Sempre que a civilização passa por revoluções
disruptivas e dissonantes, o mundo inteiro muda de maneira profunda. Nos
últimos tempos, essas mudanças têm sido mais rápidas e intensas, o que gera a
maior probabilidade de interrupção dos modelos já conhecidos.
Isso tem impactado as experiências, principalmente
as empresas, que se viram com novos desafios nas últimas décadas. As que não
conseguiram navegar pelas rápidas novidades trazidas em seu mercado por esses
tipos de forças, agora enfrentam mudanças inevitáveis. Entretanto, a carência
de liderança, flexibilidade e imaginação para se adaptar tem ocasionado
resultados negativos, o que leva a um alerta para os negócios, instituições e
estados.
Esse movimento fez surgir o termo “Mundo VUCA”, que
se refere ao estado atual e imprevisível dos novos tempos. VUCA é um acrônimo
que significa Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza),
Complexity
(complexidade) e Ambiguity (ambiguidade). Criada na
década de 90, a ideia foi introduzida para descrever as mudanças drásticas que
acontecem no mundo, focando nas incertezas e multilateralidade das ações.
Posteriormente, foi adotada por líderes empresariais para descrever as
alterações vividas no ambiente de negócios, que se tornou caótico, turbulento e
extremamente volátil, resultando na incerteza e falta de previsibilidade de
problemas e eventos.
O modelo VUCA identifica as condições internas e
externas que afetam as organizações. A maioria das regras antigas já não se
aplicam mais, e os limites em torno das empresas estão mudando, formando redes
globais de relações complexas entre as partes interessadas.
Para superar essa nova onda, algumas habilidades
podem ser desenvolvidas para ajudar a dar sentido às lideranças em um ambiente
VUCA. Algumas delas são visão, entendimento, clareza e agilidade.
Criar uma visão e “dar sentido ao mundo” talvez
seja mais importante agora do que em qualquer momento da história moderna para
muitas empresas, já que a economia global abrange todos os países e os
concorrentes estão emanando de todos os lugares. Para isso, é necessário
entender os próprios valores mas também as intenções dos outros, capacidade
essencial de saber o que você quer ser e aonde quer ir, mas se tornando aberto
a várias maneiras de atingir o objetivo final.
A busca pela clareza em relação a si mesmo e por
relacionamentos e soluções sustentáveis contribui para saber como liderar nos
momentos de desordem, que exigem maior capacidade de utilizar todas as facetas
da mente humana. A agilidade também acaba sendo essencial, sendo ela o
equilíbrio para enfrentar as forças turbulentas que não podem ser evitadas -
assim, se é capaz de se adaptar rapidamente para aproveitar as vantagens que se
apresentam no novo cenário.
Com esse novo cenário, há duas possibilidades:
olhar para o mundo por meio de uma lente chamada VUCA e dizer “é um mundo
difícil”, ou aprender e desenvolver habilidades corretas e dizer “é um mundo
que está mudando rapidamente e pode-se navegar por ele com sucesso”.
Débora Morales - mestra em Engenharia de Produção
(UFPR) na área de Pesquisa Operacional com ênfase a métodos estatísticos
aplicados à engenharia e inovação e tecnologia, especialista em Engenharia de
Confiabilidade (UTFPR), graduada em Estatística e em Economia. Atua como
Estatística no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI).