15/09 marca o Dia Mundial da Conscientização sobre o Linfoma; Avanços no uso da terapia celular trazem opções terapêuticas cada vez mais efetivas
Linfoma. O inusitado nome entrou no vocabulário dos brasileiros depois que personalidades famosas, como os atores Reynaldo Gianecchini, Edson Celulari e a ex-presidente Dilma Rousseff, foram diagnosticados com esse tipo de câncer. E não é à toa que ouvir essas palavras está mais comum: no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano sejam diagnosticados ao menos 15 mil novos casos da doença. E, segundo a entidade, por motivos ainda desconhecidos, o número duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos.
Mas, do que se trata esse tipo de tumor?
De forma simplificada, os linfomas podem ser classificados como Hodgkin, mais
raro e que afeta em especial jovens entre 15 e 25 anos e, em menor escala,
adultos na faixa etária de 50 a 60 anos, ou não-Hodgkin, cujo grupo de risco é
composto por pessoas na terceira idade (mais de 60 anos). Para Mariana
Oliveira, hematologista do CPO Oncoclínicas, apesar de não haver prevenção por
desconhecimento do que leva ao surgimento da neoplasia, a chave para deter a
evolução progressiva do tumor é o conhecimento. "A boa notícia é o fato de
os linfomas terem alto potencial curativo. O diagnóstico precoce é fundamental
para alcançar o êxito no processo terapêutico, por isso o esclarecimento à
população é essencial", afirma.
As chances de remissão em pacientes com linfomas de Hodgkin chega a superar 80%
dos casos quando o diagnóstico acontece ainda no estágio inicial, enquanto os
não-Hodgkin de baixo-grau (não agressivos) têm altas taxas de sobrevida,
superando a marca de 10 anos.
Sintomas e Tratamento
Os sintomas em geral são aumento nos gânglios linfáticos (linfonodos ou ínguas,
em linguagem popular) nas axilas, na virilha e/ou no pescoço, dor abdominal,
perda de peso, fadiga, coceira no corpo, febre e, eventualmente, pode acometer
órgãos como baço, fígado, medula óssea, estômago, intestino, pele e cérebro.
"As duas categorias - Hodgkin e não-Hodgkin -, contudo, apresentam outros
subtipos específicos, com características clínicas diferentes entre si e
prognósticos variáveis. Por isso, o tratamento não segue um padrão, mas usualmente
consiste em quimioterapia, radioterapia ou a combinação de ambas as
modalidades", explica Mariana Oliveira.
Em certos casos, terapias alvo-moleculares, que tem como meta de ataque uma
molécula da superfície do linfócito doente, podem ser indicadas. "Estas
proteínas feitas em laboratório atuam como se fosse um ‘míssil teleguiado’ -
que reconhece e destrói a célula cancerosa do organismo", ressalta o
médico. Ainda, dependendo da extensão dos tumores e eficácia das medicações,
pode haver a indicação de transplante de medula óssea.
Diante dos desafios impostos pela crescente incidência da doença, novas
alternativas terapêuticas vêm surgindo para combater os linfomas, especialmente
para os que não respondem aos tratamentos convencionalmente indicados. "A
medicina tem avançado nos últimos anos principalmente através da terapia
celular", afirma a especialista.
Ela conta que o autotransplante ,tratamento no qual é realizada uma
quimioterapia mais intensa seguida pela infusão da medula do próprio paciente é
uma delas. A terapia com CAR T é outra, e a principal novidade da área.
Altamente especializadas, foram desenvolvidas, a partir de uma modificação
genética das células, para atacar especificamente o tipo do câncer do paciente
e aprovadas pela FDA (Food and Drug Administration), órgão regularizador do
setor nos Estados Unidos. As drogas utilizadas nestas situações obtiveram taxas
de sucesso que variaram de 50% a 80% dos casos, o que é animador.
E o recente arsenal de combate aos linfomas também incluí a imunoterapia. Com
bons resultados apontados por estudos e pesquisas de referência global, o
tratamento estimula o organismo do paciente a reconhecer e combater as células
tumorais. "De forma bastante simplificada, podemos dizer que os
imunoterápicos desativam os receptores dos linfócitos e, assim, permite que as
células doentes sejam reconhecidas. Isso faz com que o organismo volte a
combater o tumor - e sem causar efeitos colaterais comuns a outras medicações
habitualmente adotadas nos processos terapêuticos", finaliza Mariana
Oliveira.