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segunda-feira, 13 de junho de 2022

Inverno acende o alerta em relação a infartos e AVCs, especialmente para quem sofreu de COVID-19

Cardiologista do Hospital Pasteur destaca o risco maior de se ter um problema cardíaco nas seis a oito semanas após a contaminação pelo coronavírus e aponta os cuidados necessários para a prevenção 

 

A proximidade do inverno e a chegada de temperaturas mais frias costumam acender nas pessoas o alerta de prevenção contra gripes, resfriados, alergias e outros problemas respiratórios, comuns nessa estação. Mas é uma época do ano que também se deve estar muito atento nas precauções contra infartos e acidentes vasculares cerebrais. Em especial por causa das consequências da pandemia da COVID-19, segundo alerta o cardiologista Gustavo Laufer, do Hospital Pasteur, no Méier (RJ).

 

“A aterosclerose é um misto de doença inflamatória e acúmulo de lipídios, que causam o excesso de placas de gordura nos vasos sanguíneos e podem resultar em problemas graves, como infartos, derrames e até a morte. As doenças inflamatórias são o pontapé inicial do processo de aterosclerose. E a COVID-19 traz uma tempestade inflamatória para o organismo. Então, pessoas que já têm alguma placa de gordura acumulada, caso sejam contaminadas pelo coronavírus, correm risco muito maior de essa placa se romper e, com isso, sofrer um infarto, um derrame ou uma trombose arterial, principalmente na fase de convalescência, de seis a oito semanas após a recuperação da COVID-19”, alerta Gustavo Laufer.

 

O cardiologista do Hospital Pasteur destaca que, por isso, pessoas que sofreram de COVID-19 devem reforçar o monitoramento do coração. “É importantíssimo. Assim como, para se prevenir da COVID-19, estar com a vacinação em dia. E não só contra o coronavírus. A vacina de gripe também protege o coração, especialmente para quem já teve um infarto. Essas pessoas precisam se precaver de doenças respiratórias pois o risco de complicações delas é muito maior”, explica Gustavo Laufer.


 

Aumento do sedentarismo e de consumo de álcool nos dias de frio

 

A população em geral, da mesma forma, necessita redobrar a atenção na saúde do coração na época mais fria do ano. Isso porque o inverno provoca, muitas vezes, uma série de fatores de risco, como o aumento do sedentarismo e da ingestão de bebidas alcoólicas. Fatores que justificam os resultados de estudos realizados em diferentes países que mostram que, nesta estação do ano, o número de infartos cresce em média 30% e os de AVC (Acidente Vascular Cerebral), 20%. “No caso específico dos brasileiros, há uma questão cultural, até. A partir de setembro ou outubro, muitos entram em dietas e voltam a praticar atividades físicas pensando no verão. E abandonam esses hábitos quando o calor se vai. É muito importante manter uma rotina de exercícios físicos, apesar do frio, e uma alimentação adequada para se reduzir os riscos”, afirma o cardiologista.


 

Mulheres igualmente precisam estar atentas, em especial as que chegaram à menopausa

 

A questão dos ataques cardíacos em mulheres, que por muitos anos foi subestimada, não pode ser desprezada. Gustavo Laufer explica que até a metade do século passado, o tabagismo era um hábito quase que exclusivamente masculino. Isso mudou após a 2ª Guerra Mundial e refletiu no aumento dos problemas cardíacos femininos. “Há outro fator que contribuí para essa percepção equivocada de menor risco de mulheres enfartarem: os hormônios femininos protegem o coração durante o período fértil. Mas quando ela chega à menopausa, essa “ajuda” desaparece e os risco passa a ser igual ao dos homens. E com o agravante que homens costumam praticar mais exercícios físicos. Nem que seja uma partida de futebol no fim de semana. Mulheres que muitas vezes têm jornadas duplas, trabalhando fora e ainda cuidando de suas casas, não conseguem fazer isso com a mesma frequência, não tem esse hábito”.


Lei Henry Borel e as medidas protetivas conferidas às crianças em situação de violência doméstica e familiar.

Nos últimos dias foi sancionada a Lei 14.344/2022, conhecida como Lei Henry Borel. O texto normativo foi batizado fazendo referência ao conhecido caso do menino de 4 anos morto no último ano por hemorragia interna após ter sido espancado no apartamento em que morava com a mãe e o padrastro. 

Dentre as grandes novidades trazidas pela lei, que são muitas, destaca-se na oportunidade a instituição de medidas protetivas específicas para crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica e familiar. Sabemos que a violência doméstica e familiar é tema de extrema relevância mundial, sendo certo que existem diversos Tratados Internacionais e normas locais com foco na proteção de mulheres vítimas deste tipo de violência, objetivando minimizar os grandes efeitos ocasionados pelas agressões. Ocorre que, há anos resta constatado que a violência doméstica e familiar não ocorre apenas contra as mulheres. O ambiente doméstico embora tenha como obrigação ser um local de segurança, amparo afetivo e lazer para as crianças, nem sempre encontra na realidade os parâmetros esperados. 

Infelizmente a sociedade assiste aterrorizada há décadas casos de crimes bárbaros praticados contra crianças e adolescente no ambiente doméstico e familiar. Quem ai não se lembra do nome Isabela Nardoni?

A Lei Henry Borel entra nesse cenário para ir muito além do que tornar qualificado o homicídio praticado contra menores de 14 anos, o que inclusive já era uma realidade através do uso de outras qualificadoras previstas em lei. O grande avanço legislativo diz respeito às medidas protetivas que hoje podem ser requeridas quando houver risco iminente às crianças e adolescentes que estejam passando por situações que lhe causem, lesão, sofrimento físico, sexual, psicológico, dano patrimonial, ou cause morte. 

A partir de agora, verificada a ocorrência de ação ou omissão que implique a ameaça ou a prática de violência doméstica e familiar, com a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da criança e do adolescente, ou de seus familiares, o agressor será imediatamente afastado do lar, do domicílio ou do local de convivência com a vítima. Esse distanciamento físico entre a vítima e o agressor permite muito mais do que uma proteção material, mas principalmente visa garantir que as condutas do agressor não causem problemas psicológicos futuros à vítima. 

Além de possibilitar o afastamento do agressor, a Lei Henry Borel elenca uma série de atos que devem ser praticados pelo Estado para minimizar os efeitos negativos gerados nas vítimas, como por exemplo a assistência à criança e ao adolescente em situação de violência doméstica e familiar prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção. 

As mudanças na lei trazem ainda sanções imediatas e mais rigorosas aos agressores, algumas sem necessidade de manifestação prévia do Ministério Público, como a suspensão de posse ou porte de arma e proibição de aproximação da vítima, familiares e denunciantes. Ainda, além de poder afastar do lar o agressor, é possível que seja determinada a proibição de contato com a vítima e de frequentar lugares comuns, restrição ou suspensão de visitas e obrigatoriedade de  comparecimento a programas de recuperação e reeducação, junto com acompanhamento psicossocial. 

Se analisarmos o histórico nacional de delitos praticados contra crianças e adolescentes no âmbito doméstico e familiar, conseguimos com facilidade perceber o quanto essas normas protetivas vem para somar esforços no combate à violência contra menores no Brasil. Apesar de agora existir essa legislação protetiva, é extremamente importante que seja colocada em prática e divulgada as premissas normativas, sob o grande risco de tornarmos uma proteção inoperante, assim como ocorreu com a Lei Maria da Penha nos anos iniciais à sua vigência.

 

Carolina Carvalho Carvielli - advogada sócia da área penal do Vigna Advogados. Especialista em Direito Penal pela Universidade Arnaldo, umas das mais respeitadas de Belo Horizonte.



Junho Vermelho reforça a importância da doação de sangue

A queda do número de doações em todo país compromete diretamente crianças

e adolescentes em tratamento de câncer e o Hospital do GRAACC, referência em oncologia pediátrica de alta complexidade, vem convidar a comunidade a fazer parte desta campanha de solidariedade.

 

A Campanha Junho Vermelho e o Dia Mundial do Doador de Sangue, comemorado no dia 14/6, visam mobilizar o maior número de pessoas em prol da doação. Durante todo o ano, os principais hemocentros do Brasil enfrentam o desafio de manter seus estoques abastecidos. Em alguns períodos do ano como férias e feriados prolongados, a queda no estoque geral destes centros chega a 40%. Dados do Ministério da Saúde apontam que apenas 1,8% da população brasileira doa sangue, quando o ideal seria de, pelo menos, 3%. 

Uma bolsa de sangue pode beneficiar até quatro pessoas nas mais diversas situações, como cirurgias, tratamentos de câncer e doenças crônicas. No Hospital do GRAACC, referência no tratamento do câncer infantojuvenil, os pacientes apresentam grande demanda transfusional. Mensalmente são utilizadas cerca de 1.000 unidades de hemocomponentes, que são produtos derivados do fracionamento do sangue total (concentrados de hemácias, plaquetas, plasma e crioprecipitado). Cerca de 70% das transfusões sanguíneas ocorrem em pacientes internados os outros 30% ambulatoriais. 

“O suporte transfusional é fundamental para o paciente com câncer, seja durante a quimio e radioterapia, nas internações, procedimentos cirúrgicos ou durante o transplante de medula óssea. Esses pacientes podem ter a produção das células do sangue prejudicada pela própria doença ou pela terapia utilizada e com a transfusão, conseguimos estabilizá-los e permitir a realização de um tratamento seguro e eficaz”, explica Dra. Paula Guedes, médica responsável pelo Serviço de Hemoterapia do GRAACC.

 

Quem pode doar?

- Pessoas em boas condições de saúde com idade entre 16 (autorização do responsável) e 69 anos (sendo que a primeira doação deve ter sido realizada até os 60 anos);

- Pesar no mínimo 50 kg;

- Estar devidamente alimentado (evitar alimentos gordurosos nas 4 horas que antecedem a doação);

- Apresentar documento original com foto, legível e emitido por órgão oficial;

- Pessoas que tiveram contato direto com casos suspeitos ou que foram diagnosticadas com Covid-19 são consideradas inaptas por um período de 30 dias;

- Candidatos que foram vacinados contra Covid-19 só podem doar 48 horas após cada dose (vacina Coronavac, da Sinovac/Butantan); e 7 dias após cada dose (vacina Oxford, da AstraZeneca/Fiocruz).*
* Critério adotado segundo Informe Técnico do Ministério da Saúde de 23/01/2021.

 

Como doar para o GRAACC

Para doar sangue ao Hospital do GRAACC, basta identificar a unidade de coleta da Colsan (Sociedade Beneficente de Coleta de Sangue) mais próxima da sua casa. A doação é um procedimento rápido e seguro.


Junho Lilás: Você conhece o teste do pezinho?

Maternidades do Norte do país destacam a importância do exame para garantir a saúde dos recém-nascidos


Neste mês, ocorre a sexta edição da campanha Junho Lilás, ação que alerta sobre a importância do teste do pezinho para a saúde do neonato. A campanha foi criada em 2017, pelo Instituto Jô Clemente (IJC), antiga Apae de São Paulo, órgão ativo no acompanhamento da saúde das pessoas com deficiência, atuando desde a prevenção à reabilitação.

 

O teste do pezinho é um exame de sangue, onde são coletadas algumas gotas do calcanhar do recém-nascido, que são colocadas em um papel e seguem para análise em laboratórios públicos ou privados. Realizado entre o segundo e quinto dia de vida do bebê, o exame é capaz de identificar diversas doenças que causam complicações graves, antes mesmo do surgimento de sintomas iniciais. 

 

“O exame tem a finalidade de diagnosticar precocemente e impedir o desenvolvimento de doenças que podem levar à deficiência intelectual, ou causar outros prejuízos à saúde e qualidade de vida do bebê”, explica Joice Vaz, diretora Assistencial do Hospital Materno-Infantil de Barcarena, unidade referência em gravidez de alto risco e recuperação de prematuros na região do Baixo Tocantins, interior paraense. “Caso o teste não seja realizado, o advento de uma patologia pode causar sérios danos à saúde da criança, incluindo retardo mental grave e irreversível”, alerta a profissional.


 

Exames detectam até 48 doenças

 

Atualmente, são oferecidas três versões do exame no país: Básico, Ampliado (ou Mais) e Expandido (ou Super). O teste do pezinho básico é obrigatório e gratuito em todas as regiões do Brasil. Esse tipo do exame é capaz de identificar até seis doenças congênitas, genéticas e metabólicas, sendo elas: Fenilcetonúria, Hipotireoidismo Congênito, Fibrose Cística, Anemia Falciforme, Hiperplasia Adrenal Congênita e Deficiência de Biotinidase.   

 

O Teste Mais, também conhecido como Ampliado, pode detectar mais três diagnósticos, além daqueles inclusos no exame básico. Já, o Super, também chamado de Expandido, é o único que compreende 48 doenças, sendo um dos mais completos testes de Triagem Neonatal do mundo.

 

Yara Leite, gerente de Enfermagem do Hospital Bom Pastor, referência assistencial em Obstetrícia e Pediatria na região de Guajará-Mirim (RO), destaca o prazo para realização do teste. “Para que a prevenção seja possível, o exame deve ser efetuado após 48 horas de vida do bebê, até seu quinto dia de vida. Se feito antes, ou depois deste período, o resultado pode não ser preciso, prejudicando a avaliação da saúde da criança”, enfatiza a especialista.

 

“Uma vez que o resultado seja positivo para alguma das doenças identificadas pelo teste do pezinho, as unidades de saúde seguem o protocolo de realização de outro teste comprobatório, que deve ser acompanhado por um pediatra. É importante frisar que a identificação da doença não significa que a criança desenvolverá a patologia em questão. O exame é feito, justamente, para tratar a condição de forma precoce”, completa Joice Vaz. 

Segundo a Lei Federal 8.069, durante os atendimentos de pré-natal e puerpério, é obrigatório que os profissionais de saúde ofereçam o teste do pezinho, e informem a gestante e acompanhantes sobre os benefícios, e eventuais diferenças entre as modalidades oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e na rede privada. O exame é oferecido gratuitamente na rede pública de saúde, e pode ser encontrado em versão expandida em laboratórios, hospitais e maternidades particulares mediante pagamento.


Mais crianças com miopia: uma triste realidade do século XXI

Não é de hoje que a comunidade médica vem se preocupando cada vez mais com a visão das crianças. Bem antes de 2020 já era comum que víssemos os pequenos continuamente focados na tela de celulares e tablets em momentos em que deveriam estar gastando a energia em brincadeiras ao ar livre. Porém, com a necessidade de manter as crianças em casa por dois anos – muitas delas com condições de comorbidade e, assim, mais suscetíveis à Covid-19 – essa questão aumentou consideravelmente, principalmente com as aulas online. 

Nós, seres humanos, somos resultado da evolução. E a evolução consiste em mudarmos, ao longo de muito tempo, alguns aspectos físicos, biológicos e fisiológicos, de forma a adaptá-los a novas necessidades. Com a rápida ascensão da internet e das tecnologias digitais neste início de século, ainda não tivemos tempo para evoluir os olhos a ponto de garantir a saúde ocular das gerações atuais frente à exposição de telas e luzes brancas com que temos que lidar continuamente. O que acontece, então? Acontece que as pessoas estão desenvolvendo mais problemas visuais, cada vez mais cedo, e nossas crianças também. 

Um estudo feito com crianças chinesas e publicado pelo periódico JAMA Ophthalmology no início deste ano revelou os primeiros dados analíticos em larga escala sobre o fato de a pandemia ter aumentado – e ainda estar aumentando – os casos de miopia entre a população infantil. Segundo os números publicados, entre os anos de 2015 e 2019 a incidência de miopia em crianças de seis anos era de 5,7%. Em 2020, esse número saltou para 21,5, sendo que o aumento também foi percebido nos menores de sete e oito anos. Em todos os casos, o estudo indica que esse resultado se relaciona diretamente com o fato de as crianças se forçarem a olhar algo muito de perto – situação que se observa quando elas usam smatphones, tablets e fazem aulas online.  

Até agora falei de crianças em idade escolar. Mas, e quando se trata de crianças ainda menores de dois anos? Bom, aqui é importante dizer que, nesse período da vida, as crianças têm um tecido ocular maleável e que se deforma com facilidade, favorecendo o surgimento da miopia. 

A miopia tem fatores genéticos e ambientais – filhos de pai ou mãe míopes têm mais chances de desenvolver o distúrbio visual – e é caracterizada por um globo ocular mais “longo”, o que provoca a formação da imagem antes que a luz chegue até a retina, causando dificuldades em ver de longe. Porém, se considerarmos a realidade das crianças do século XXI, a causa desse aumento está mais ligada ao uso de telas do que à hereditariedade. É verdade que, antigamente, não havia um cuidado preventivo como há hoje, com os responsáveis levando seus filhos para começarem cedo nas consultas com oftalmologistas – se há mais cuidados e exames, também há mais diagnósticos e mais crianças usando óculos. Por outro lado, o estilo de vida que levamos atualmente favorece, sim, o surgimento de problemas oculares e não deixa de ser alarmante indicar lentes de grau alto a crianças tão pequenas por razões que são, sim, possíveis de serem evitadas ou contornadas. 

Tudo bem que elas são a geração Z, que já nasceram imersas em tecnologia e no mundo digital, mas os cuidados com os excessos transcendem as gerações e, assim como o próprio ser humano, também precisam evoluir conforme as necessidades do momento. E a necessidade, neste momento, é: evite que seus filhos passem tempo demais em telas. As crianças são o nosso futuro e precisamos que elas enxerguem longe. 

 


Pedro Duraes - oftalmologista e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa  

 

Fonte: https://jamanetwork.com/journals/jamaophthalmology/fullarticle/2774808

 

Mês da Cardiopatia Congênita: doença afeta 30 mil crianças por ano no Brasil

 Alterações na estrutura ou na função do coração podem ser diagnosticadas antes mesmo do nascimento e requerem acompanhamento até a idade adulta

 

Durante o desenvolvimento fetal, podem ocorrer malformações no coração que prejudicam o funcionamento adequado do órgão. Por isso, junho, o Mês da Cardiopatia Congênita, traz um alerta sobre essas alterações que afetam 10 a cada mil nascidos vivos no Brasil, cerca de 30 mil crianças por ano, de acordo com o Ministério da Saúde. Na apresentação grave, a enfermidade é responsável por 30% dos óbitos de bebês com até 28 dias de vida. 

“Entre as causas estão condições maternas, como diabetes mellitus, hipertensão, lúpus, infecções como a rubéola e a sífilis, uso de medicamentos e drogas e histórico familiar. Quando a mulher é cardiopata e já tem um filho também com a enfermidade, a chance de ela gerar outra criança com alterações cardíacas aumenta”, alerta a Dra. Ieda Jatene, cardiologista responsável pelo Serviço de Cardiologia Pediátrica e Cardiopatias Congênitas do Hcor. 

Ainda que a anomalia possa ser diagnosticada durante a gestação, por meio do ecocardiograma fetal, realizado entre 21 e 28 semanas, muitas vezes, só é descoberta após o nascimento, quando o Teste do Coraçãozinho é feito na maternidade. “Com um oxímetro, são medidos o nível de oxigênio no sangue e os batimentos cardíacos do recém-nascido. É um exame de baixo custo, rápido, não-invasivo, indolor e obrigatório, também oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, conta a especialista. 

Ao ser detectada uma alteração, seja na gestação, após o nascimento ou já na idade adulta, pode ser necessária uma intervenção para melhorar o prognóstico. “O tratamento pode começar ainda na fase fetal, após um diagnóstico intrauterino, e seguir por toda a vida. Existem cardiopatias que, ao serem tratadas na infância, permitem o desenvolvimento de uma forma muito próxima da normalidade. Dependendo do caso, podemos realizar procedimentos menos invasivos, como cateterismo, implantes de balões e stents, ou mais complexos, utilizando uma sala híbrida, ambiente que une centro cirúrgico, laboratório de hemodinâmica e equipamentos de imagem de alta definição”, explica a Dra. Ieda. 

No Hcor, hospital referência em cardiologia no País, há uma área exclusiva para cardiopatias congênitas com uma estrutura física, clínica e tecnológica especializada. “Temos uma linha completa de cuidados, que assiste o paciente com diagnóstico, ambulatório, unidade de internação ou UTI, cirurgia (incluindo de transplante do coração) e reabilitação física e cognitiva. O atendimento é realizado tanto pela saúde suplementar quanto pelo SUS, em parceria com o Ministério da Saúde, pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), via regulação nacional. “Recebemos gestantes e crianças, de todo território nacional, que são encaminhadas pelo Ministério da Saúde. Desta forma, conseguimos diminuir a fila de espera da central nacional de regulação pelo tratamento especializado em cardiopatia complexa no Brasil e contribuir para a redução dos índices de mortalidade infantil”, esclarece a coordenadora da área. 

Como parte de suas ações de responsabilidade social, de 1º de janeiro de 2021 a 11 de maio de 2022, o Hcor, em parceria com o Ministério da Saúde, atendeu 48 pacientes e realizou 131 consultas, 140 exames e 85 cirurgias. A maioria dos pacientes reside no Norte e Nordeste do País (85%), regiões em que há maior carência de assistência especializada. Já pelo programa de gratuidade, o hospital realizou 663 consultas e 291 exames, no mesmo período.

 

PGR: Seconci-SP orienta sobre mudanças na abordagem dos perigos e riscos

Há incompatibilidades dos perigos/riscos nos programas de Saúde e Segurança do Trabalho


Com a vigência em 3 de janeiro da Norma Regulamentadora (NR) 1 – Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, iniciou-se uma nova fase na prevenção de acidentes, pois o objetivo das mudanças foi a simplificação, a desburocratização e a harmonização das normas. No entanto, algumas polêmicas têm ocorrido. Os coordenadores de Medicina Ocupacional e de Segurança do Trabalho do Seconci-SP (Serviço Social da Construção), respectivamente dr. Alexandre de Castro Costa e Uelinton Luiz, chamam a atenção para falhas interpretativas que têm causado dúvidas e transtornos a empresas, consultorias e profissionais prevencionistas.

Uelinton ressalta que algumas práticas utilizadas durante a vigência do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), e que deveriam ser descontinuadas, ainda estão sendo utilizadas no PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos), inviabilizando as relações entre os envolvidos, como exemplo: exigência de constar todos os perigos/riscos do PGR no PCMSO/ASO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional/Atestado de Saúde Ocupacional); falha no entendimento dos conceitos de perigos e riscos; exigência de fornecimento de inventário de riscos específicos por estabelecimento das empresas contratadas para as contratantes; falha de compreensão das especificidades do PGR, do LTCAT (Laudo Técnico das Condições do Ambiente de Trabalho) e do eSocial.


Mudança relevante

Segundo o dr. Costa, a partir da última revisão da NR 7 (que traz o PCMSO), o ASO deverá conter apenas os perigos ou fatores de risco que necessitem de controle médico, conforme o item 7.5.19.1 da NR 1. Esta mudança é de extrema relevância, pois os perigos/riscos de acidentes, em sua maioria – como choque elétrico, explosão, projeção de partículas, os quais necessitam de ações de engenharia (proteções, liberações, barreiras etc.) e não de medicina – não deverão “aparecer” no ASO/PCMSO. Da mesma maneira, aqueles perigos quantificáveis que estiverem abaixo dos níveis de ação também não constarão no ASO.

A base do PGR é o processo de identificação de perigos e avaliação de riscos. O anexo I da NR 1 explica que Perigo é a fonte com o potencial de causar lesões ou agravos à saúde, enquanto o Risco é a combinação da probabilidade com a severidade da lesão ou agravo à saúde. Desta forma, nem todo perigo apontado no PGR evoluirá para um risco e precisará de atenção médica, informa Uelinton.

Conforme o item 1.5.8.4 da NR 1, as empresas contratadas devem fornecer ao contratante os Inventários de Riscos Ocupacionais específicos de suas atividades. Assim, uma vez que a contratada cumpra as seis etapas previstas no item 1.5.3.2 da NR 1, seu inventário estará completo e disponível para validação do seu contratante. Apenas em casos que existam riscos que necessitem de controle médico na planta do contratante e que não estejam contemplados no inventário da contratada, esta deverá ser comunicada e elaborar um inventário especifico para atender a demanda médica.


Abrangências diferentes

Algumas empresas têm utilizado as quantificações do LTCAT no PGR. Mesmo a Instrução Normativa 7, artigo 261, aceitando a possibilidade de o LTCAT ser substituído pelo PGR, é importante utilizar critérios técnico/analíticos, pois além das nomenclaturas dos agentes serem diferentes, nem todos têm a mesma abrangência.

Por exemplo: na tabela 24 dos leiautes do eSocial utiliza-se o agente nocivo Ruído; na NR 15 – Atividades e Operações Insalubres, utiliza-se Ruído Contínuo ou Intermitente. Ambos têm incremento de duplicação de dose diferentes, igual a 3 para a legislação previdenciária, e 5 para a legislação trabalhista, alterando assim o resultado da medição, sendo a Previdência mais restritiva. Portanto, a utilização do resultado errado nos documentos pode comprometer as medidas de prevenção e financiamento da aposentadoria especial.

Outro exemplo é o trabalho em contato com a umidade. Ele não consta na tabela 24 e não tem previsão de aposentadoria especial pela legislação previdenciária e na NR 15, a qual reconhece a possibilidade do adicional de insalubridade somente em decorrência das atividades previstas no Anexo 10 (por exemplo, trabalho em áreas alagadas).

Por conta destas polêmicas, o Seconci-SP tem se posicionado como orientador e formador de opinião e direcionado as empresas a práticas de prevenção que resultem na gestão do PGR, cumprindo assim as premissas de evitar, identificar, avaliar, classificar, prevenir e acompanhar o controle dos riscos ocupacionais.


Estoques baixos nos bancos de sangue colocam em risco cirurgias em hospitais

Dados revelam que o nível de estoques nos bancos de sangue no Brasil está mais baixo do que no período crítico da pandemia da covid-19
Créditos: Envato


Com a retomada de procedimentos eletivos, demanda aumentou, mas doações de sangue não seguiram o mesmo ritmo


Dados revelam que o nível de estoques nos bancos de sangue no Brasil está mais baixo do que no período crítico da pandemia da covid-19. A explicação para isso é que o número de doações subiu menos do que o de cirurgias eletivas que voltaram a ser realizadas. Para se ter uma ideia, o Hospital Universitário Cajuru, referência no atendimento SUS em Curitiba, realiza cerca de 147 mil atendimentos por ano - entre urgências, emergências, cirurgias e consultas laboratoriais. Para isso, utiliza cerca de 410 bolsas de sangue todos os meses no atendimento aos pacientes.

“No atendimento de emergência, muitas vezes não dá para saber o tipo sanguíneo do paciente e por isso procuramos ter sempre estoque de bolsas O-, que são do tipo universal. São momentos em que cada segundo faz a diferença. É muito comum pacientes graves precisarem de transfusão de sangue no internamento”, explica o coordenador médico do Pronto Socorro do hospital referência em trauma, José Fernando Rodriguez.


Planejamento de cirurgias eletivas

Além das cirurgias, os hemocomponentes também são habitualmente utilizados em tratamentos de hemofílicos, pessoas com câncer e transplantados. No caso das cirurgias eletivas, existe um planejamento cirúrgico feito com, no mínimo, uma semana de antecedência em que a equipe médica prevê todos os hemocomponentes e medicamentos que serão necessários para o procedimento.

A coordenadora de enfermagem do bloco cirúrgico do Hospital Marcelino Champagnat, Íris Andriani, explica que as cirurgias costumam ser pré-agendadas no hospital, que é referência em procedimentos de alta complexidade, e sendo assim, a equipe médica encaminha o planejamento cirúrgico com uma semana de antecedência. “Já temos uma previsão de medicamentos e hemocomponentes que vamos precisar antes do início de cada procedimento. Quando está prevista alguma transfusão, normalmente o paciente é internado pelo menos 6 horas antes da cirurgia, para dar tempo de verificarmos a tipagem e já providenciarmos as bolsas”, conta.

Em geral, o hospital utiliza uma média de 200 bolsas de sangue mensais, mas, algumas vezes, acaba precisando de mais, como aconteceu em outubro de 2020, na cirurgia inédita no Brasil que retirou 32 kg de um tumor nas pernas da jovem Karina Rodini, que sofre com neurofibromatose. “Nesse caso, já sabíamos que seria preciso mais de 30 bolsas de sangue uns 20 dias antes do procedimento e já começamos as solicitações para o Hemobanco”, complementa Íris.


Agência transfusional

Geralmente, os hospitais têm um banco de sangue que serve como referência, que realiza a gestão do estoque centralizado e baseado no consumo de hemocomponentes por cada instituição cliente. Existe um estoque central, além de estoques em todas as agências transfusionais dentro dos hospitais. São estabelecidos estoques mínimos de cada hemocomponente, com a finalidade de garantir a segurança do processo de atendimento aos pacientes.


Junho Vermelho

No mês de junho, tradicionalmente as doações de sangue diminuem - seja pelas férias escolares ou pelo frio e aumento de doenças respiratórias. Podem doar sangue pessoas com idade entre 16 e 69 anos (menores de idade precisam estar acompanhados de um responsável legal), bem alimentadas e bem de saúde, e pesando mais de 50 kg. Doenças respiratórias deixam o doador inapto enquanto doente. Outro ponto que precisa de atenção são as vacinas contra covid-19. Quem tomou Coronavac só pode doar sangue após 48 horas. Quem tomou Astrazeneca, Pfizer ou Janssen, somente após 7 dias.

Homens podem doar até quatro vezes ao ano com intervalo mínimo de dois meses e mulheres três vezes ao ano, com intervalo de três meses. 

 

Venda de medicamentos oncológicos cresce 30% em um ano

Esse é o índice registrado pela InterPlayers no período de fevereiro/2021 a janeiro/2022 em comparação com os 12 meses imediatamente anteriores


Oncologia

Levantamento feito pela InterPlayers, o hub de negócios da saúde e bem-estar, mostra que houve aumento médio de 30% na venda de medicamentos oncológicos no período de fevereiro/2021 a janeiro/2022 em comparação com os 12 meses imediatamente anteriores. O estado que mais contribuiu para esse aumento desse tipo de medicamento foi Distrito Federal, com aumento de 160% na variação móvel (12 meses), seguido do Espírito Santo (131%) e Rio Grande do Sul (19%). Na contramão, Ceará foi a Unidade da Federação com maior contribuição negativa (-15%), seguido de São Paulo (-2%).   

Levantamento feito pela InterPlayers, o hub de negócios da saúde e bem-estar, mostra que, de fevereiro/2021 a janeiro/2022, a venda de medicamentos oncológicos no Brasil cresceu, em média, 30% na comparação com os 12 meses imediatamente anteriores, ou seja, fevereiro/2020 a janeiro/2021. Considerando apenas janeiro de 2022 ante janeiro de 2021, o avanço registrado foi de 25%, em média.

Ainda de acordo com a pequisa da InterPlayers, baseada em números de seu próprio banco de dados, o estado que apresentou a maior contribuição positiva para as vendas desse tipo de produto foi Distrito Federal, com aumento de 160% na variação móvel (12 meses), seguido do Espírito Santo (131%), Rio de Janeiro (31%) e Rio Grande do Sul (19%). No sentido oposto, Ceará foi a Unidade da Federação que mais contribuiu negativamente (-15%) na procura por este tipo de medicamento, seguido do São Paulo (-2%) (ver tabela abaixo).

A alta da procura por medicamentos oncológicos parece preocupante à primeira vista, mas o fenômeno pode ser mais um daqueles relacionados às restrições causadas pela pandemia de covid-19. Durante a primeira onda de contaminação, iniciada em 2020, clínicas e hospitais públicos e privados tiveram de cancelar consultas e internações eletivas por causa da necessidade de atender os pacientes que contraíram o coronavírus. Esse fator pode ter sido responsável por distorcer o resultado.

Diversos fatores influenciam esse resultado, sendo um deles a diminuição dos casos e mortes em virtude da Covid-19. “Principalmente em 2020 as pessoas ficaram mais tempo trancadas dentro de casa por causa da pandemia e, além de as clínicas e os hospitais adiarem certos atendimentos, muita gente deixou para ir ao médico somente quando se sentiu segura para sair. Isso aconteceu conforme a vacinação foi avançando, resultando em maior demanda por esse tipo de medicamento nos últimos 12 meses”, comenta Ilo Souza, Gerente de Inteligência Comercial, da InterPlayers.

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), publicados em junho do ano passado, em 2020, 309.750 homens brasileiros foram diagnosticados com algum tipo de câncer. Desse total, 65.840 apresentaram câncer de próstata. Entre as mulheres, o número de novos casos em 2020 foi de 316.280, sendo o de mama o mais comum, com 66.280 novos diagnósticos.

 

Venda de medicamentos oncológicos

 

Brasil (média)

Crescimento comparando janeiro/21 com janeiro/22 (YTD: Acumulado do ano até no mês corrente): 25%
Crescimento nos últimos 12 meses, comparado ao mesmo período no ano anterior (VARIAÇÃO MOVEL): 30%

Estados que apresentaram maiores contribuições para aumentos e maiores recuos*:

UF

 VAR YTD

 VAR MOV

 DF

189%

160%

 ES

64%

131%

 RS

7%

19%

 RJ

11%

31%

 SP

-4%

-2%

 CE

-33%

-15%

 

*Classificação em ordem de contribuição (positiva ou negativa)

 

Fonte: InterPlayers


Fisiologia feminina faz com que mulheres doem menos sangue que homens; engajamento, porém, é maior

 Doar sangue salva vidas e a campanha Junho Vermelho tem como propósito incentivar essa atitude, além de conscientizar e sensibilizar as pessoas sobre a importância da doação.

 

Dados do 9° Boletim de Produção Hemoterápica Brasil da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) mostram que 57% dos doadores foram homens e 42% mulheres. A Dra. Renata Rizzo, da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), explica que “existe uma diferença entre os gêneros devido ao fato de baixo peso, hemoglobina/hematócrito abaixo do permitido, gestação, uso de medicamentos, entre outros motivos que são em sua maioria fatores relacionados ao sexo feminino”. 

De acordo com a portaria do Ministério da Saúde, para doar é preciso preencher alguns requisitos como ter mais de 50 kg e ter entre 16 e 69 anos. O público entre 16 e 17 anos precisa de autorização de um pai ou responsável, e aqueles que tiverem idade entre 60 e 69 só podem doar caso já tenham doado alguma vez antes de completarem 60 anos. O intervalo de doação para os homens é de 60 dias - no máximo 4 doações em 12 meses. Já as mulheres podem doar com intervalo de 90 dias - máximo de 3 doações em 12 meses.  

A seguir, confira esclarecimentos sobre outras condições que podem impactar a doação de sangue por mulheres.

 

A mulher pode doar sangue menstruada? 

Essa é uma dúvida frequente para as mulheres. Renata esclarece que a menstruação não é contraindicação para a doação. No entanto, condições como hipermenorréia (sangramento prolongado, acima de 8 dias, ou quantidade excessiva, maior que 80 ml, durante o período menstrual) ou outras alterações menstruais são consideradas na avaliação médica.

 

Situações temporárias que impedem a mulher de doar: 

 

Uso de Medicamentos 

De acordo com a especialista da ABHH, cada medicamento será avaliado individualmente e em conjunto e sempre que apresentar alguma correlação com a doação de sangue, será registrado na ficha de triagem.
 

Os níveis de hematócrito/hemoglobina 

Os valores mínimos aceitáveis do nível de hemoglobina/hematócrito são: Hb =12,5g/dL ou Ht =38% para as mulheres. A candidata que apresentar níveis de Hb igual ou maior que 18,0g/dL ou Ht igual ou maior que 54% será impedida de doar e encaminhada para investigação clínica.
 

Gravidez e Amamentação 

As gestantes, mães que amamentam ou que tiveram bebê há menos de um ano não devem doar. O Ministério da Saúde proíbe a doação de sangue de gestantes e lactantes. Ao longo da gestação, o corpo apresenta um volume de 30% a 50% a mais de sangue. Não é recomendado, no entanto, que a grávida doe sangue, já que se trata de um período de vulnerabilidade, em que o organismo está concentrado no desenvolvimento do bebê. 

“Durante o segundo mês de gravidez, as mulheres iniciam uma hemodiluição, o que significa que elas começam a ter aumento na produção de células vermelhas e desenvolvem um crescimento maior de plasma, sendo assim, elas tendem a desenvolver um quadro chamado de anemia fisiológica da gravidez”, explica o ginecologista Belmiro Gonçalves, membro da Comissão de Hiperglicemia e Gestação da Febrasgo.  

“Por isso a Organização Mundial da Saúde (OMS), orienta que os médicos façam reposição de sulfato ferroso, já que gestantes costumam ter uma maior formação de células hematológicas. No pós-parto e durante o período de amamentação também há uma redução do ferro endógeno, fazendo com que a paciente consuma mais ferro, sendo esse também um momento não ideal para a doação”, completa o especialista.
 

Procedimentos e tratamentos de saúde 

Alguns tipos de tratamentos, tatuagens, micro pigmentação, cirurgia, vacinas como a de Hepatite após 11 anos de idade, entre outros, também são motivos impeditivos à doação.

 

Técnica permite sequenciar o genoma do vírus causador da varíola dos macacos em apenas 18 horas


Protocolo desenvolvido por grupo do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus foi usado para analisar amostra do primeiro paciente com diagnóstico confirmado no Brasil. Tecnologia poderá ser útil para detectar novos vírus emergentes (foto: CADDE/divulgação)·        

 

Pesquisadores do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE) concluíram em apenas 18 horas o sequenciamento completo do genoma do vírus monkeypox (MPXV) isolado do primeiro paciente com diagnóstico de varíola dos macacos confirmado no Brasil.

O feito tornou-se possível graças à adaptação para o MPXV de uma técnica de metagenômica rápida desenvolvida durante o doutorado de Ingra Morales Clarobolsista da FAPESP. O trabalho foi coordenado pela professora da Universidade de São Paulo (USP) Ester Sabino, que também esteve à frente do primeiro sequenciamento de SARS-CoV-2 no país, em março de 2020, e dos primeiros casos da nova variante gama, surgidos em Manaus cerca de um ano depois (leia mais em: agencia.fapesp.br/32637/ agencia.fapesp.br/35290/).

A equipe do CADDE divulgou os resultados ontem (09/06) no virological.org, site em que virologistas de todo o mundo compartilham informações sobre patógenos de interesse em tempo real.

“Recebemos a amostra de um paciente internado no Hospital Emílio Ribas às 16 horas de terça-feira [07/06] e às 10 horas da manhã seguinte o genoma do vírus, que tem quase 200 mil pares de bases [bem mais que as 30 mil do SARS-CoV-2], estava sequenciado e analisado. A metodologia que desenvolvemos é, em média, 45% mais rápida do que as técnicas de metagenômica convencionais. E o custo também é menor, podendo chegar a US$ 30 por amostra”, conta Claro à Agência FAPESP.

Como explica Sabino, os cientistas costumam recorrer a análises metagenômicas quando precisam identificar um novo vírus emergente (como foi o caso do SARS-CoV-2 em 2019) ou detectar em amostras de pacientes um vírus já conhecido sem ter em mãos os reagentes específicos necessários (como ocorre agora com o MPXV).

Isso porque o teste de RT-PCR, padrão-ouro para diagnóstico da COVID-19 e de várias outras doenças, requer os chamados primers (iniciadores), que são sequências de nucleotídeos complementares às sequências virais que iniciam a replicação do material genético. E o resultado depois precisa ser comparado com controles negativos e positivos.

“Quando tem início uma epidemia por um agente infeccioso novo, um dos grandes gargalos para o diagnóstico dos casos é a falta de primers específicos e de controles positivos. Essa técnica pode ser útil nessas situações, pois permite identificar patógenos ainda desconhecidos, para os quais não há reagentes”, explica Sabino.

E quanto mais cedo ocorre a detecção do caso “index” (o primeiro caso), maior a probabilidade de contenção de um vírus emergente, acrescenta Claro.

No caso da metagenômica são usados primers aleatórios (não específicos para um determinado vírus ou bactéria), que possibilitam sequenciar todo o material genético contido em uma amostra biológica, inclusive o do hospedeiro (humano, no caso) e de outros patógenos que ele eventualmente albergue. Em seguida, essas informações são analisadas por técnicas de bioinformática e comparadas com um painel de referências.

“Exatamente como foi feito com o MPXV. Os dados obtidos foram mapeados em uma sequência do vírus já disponível para estudos. E isso nos permitiu comprovar que se tratava do monkeypox", diz Claro.


Encurtando caminhos

A confirmação oficial do primeiro caso brasileiro de varíola dos macacos foi feita ontem (09/06) pelo Instituto Adolfo Lutz. O laboratório de referência paulista conduziu a análise metagenômica em uma plataforma conhecida como Illumina, uma das tecnologias que tem sido usada para detectar o MPXV nos centros europeus e norte-americanos e considerada padrão-ouro. O sequenciamento por esse método leva em média 48 horas para ser concluído.

Já o grupo do CADDE usou um sequenciador portátil conhecido como MinION, da Oxford Nanopore Technologies, e fez adaptações no protocolo usado para sequenciar o vírus zika (a partir de 2015) e o SARS-CoV-2 (a partir de 2020), tornando-o mais rápido.

“Uma das vantagens deste novo protocolo é a redução no tempo de preparo da amostra para sequenciamento, que passa de 14 horas para 5h40 minutos”, relata Claro.

Como a taxa de erro é um pouco mais elevada que a da plataforma Illumina, a equipe do CADDE buscou gerar até 300 leituras (reads) redundantes para cada região do genoma viral. “Quando cobrimos diversas vezes a mesma região e encontramos o mesmo resultado, podemos ter certeza de que não se trata de um erro de leitura”, diz a pesquisadora.

O passo seguinte foi montar a árvore filogenética do MPXV isolado no Brasil. Para isso, a equipe do CADDE comparou a sequência obtida na USP com outras 102 divulgadas este ano por cientistas de países como Bélgica, Portugal, Reino Unido, Alemanha, Espanha e Estados Unidos. O objetivo foi mensurar o grau de similaridade entre as sequências, o que dá pistas sobre as relações evolutivas.

“Baixamos todos os genomas completos sequenciados em 2022 [até 09/06], alinhamos as sequências e montamos a árvore filogenética. Vimos que o MPXV detectado aqui se encaixa em um grande clado [grupo], o mesmo em que estão os vírus sequenciados na Europa e nos Estados Unidos. Quando comparamos com o genoma de referência do CDC [o Centro de Controle de Doenças norte-americano], atualizado em maio, observamos somente três mutações”, conta Claro.

A título de comparação, o primeiro genoma de MPXV sequenciado em 2022 apresentou 47 mutações em relação ao último caso até então descrito (em 2018, na África).

“O que essas mutações representam e se de alguma forma elas contribuíram para o aumento no número de casos é algo que ainda está sendo estudado por outros grupos de pesquisa. Nós aqui no CADDE vamos ficar de olho nos próximos casos. A ideia é continuar sequenciando para monitorar a evolução do vírus”, revela Claro.

Embora seja conhecido por causar a varíola dos macacos ou varíola símia, o MPXV é um vírus que infecta principalmente roedores na África. O patógeno integra a família Orthopoxvirus, a mesma do vírus da varíola humana, erradicada em 1980.

A doença geralmente começa com febre, fadiga, dor de cabeça, dores musculares, ou seja, sintomas inespecíficos e semelhantes aos de resfriado ou gripe. Alguns dias após o início da febre aparecem as lesões na pele, que contêm alta carga viral. A disseminação se dá pelo contato direto com as feridas ou com roupas, lençóis e toalhas usadas por alguém com as lesões na pele. Também pode ocorrer pela tosse ou espirro de pessoas infectadas.

Até o início deste ano, a infecção era comum apenas na África Central. Mas novos casos já foram detectados em 33 países, a maioria sem histórico prévio da doença.

 

Karina Toledo

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/tecnica-permite-sequenciar-o-genoma-do-virus-causador-da-variola-dos-macacos-em-apenas-18-horas/38854/


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