A incorporação de dois medicamentos contra o câncer renal no rol de
procedimentos oncológico, que comprovadamente aumentam a sobrevida do paciente.
O tumor é o terceiro mais frequente do aparelho
geniturinário.
Embora
ainda engatinhando no que diz respeito aos acessos aos arsenais terapêuticos
disponíveis – principalmente com relação às novidades alcançadas pelas
pesquisas científicas na última década – os pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde
(SUS) podem comemorar uma importante conquista neste Dia Mundial do RIM, comemorado
em 14 de março: a incorporação de dois medicamentos importantíssimos contra o
câncer renal no rol de procedimentos oncológico.
No dia 28
de dezembro de 2018, o Ministério da Saúde editou a Portaria 91 que incorpora o
Pazopanibe e Sunitinibe ao SUS para o tratamento de pacientes com câncer de rim
metastático, ou seja, que invade outros órgãos. A medida tem 180 dias para
entrar em vigor. Segundo o oncologista clínico
de Campinas/SP, Adolfo Scherr, do Grupo Sasse Oncologia e Hematologia, a inclusão dos medicamentos faz com que o
tratamento pelo SUS do tumor renal metastático se iguale ao oferecido pela rede
privada.
“O
Sunitinibe foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
há 12 anos. O Pazopanibe há 7. E ambos já são cobertos pelos planos de saúde há
pelo menos 4 anos. Esperamos que a partir de junho de 2019 – prazo máximo para
início do uso dos medicamentos no SUS – os pacientes que dependem da saúde
pública possam também se beneficiar de um tratamento mais eficaz e que comprovadamente
aumenta a sobrevida”, almeja o oncologista.
De acordo
com médico, o valor mensal repassado aos serviços públicos ou privados que
prestam atendimento ao SUS para cada paciente com tumor renal maligno em
tratamento é de R$ 571,50. “Com esse valor são usadas apenas drogas
obsoletas, com pouca efetividade clínica contra o tumor e com perfil de efeitos
colaterais desfavorável. É o caso do o Interferon-alfa, que não
está associado a melhora na sobrevida global e tampouco demonstra evidências
significativas de ganho de qualidade de vida e/ou alívio de sintomas, além de
elevada toxicidade, posologia complexa, e taxas de resposta objetiva menores
que 20%. No Brasil, na maioria dos casos, pacientes com câncer em
tratamento pelo SUS demoram mais para ter acesso aos medicamentos de eficácia
comprovada. Mas agora com essa incorporação a expectativa é que cenário mude”,
afirma o especialista.
Segundo
Adolfo, aproximadamente 54% dos tumores renais diagnosticados hoje estão
confinados ao rim, 20% são localmente avançados
(acometendo gânglios regionais próximos ao rim) e 25% já apresentam metástases
a distância da doença, principalmente para os pulmões, fígado e ossos. E o
tabagismo isolado é responsável por 19% casos.
“Os fatores
de risco para o câncer renal, podem ser divididos em
evitáveis, relacionados aos hábitos de vida da população, como o tabagismo e a
obesidade, e aos fatores não evitáveis, relacionados às doenças associadas como
a hipertensão arterial crônica e a doença renal cística adquirida associada à
insuficiência renal crônica”, aponta o oncologista.
Tratamento
De
acordo com o oncologista, para os pacientes com câncer de rim com doença
localizada ou localmente avançada e sem metástases, a cirurgia oncológica
realizada por profissional médico qualificado permanece como tratamento padrão.
Já nos pacientes com doença disseminada, ou seja, metastática, é necessário
procedimento que tenha ação em todos os locais em que se tem evidência de
doença, chamado de tratamento
sistêmico. A quimioterapia convencional tem pouca eficácia no câncer de rim e,
por isso, não é utilizada de rotina.
Nos
dias atuais, um dos principais tratamentos para pacientes com doença
metastática é a classe de drogas conhecidas como inibidores de
tirosino-quinases (TKIs), como por exemplo o Sunitinibe e o Pazopanibe. ‘’Essas
medicações, conhecidas como drogas-alvo, agem em vias específicas do tumor,
levando em última análise a morte da célula tumoral. Estudos
mais recentes mostraram o papel da imunoterapia no tratamento destes pacientes.
Diferente da quimioterapia convencional e mesmo das drogas-alvo, os imunoterápicos
agem estimulando nosso sistema imunológico no combate ao câncer.
A imunoterapia se mostrou superior em termos de aumentar a sobrevida dos
pacientes em relação ao Sunitinibe”, explica Adolfo.
Recentemente,
uma nova estratégia terapêutica foi estudada no contexto de doença disseminada:
a associação de imunoterapia com inibidor de tirosino-quinase (droga-alvo). “Os
resultados em termos de sobrevida são animadores e num futuro próximo este
deverá ser o novo padrão de tratamento neste cenário”, prevê o oncologista
Estatísticas
O
câncer de rim é o terceiro mais frequente do aparelho geniturinário, ficando
atrás em termos de incidência dos cânceres de próstata e bexiga. Representa
aproximadamente 3% das neoplasias malignas do adulto. Estatísticas americanas
estimam uma incidência anual em torno de 51 mil novos casos, sendo responsável
por aproximadamente 13 mil mortes/ano. “Infelizmente não temos dados oficiais
de incidência e mortalidade no Brasil. Há ligeiro predomínio de incidência no
sexo masculino, na razão de 3 homens para 2 mulheres”, explica Adolfo.
*Adolfo Scherr é graduado em
medicina pela Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de
Vitória (EMESCAM). Fez residência em Clínica Médica pelo Conjunto Hospitalar do
Mandaqui-SP. Possui residência em Oncologia Clínica pela Unicamp e Mestrado em
Clínica Médica pela FCM-Unicamp. É membro titular da Sociedade Brasileira de
Oncologia Clínica (SBOC) com título de Especialista em Cancerologia Clínica
pela Associação Medica Brasileira – AMB/SBOC
Grupo SOnHe
- Sasse Oncologia e Hematologia