Cardiologista do Hospital Pasteur destaca o risco maior de se ter um problema cardíaco nas seis a oito semanas após a contaminação pelo coronavírus e aponta os cuidados necessários para a prevenção
A
proximidade do inverno e a chegada de temperaturas mais frias costumam acender
nas pessoas o alerta de prevenção contra gripes, resfriados, alergias e outros
problemas respiratórios, comuns nessa estação. Mas é uma época do ano que
também se deve estar muito atento nas precauções contra infartos e acidentes
vasculares cerebrais. Em especial por causa das consequências da pandemia da
COVID-19, segundo alerta o cardiologista Gustavo Laufer, do Hospital Pasteur,
no Méier (RJ).
“A
aterosclerose é um misto de doença inflamatória e acúmulo de lipídios, que
causam o excesso de placas de gordura nos vasos sanguíneos e podem resultar em
problemas graves, como infartos, derrames e até a morte. As doenças
inflamatórias são o pontapé inicial do processo de aterosclerose. E a COVID-19
traz uma tempestade inflamatória para o organismo. Então, pessoas que já têm
alguma placa de gordura acumulada, caso sejam contaminadas pelo coronavírus,
correm risco muito maior de essa placa se romper e, com isso, sofrer um
infarto, um derrame ou uma trombose arterial, principalmente na fase de
convalescência, de seis a oito semanas após a recuperação da COVID-19”, alerta
Gustavo Laufer.
O
cardiologista do Hospital Pasteur destaca que, por isso, pessoas que sofreram
de COVID-19 devem reforçar o monitoramento do coração. “É importantíssimo.
Assim como, para se prevenir da COVID-19, estar com a vacinação em dia. E não
só contra o coronavírus. A vacina de gripe também protege o coração,
especialmente para quem já teve um infarto. Essas pessoas precisam se precaver
de doenças respiratórias pois o risco de complicações delas é muito maior”,
explica Gustavo Laufer.
Aumento
do sedentarismo e de consumo de álcool nos dias de frio
A
população em geral, da mesma forma, necessita redobrar a atenção na saúde do
coração na época mais fria do ano. Isso porque o inverno provoca, muitas vezes,
uma série de fatores de risco, como o aumento do sedentarismo e da ingestão de
bebidas alcoólicas. Fatores que justificam os resultados de estudos realizados
em diferentes países que mostram que, nesta estação do ano, o número de
infartos cresce em média 30% e os de AVC (Acidente Vascular Cerebral), 20%. “No
caso específico dos brasileiros, há uma questão cultural, até. A partir de
setembro ou outubro, muitos entram em dietas e voltam a praticar atividades
físicas pensando no verão. E abandonam esses hábitos quando o calor se vai. É
muito importante manter uma rotina de exercícios físicos, apesar do frio, e uma
alimentação adequada para se reduzir os riscos”, afirma o cardiologista.
Mulheres
igualmente precisam estar atentas, em especial as que chegaram à menopausa
A
questão dos ataques cardíacos em mulheres, que por muitos anos foi subestimada,
não pode ser desprezada. Gustavo Laufer explica que até a metade do século
passado, o tabagismo era um hábito quase que exclusivamente masculino. Isso
mudou após a 2ª Guerra Mundial e refletiu no aumento dos problemas cardíacos
femininos. “Há outro fator que contribuí para essa percepção equivocada de
menor risco de mulheres enfartarem: os hormônios femininos protegem o coração
durante o período fértil. Mas quando ela chega à menopausa, essa “ajuda”
desaparece e os risco passa a ser igual ao dos homens. E com o agravante que
homens costumam praticar mais exercícios físicos. Nem que seja uma partida de
futebol no fim de semana. Mulheres que muitas vezes têm jornadas duplas,
trabalhando fora e ainda cuidando de suas casas, não conseguem fazer isso com a
mesma frequência, não tem esse hábito”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário