A
troca de comando no Palácio do Planalto e a sensação de um ambiente de negócios
mais favorável geraram uma onda de otimismo nos empresários brasileiros. É o
que revela o Estudo de Perspectivas Econômicas e Profissionais da América
Latina 2019, desenvolvido pelo PageGroup, consultoria líder mundial em
recrutamento executivo especializado, que opera com as marcas Page Executive,
Michael Page, Page Personnel e Page Interim na região. De acordo com a
pesquisa, o Brasil aparece como o país mais confiante da América Latina em
relação à queda da taxa de desemprego (79%), redução do câmbio (59%) e aumento
do PIB (82%).
De
acordo com Patrick Hollard, diretor executivo do PageGroup para LATAM, África e
Oriente Médio, a divulgação dos mais recentes indicadores econômicos aliada à
posse do novo governo criaram um clima favorável para novos negócios e
contratação de executivos no País. “O conjunto de boas notícias proporciona
mais e melhores tomadas de decisões. Esse cenário propício do Brasil já tem
refletido em novas contratações em todos os níveis hierárquicos. Não víamos um
grande volume de posições desde 2016 e agora esse movimento voltou a acontecer
de forma bem consistente e orgânica, o que demonstra que os empresários estão
se preparando para a expansão de suas atividades”, analisa.
Participaram
do levantamento, realizado em novembro e dezembro do ano passado, 29 mil
profissionais que ocupam cargos de gestão no Brasil, Argentina, Chile, Peru,
Colômbia e México.
Argentinos
são os mais otimistas em relação à inflação e taxa de juros
A
Argentina está com o nível de otimismo mais elevado quando o assunto é inflação
e taxa de juros. De acordo com a pesquisa, 82% acreditam que a inflação deste
ano será menor que em 2018. A mesma percepção vale para a taxa de juros: 73%
estão confiantes em encargos menores para esse indicador econômico.
A
maré de otimismo parece que atingiu com mais força Brasil e Argentina. Em
outros países da região, como México e Colômbia, a avaliação dos executivos é
um pouco mais conservadora e, em alguns casos, até mais pessimista. No México,
81% apostam que a taxa de juros será mais alta neste ano como também a inflação
(68%) e o PIB, menor (43%). Entre os colombianos, 64% apontam que a taxa de
câmbio deve ser maior que em 2018. Os argentinos acreditam que o índice de
desemprego também será maior: 41% flertam com essa possibilidade.
Chile,
Brasil e Colômbia são os governos com maior confiança do empresariado
O
levantamento, que procurou entender como está a confiança dos executivos em
relação aos seus líderes governamentais, revela credibilidade em alta para os
novos presidentes do Chile, Brasil e Colômbia. De acordo com a pesquisa, 90%
dos respondentes chilenos estão confiantes no governo de Sebastían Piñera. O
Brasil aparece logo na sequência, com 77% de confiança na gestão Jair Bolsonaro
e, logo depois, 62% de colombianos apostando na administração de Iván Duque.
Se
por um lado há um certo tom de otimismo com o rumo do governo de algumas nações
da América Latina, a desconfiança também paira por outros países da região. É o
que foi identificado nos casos do México (86%), Peru (75%) e Argentina
(65%). Na média geral capturada pelo estudo, a confiança sobre os
governos é de 56%.
Orçamento
para investimentos estão em alta na região
O Estudo de Perspectivas Econômicas e Profissionais da América
Latina 2019 traz uma boa notícia: o orçamento destinado a novos investimentos é
maior neste ano. A pesquisa aponta que 45% dos executivos na região têm
orçamento maior para investimentos neste ano. “Esta é uma tendência que vem
subindo desde nossa consulta em 2015, que mostrava que apenas 33% dos
executivos na região dispunham de tal recurso, sendo seguidos por 35% em
2017”, avalia Patrick Hollard.
Peru, Chile e Brasil despontam na liderança para
investimentos maiores na região em 2019, contrastando com a Colômbia e México.
As
novas contratações também estão no radar dos gestores. Para 56% dos executivos
entrevistados, há planos de expansão do quadro de funcionários em 2019. Essas
posições serão destinadas às áreas de Vendas (51%), Operações (45%) e
Tecnologia & Inovação (23%).
“O
Peru e o México também passam por movimentos de expansão de sua atividade
econômica. Com essa melhora, o otimismo aumenta e mais decisões precisam ser
tomadas, passando obrigatoriamente por novos investimentos e contratações”,
explica Patrick Hollard.
Intenção
de investimentos maiores na AL em relação ao ano anterior (em %)
2015
– 30%
2016
– 36%
2017
– 39%
2018
– 50%
2019
– 45%
Planos
de novas contratações na AL (em %)
2015
– 60%
2016
– 63%
2017
– 39%
2018
– 52%
2019
– 56%
Ainda de acordo com o estudo, os maiores desafios para
elencados pelos entrevistados para cumprirem suas metas para este ano, estão a
criação de um mindset de mudança e progresso em seus colaboradores como o seu
maior desafio (38%), seguido pela otimização da performance de suas companhias
(37%), e otimização dos custos (36%) em suas sucursais como a principal batalha
a ser enfrentada nos próximos 12 meses.
Tomador de decisões e solucionador
de problemas entre as características mais procuradas
O estudo procurou descobrir junto aos executivos quais são as
características mais buscadas na hora de efetuar uma contratação. Entre as mais
procuradas estão a de de tomador de decisão (56%) e a de solucionador de
problemas (52%). “São estes colaboradores que não são represados por quaisquer
instâncias e que, principalmente aos olhos da alta direção, são capazes de
expor ações que impactam diretamente em gargalos nos setores”, justifica
Patrick Hollard. “Indivíduos com capacidade analítica, estratégica e tática,
claramente, saem na frente e têm a chance de rentabilizar oportunidades mesmo
em mercados menos maduros ou instáveis”, completa o diretor executivo.
Contratar continua sendo um imenso desafio para a maioria dos
executivos da região. Para 56% dos entrevistados, a falta de gente qualificada
é a maior dificuldade no momento de contratar um executivo para cargos de alta
e média gerência. Em seguida, está a falta de fidelidade desses profissionais
com seus vínculos empregatícios (26%).
Outro
aspecto que pesa muito na administração de talentos é o aspecto da retenção. De
acordo com as respostas de aproximadamente 10 mil executivos em posições
efetivas de gerência e direção, cerca de 80% afirmaram ter planos de trocar de
emprego durante 2019 e 46% deles desejam efetuar essa transição ainda no
primeiro semestre do ano.
Remunerações e benefícios como
política de retenção
Outro aspecto investigado no estudo referiu-se à política de
remuneração e benefício concedido pelas empresas. O principal motivo apurado
para buscar novos ares é a insatisfação com o salário. Cerca de 35% dos
executivos entrevistados afirmaram não acreditar que sua remuneração está
adequada às responsabilidades que exercem hoje. Destes, os que receberam um
reajuste ou aumento salarial entre os últimos 12 e 18 meses são os mais
insatisfeitos.
Atualmente, de acordo com 16% dos respondentes, as maiores
barreiras para a movimentação estão na má situação econômica dos países em que
atuam e o baixo volume de oportunidades atraentes. Entretanto, além dos
salários (ponto fundamental para 24%), esses executivos de média e alta
gerência veem como chamariz as posições com desafios mais arrojados (18%),
ligados à inovação e experiências ainda inéditas.