Mudanças
hormonais e emocionais tornam o puerpério uma época delicada para muitas mães.
Em casos graves, há risco até de vida
O bebê acabou de nascer e a família está em
festa, celebrando a nova vida. Ainda assim, a mãe se sente confusa com essa
nova fase: há insegurança, medo e até tristeza. "Além das mudanças
hormonais do período, há uma grande fragilidade emocional com as transformações
de vida e responsabilidades que surgem", conta a enfermeira obstetra da
UNIFESP Cinthia Calsinski.
De acordo com uma pesquisa da Escola Nacional de
Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mais de uma em cada quatro
brasileiras apresenta sintomas de depressão pós-parto. O estudo, que
entrevistou cerca de 23 mil mulheres entre 6 e 18 meses após o parto, foi
publicado no Journal of Affective Disorders e analisou fatores por trás dessa
estatística.
O sinal de alerta surge quando essa tristeza
persiste e se torna um fardo, que impede as ações do dia a dia e até mesmo a
criação de vínculo afetivo com o bebê. É a chamada depressão pós-parto que,
muitas vezes, é negligenciada por pura vergonha ou receio de julgamentos
sociais. Estudo recente publicado por cientistas da Universidade da Carolina do
Norte, nos Estados Unidos indica que 10 a 20% das mães sofrem com abalos de
humor significativos depois do nascimento do filho - e isso pode afetar
negativamente o bem-estar físico e emocional tanto da mulher quanto do bebê. Só
que expor tais sintomas é o primeiro passo para tratar o quadro.
"Em casos graves, a depressão pode se
transformar em psicose puerperal. A mãe tem pensamentos suicidas e pode atentar
contra sua vida e até contra a do bebê", conta Cinthia. A mulher com esses
sentimentos não deve se sentir envergonhada e deve, sim, procurar ajuda.
"Estamos em Setembro Amarelo, quando falamos sobre a prevenção do suicídio
e devemos nos atentar ao risco materno. Embora o período mais comum de a
depressão pós-parto aparecer seja no primeiro mês do nascimento da criança, o
problema pode acontecer ao longo de todo o primeiro ano de vida."
Ter uma rede de apoio é fundamental para prevenir
e tratar a depressão pós-parto. Assim, a mãe pode olhar apenas para seu filho,
sem ter de se preocupar com as demais questões da rotina da casa. Ter alguém
com quem desabafar também é essencial - pode ser uma amiga, um familiar ou até
mesmo o pediatra.
Cinthia Calsinski
Enfermeira Obstetra •
Enfermeira Graduada pela Universidade Federal de São Paulo-Unifesp • Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal de
São Paulo-Unifesp • Doutora em Enfermagem
pela Universidade Federal de São Paulo-Unifesp • Enfermeira Obstetra pelo Centro Universitário São Camilo • Consultora do Sono Materno-Infantil formada pelo
International Maternity e Parenting Institute (IMPI)
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