Há uma geração de pessoas a quem pouco
importa o ano de nascimento que aparece no RG: os perennials. Quando
estamos falando de mulheres, especialmente, de 35, 40, 50 anos, que não se
limitam aos padrões sociais de suas idades, estamos descortinando esse novo
grupo. E é fascinante notar a potência que pessoas com o perfil “ageless
generation” (geração sem idade) podem ter nas relações, nos hábitos e no
jeito de levar a vida.
Convivendo com um público bastante focado –
mulheres com as idades a que me referi – consigo notar algumas características
muito interessantes: livres dos estereótipos de idade, elas desbancam a ideia
de que existe tempo certo para fazerem determinadas coisas na vida. Uma mulher
de 50 anos que sai de um emprego estável e resolve abrir uma loja virtual para
vender seus acessórios e sapatos? Alguém que se preocupa em manter o bem-estar,
a mente ativa e está disposto a criar novas conexões, pessoais e profissionais?
Essa pessoa pode ser um perennial e nem sabe.
Uma pesquisa divulgada pelo jornal
britânico The Telegraph mostrou que a tendência de “desrotular” perfis é
encabeçada por mulheres que nasceram nos anos 60 e 70. Elas passam longe da
definição de “senhora”; por vezes, são confundidas como irmãs de seus filhos. A
ruptura geracional, claro, não se resume à aparência: vai além da vaidade e
provoca uma pequena revolução a todo o momento em que alguém, alguma marca ou
instituição, tenta separar as coisas por faixa etária.
Perennials– que vem de “perene” –
são pessoas que se atentam ao que acontece no mundo, não se sentem presas à
idade que têm, têm amigos de diferentes gerações e adotam um jeito de viver
livre, confiante. Não estão interessadas em corresponder àquilo que se espera
de alguém com 35, 40 ou 50 anos. Que ótimo momento estamos vivendo para rever
nosso estilo de vida!
Estou sempre em contato com mulheres que
trocam experiências, não têm medo de arriscar na vida profissional, nos
relacionamentos, e que estão dispostas a mudar o que for preciso para encontrar
mais sentido na vida. Pessoalmente, ajudá-las a buscar direcionamento para tudo
isso só me mostra o quanto podemos crescer por nós mesmas, deixarmos de lado os
tabus e apostarmos no que nos faz bem.
Nesse sentido, a individualidade é um dos
aspectos mais valiosos para os perennials. Falo de fazer escolhas que
surgem mais de uma paixão (ou convicção) do que daquilo que seria socialmente
aceito para “uma mulher dessa idade”. E isso passa pela decisão de qual bar
frequentar, quais roupas e tipo de cabelo usar, que tipo de atividade física
colocar na rotina, o que comprar, como se relacionar sexualmente, como fazer
uso da tecnologia.
Como entender essa geração “dona de si”?
É curioso perceber que, mesmo sendo um
perfil coerente com o período de desconstrução de tabus que estamos vivendo,
nem todo mundo está pronto para entender essa “geração dona de si”.
A pesquisa divulgada pelo The Telegraph,
feita pela agência de marketing SuperHuman com 500 mulheres, em 2017, aponta
que 91% delas sente que o mercado publicitário não as representa. É como se
tivéssemos corrido léguas de distância do perfil de dona de casa casada, que já
tem os filhos criados e até netos, mas as propagandas ainda nos representassem
(apenas) assim.
Felizmente, temos exemplos incríveis de perennials
que fazem essa nova “geração sem geração” se tornar mais comum: Michelle Obama,
a escritora JK Rowling e a atriz Julia Roberts são algumas das famosas que
reúnem características muito objetivas das “mulheres sem idade”. Atentas,
desinibidas, com interesses que podem ser considerados de “meninas de 20 e
poucos anos”, são representantes potentes de tudo aquilo que estamos livres
para realizar.
Assim, o leque de possibilidades aumenta:
aprender yoga ou algum esporte, se preocupar com a alimentação, meditar, ir a
uma palestra, se divertir com amigas se tornam atividades indispensáveis para
quem nega todo e qualquer “sintoma de velhice” ou papel fixo que a sociedade
insiste em nos colocar.
E aqui está a beleza da coisa: a mulher não
está escondendo quantos anos tem, fingindo ser adolescente de novo ou buscando
aprovação alheia.
Aprender com as pessoas de qualquer idade é
sempre enriquecedor, mas com os perennials é instigante. Estar atenta ao
movimento de mulheres que se sentem capazes de sair de relacionamentos fadados
ao fracasso, de mudar de cidade e emprego, de se aventurar em viagens, de
estarem mais próximas de amigas. De oxigenaremsuas mentes e renovarem as
energias. É isso que nos move e nos torna independentes e plenas durante a vida
inteira.
Theka Moraes -
formada em Gestão Comercial na Anhembi Morumbi, de São Paulo, e tem ampla
experiência no mercado de negócios e relacionamentos, conquistada ao longo dos
últimos 15 anos. É fundadora do “The Women”, projeto da TKM Business Advisory,
pensado exclusivamente para proporcionar eventos e palestras a mulheres de
diferentes perfis.
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