas salivares e glândula tireoide.
QUAIS SÃO OS
SINAIS?
Os principais sinais de alerta para câncer de cabeça e pescoço são:
- Ferida na boca que não cicatriza (sintoma mais
comum)
- Dor na boca que não passa (também muito comum, mas em fases mais tardias)
- Nódulo persistente ou espessamento na bochecha
- Área avermelhada ou esbranquiçada nas gengivas, língua, amígdala ou
revestimento da boca
- Irritação na garganta ou sensação de que alguma coisa está presa ou entalada
na garganta
- Dificuldade para mastigar ou engolir
- Dificuldade para mover a mandíbula ou a língua
- Dormência da língua ou outra área da boca
- Inchaço da mandíbula que faz com que a dentadura ou prótese perca o encaixe
ou incomode
- Dentes que ficam frouxos ou moles na gengiva ou dor em torno dos dentes ou
mandíbula
- Mudanças na voz
- Nódulos ou gânglios aumentados no pescoço
- Perda de peso
- Mau hálito persistente
Vale ressaltar que a existência de qualquer dos
sinais e sintomas pode sugerir a existência de câncer, cabendo ao médico
avaliar a necessidade de se pedir outros exames para confirmar ou não o
diagnóstico. Muitos desses sinais e sintomas podem ser causados por outros
tipos de câncer ou por doenças benignas. É importante consultar o médico ou o
dentista se qualquer desses sintomas persistir por mais de duas semanas. Quanto
mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, maiores são as
chances de sucesso:
A DOENÇA NO BRASIL
E NO MUNDO
A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer
(IARC/OMS) aponta que são esperados mais de 1,5 milhão de novos casos de câncer
de cabeça e pescoço no mundo em 2023, sendo assim o quinto câncer mais
prevalente. Considerando todos os tipos de tumores que acometem a região de
cabeça e pescoço, são mais de 460 mil mortes anuais.
No Brasil, os tipos mais comuns de câncer de cabeça
e pescoço nos homens são os de cavidade oral e laringe nos homens e de
tireoide, nas mulheres. As estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA)
para cada ano do próximo triênio (2023-2025) apontam para 41 mil novos casos de
câncer de cabeça e pescoço. Na lista dos dez tipos mais comuns em homens e
mulheres no país, os tumores na região mais comuns são cavidade oral e laringe
(homens) e tireoide (mulheres).
HOMENS |
MULHERES |
||
Próstata |
71.730 |
Mama |
73.610 |
Colorretal |
21.970 |
Colorretal |
23.660 |
Pulmão |
18.020 |
Colo do
útero |
17.010 |
Estômago |
13.340 |
Pulmão |
14.540 |
Cavidade Oral |
10.900 |
Tireoide |
14.160 |
Esôfago |
8.200 |
Estômago |
8.140 |
Bexiga |
7.870 |
Corpo do
útero (endométrio) |
7.840 |
Laringe |
6.570 |
Ovário |
7.310 |
Linfoma
não Hodgkin |
6.420 |
Pâncreas |
5.690 |
Leucemia |
6.390 |
Linfoma
não Hodgkin |
5.620 |
OS FATORES DE
RISCO SÃO CONHECIDO E A DOENÇA É EVITÁVEL
Diferente de muitos tipos de câncer, em que as
principais etiologias (causas) não são conhecidas, os principais fatores de
risco para desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço são bem estabelecidos:
não fumar, evitar consumo de bebidas alcoólicas e se prevenir contra o vírus
HPV, medida para a qual há vacinas na rede pública e privada de saúde, para
imunização de meninos e meninas. Há, portanto, um fator comum nos tumores de
Cabeça e Pescoço: na maioria das vezes são evitáveis.
Para ser mais exato, cerca de 40% dos casos
poderiam ser evitados. Não fumar, não consumir em excesso bebidas alcoólicas,
estar vacinado contra o Papilomavírus Humano - HPV e fazer a higiene bucal
corretamente. Este é o caminho da prevenção. Mudar esta realidade, desta a
campanha, depende de cada um de nós.
Desde janeiro de 2017, o Ministério da Saúde
oferece a proteção de meninos contra o vírus HPV. Essa medida se soma à
imunização que já ocorria desde 2014 nas meninas. As vacinas contra HPV
protegem contra os dois subtipos do vírus mais associados com câncer. Esses
HPVs oncogênicos – 16 e 18 - são também prevalentes em tumores de cabeça e
pescoço, principalmente de orofaringe.
“A contribuição de todos nesta causa é muito
importante. Juntos, podemos amplificar e construir uma base de informação
sólida que quebre o desconhecido e gere transformação. Queremos que a
informação correta e atualizada sobre o câncer de cabeça e pescoço chegue a
todos os profissionais de saúde e para a população em geral”, reforça o
presidente do GBCP, Thiago Bueno.
POR QUE
DIAGNOSTICAR PRECOCEMENTE É TÃO IMPORTANTE?
Dados sobre câncer de cavidade oral e laringe do levantamento SEER,
do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI), apontam que 86,6% dos
pacientes estão vivos cinco anos após o tratamento quando o tumor era inicial,
localizado apenas no órgão. Quando a doença se espalha pelos linfonodos a taxa
de sobrevida em cinco anos cai para 69,1%. Com doença à distância (metástase) a
taxa é de 39,3%.
A triagem para o diagnóstico do câncer de cavidade
oral começa na saúde primária, pelo exame clínico (visual) durante consulta ou
durante atendimento com o dentista. A confirmação deste diagnóstico depende da
biopsia. Esse procedimento, na maioria das vezes, pode ser feito de forma
ambulatorial, com anestesia local, por um profissional treinado. A análise do
material retirado em biópsia é feita pelo médico patologista, responsável por
definir o subtipo e grau de agressividade.
Alguns exames de imagem, como a tomografia computadorizada, também auxiliam no diagnóstico, e, principalmente, ajudam a avaliar a extensão do tumor. O exame clínico associado à biópsia, com o estudo da lesão por tomografia (nos casos indicados) permitem ao cirurgião definir o tratamento adequado. As lesões muito iniciais podem ser avaliadas sem a necessidade de exame de imagem num primeiro momento.
GBCP - Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço
https://www.gbcp.org.br/