Casos de terçol e blefarite aumentaram na quarentena devido ao estresse
A relação do terçol com a
blefarite é quase íntima! Isso porque a blefarite, como também a meibonite,
ocorrem devido à inflamação das glândulas de meibômio, são responsáveis por
secretar substâncias que fazem parte do filme lacrimal. Quando há muita
inflamação, o risco de ter uma infecção secundária a essa inflamação é muito
maior.
Segundo Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista especializada em Doenças da Pálpebra
e Cirurgia Plástica Ocular, o terçol é exatamente uma infecção
que ocorre nas bordas das pálpebras, como consequência da inflamação crônica
causada pela blefarite ou meibomite.
“O terçol é uma condição autolimitada, ou seja, sua resolução é espontânea.
Entretanto, quando o organismo isola o terçol através de uma cápsula fibrosa,
evolui para um calázio, sendo esse, portanto, secundário ao terçol”, explica
Dra. Tatiana.
Evolução do terçol
“O calázio é a evolução de um terçol que não sumiu de forma espontânea. Quando
ele obstrui as glândulas de meibômio, a secreção fica retida, levando à
formação de uma massa ou de um nódulo de tecido inflamado, nas bordas da
pálpebra”, reforça a especialista.
Mas, atenção! Dermatite seborreica, acne rosácea, alta concentração de gorduras
no sangue, leishmaniose, tuberculose, imunodeficiência, carcinoma, estresse,
tracoma, traumas e cirurgias na região das pálpebras são as outras origens
possíveis de um calázio.
Calázio ou Terçol?
Em geral, o calázio tende a ser maior, menos dolorido e com uma apresentação
menos aguda que o terçol. Os sintomas mais comuns de um terçol são vermelhidão,
calor no local, inchaço e sensibilidade.
Como tratar?
Ao apresentar os sintomas, o ideal é procurar um oftalmologista. A maioria dos
pacientes responde bem ao tratamento clínico do terçol, com resolução completa
da condição, que tende a desaparecer em questão de dias ou de semanas.
“Entretanto, em alguns casos a lesão se torna crônica e o tratamento clínico
não resolve. Daí surge o calázio, uma lesão encapsulada, cujo tratamento é
cirúrgico”, cita a médica.
“A raiz de tudo isso, no entanto, está na inflamação crônica das pálpebras,
como a blefarite e a meibomite. A secreção natural da glândula de Meibômio se
torna espessa durante a inflamação e seu conteúdo funciona como uma rolha
no ducto da glândula. Isso obstrui a saída da secreção, que se
acumula e origina o terçol”, reforça Dra. Tatiana.
Os pacientes que já apresentam dermatite seborreica e acne rosácea são fortes
candidatos a apresentarem blefarite e meibomite. Assim como têm uma
hipersecreção das glândulas sebáceas da pele e das pálpebras, que são as
glândulas de meibômio.
Cuidado com o estresse
Dra. Tatiana comenta ainda que outras origens da inflamação palpebral crônica
são a baixa imunidade/resistência e o aumento do estresse - o que tem ocorrido
muito na quarentena.
“Alterações hormonais por picos de cortisol ou de oscilações nos níveis de
hormônios precursores da testosterona em períodos da vida como a puberdade, a
gestação, a menopausa e andropausa podem ser responsáveis por piora da
blefarite e aparecimento recorrente de hordéolos (terçol) e calázios”, diz a
oftalmologista.
Luz pulsada traz alívio das crises
“Hoje, contamos uma nova tecnologia, chamada de luz pulsada. Quando o paciente
apresenta uma inflamação crônica nas pálpebras (blefarite e /ou meibomite)
refratária ao tratamento clínico, há a possiblidade de receber a luz pulsada,
que tem mostrado excelentes resultados, principalmente em pessoas que tem
recorrências do problema”, ressalta Dra. Tatiana.
É muito importante que o tratamento seja feito, pois a inflamação crônica
palpebral por um período prolongado, pode levar ao desenvolvimento de outras
condições oftalmológicas.
“Perda de cílios, nascimento dos cílios voltados para o olho, desconfiguração
das pálpebras, intolerância à luz, hipo ou hiperpigmentação das pálpebras,
irritação nos olhos, celulite pré-septal (infecção da pálpebra e na porção
anterior do septo orbitário), e, por último, pode causar queda da acuidade
visual devido à redução progressiva na qualidade da superfície ocular, já que a
glândula de Meibômio produz uma das partes da lágrima”, conclui a médica.
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