Problema afeta
mais de 70% dos brasileiros e pode ser contornado por práticas de higiene do
sonoDistúrbios do sono elevam risco de complicações de
condições pré-existentes e facilitam desenvolvimento
de novas doenças
Envato
Em meio à rotina agitada, é comum surgir a sensação
de que uma boa noite de sono é um verdadeiro remédio para a mente. O que poucas
pessoas sabem é que, na verdade, ela pode ser. Segundo um estudo
recém-publicado pela revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia,
pessoas que enfrentam dificuldades para dormir ou permanecer dormindo podem
sofrer um envelhecimento cerebral acelerado. Os resultados da pesquisa, que
contou com a participação de 589 pessoas, com idade média de 40 anos, indicam
que aqueles que têm sono de má qualidade apresentam, em média, quase três anos
a mais de envelhecimento cerebral.
No Brasil, de acordo com dados da Fundação Oswaldo
Cruz, aproximadamente 72% da população sofre de distúrbios do sono. “A privação
de sono, mesmo que por apenas uma noite, tem efeitos imediatos sobre a atenção,
concentração e a memória. Qualquer tarefa cognitiva passa a ser mais difícil.
Ao mesmo tempo, o humor costuma ficar mais irritável”, explica o psiquiatra
Ricardo Assmé.
Sono e saúde
É durante o sono que o corpo realiza processos
vitais de recuperação, que auxiliam na manutenção da saúde, como a regulação
hormonal, o fortalecimento do sistema imunológico e a eliminação de diversas
toxinas acumuladas. Distúrbios do sono podem prejudicar esses processos, aumentando
o risco para pacientes com condições crônicas e, até mesmo, expondo pessoas
saudáveis ao desenvolvimento de doenças. “A longo prazo, dormir mal aumenta a
suscetibilidade a doenças, devido ao impacto na imunidade. Problemas como
insônia e apneia obstrutiva do sono são fatores de risco para hipertensão, por
exemplo. Também há um impacto sobre os hormônios que controlam o apetite, predispondo
o indivíduo à obesidade”, explica o especialista.
Outros fatores, como o uso de telas e a posição ao
dormir, podem influenciar o funcionamento do organismo. Dormir de lado, por
exemplo, ativa o sistema linfático, facilitando a remoção de resíduos cerebrais
associados a doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. O uso excessivo de
telas, especialmente antes de dormir, também é prejudicial para uma boa noite
de sono, dificultando o descanso pleno. “Limitar o uso antes de dormir e
durante a noite é crucial para um sono de qualidade. Medidas como retirar os
dispositivos do quarto e deixá-los carregar em um local central da casa, podem
ser parte da solução para uma noite saudável”, reforça o psiquiatra.
Práticas de relaxamento ajudam a reduzir ansiedade e
preparam
corpo e mente para noite de sono mais tranquila envato
Na busca pela melhora nas noites de sono, estar
relaxado, com corpo e mente em sintonia, é um componente essencial. Muitas
pessoas buscam apoio ou ambientes que favoreçam a adoção dessas práticas.
“No Spa, são promovidas as técnicas de higiene do sono, além de práticas de
relaxamento, massagem, meditação e tratamento do estresse com psicoterapia.
Caso exista necessidade, são utilizados tratamentos farmacológicos, sempre com
medicações seguras e nas menores doses possíveis, pelo menor tempo necessário”,
explica Ricardo, que atua no Spa Estância do Lago, em Almirante Tamandaré,
Região Metropolitana de Curitiba. “Além disso, aplicamos um cronograma de
exercícios físicos, que são um importante aliado contra a insônia, por promover
relaxamento mental, gasto energético e pela atividade anti-inflamatória, o que
contribui com a saúde cerebral como um todo”, completa.
Práticas como relaxamento muscular profundo,
respiração, massagens e, principalmente, meditação de atenção plena
(mindfulness), realizadas em spas, não apenas proporcionam uma pausa
na rotina, mas ajudam a reduzir a ansiedade e a preparar corpo e mente para uma
noite de sono mais tranquila. A integração entre cuidados diários e o auxílio
profissional oferecido nesses locais proporciona um ambiente adequado ao sono,
melhorando a qualidade do descanso e, consequentemente, a saúde em geral.
Higiene do sono
O conjunto de práticas e hábitos que promovem um
sono de qualidade e, consequentemente, um melhor bem-estar físico e mental,
também conhecido como higiene do sono, contribui para garantir um descanso
reparador. Os exercícios relacionados a esse conceito incluem desde estabelecer
uma rotina regular de sono até criar um ambiente propício, como um quarto
escuro e silencioso, além da adoção de hábitos relaxantes, que podem fazer toda
a diferença na qualidade do sono.
A clínica médica dos hospitais Universitário Cajuru
e São Marcelino Champagnat, Larissa Hermann, explica que, embora o corpo cumpra
automaticamente esse mecanismo, algumas práticas podem ajudar a otimizar o
chamado ‘ciclo do sono’. “O que se pode fazer, é adotar medidas de higiene do
sono, como dormir e acordar no mesmo horário sempre que possível, evitar
bebidas estimulantes que tenham cafeína ou álcool próximo do horário de dormir,
além de reduzir o uso de telas e iluminação no período noturno”, diz. Também é
recomendado que, no período da manhã, logo após o despertar, haja exposição à luz
solar. “Isso ajuda o corpo a entender que amanheceu e regular o ciclo
circadiano, que melhora a qualidade do sono, resultando em um organismo mais
funcional e saudável”, finaliza Larissa.
Hospital São Marcelino Champagnat
Hospital Universitário Cajuru
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