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quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Ayn Rand: grande e polêmica


 “Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, eles é que estão protegidos de nós; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em autossacrifício; então poderá afirmar, sem teor de errar, que sua sociedade está condenada".

O trecho acima foi escrito pela filósofa Ayn Rand, que nasceu em 1905 na Rússia e emigrou para os Estados Unidos em 1926, onde viveu até sua morte em 1982. Ela pôde ver e viver o terror da revolução comunista de 1917, mas, ao emigrar com apenas 21 anos, ela poupou-se de sofrer consequências mais severas do regime sanguinário soviético. Dotada de inteligência superior e enorme capacidade de esforço e trabalho, Ayn tornou-se romancista e roteirista de cinema, mas foi como filósofa que ela desenvolveu arguta capacidade de observação da realidade política e social.

Ayn Rand era inconformada com o comportamento dos que agem movidos por fanatismo político, dogmas religiosos ou paixões desmedidas e, por isso mesmo, cegos à realidade dos fatos. Para ela, as crenças e os atos das pessoas dominadas por paixões levam-nas a não ceder à realidade provada, à razão e ao conhecimento. E mais: essas pessoas não conseguem colocar suas crenças e opiniões em dúvida, logo não se beneficiam da melhor fonte do saber: a razão, mas sobretudo a razão enriquecida pelo estudo e pelo conhecimento.

Em suas falas, Ayn pregava que todo homem deve fazer um esforço para buscar conhecimento e tomar suas decisões à luz da razão e dos fatos; que todos devem ter o direito de viver e buscar seu bem-estar por amor a si próprio, sem serem obrigados a sacrificar-se pelos outros, respeitando nos outros o mesmo direito. E a filósofa dizia ainda que ninguém tem o direito de usar força física para tomar dos outros o que lhes é valioso ou de impor suas ideias sobre seus semelhantes.

Nessa linha de raciocínio, Ayn Rand abominava o poder concedido ao Estado e aos políticos para oprimir o indivíduo, confiscar deste a propriedade pela tributação ou tentar dirigir sua vida. Ela era adepta da imposição de severa limitação dos poderes do governo e dos governantes, e defendia uma ordem nacional a favor do estado de direito, direito de propriedade, garantia dos contratos juridicamente perfeitos, liberdade de iniciativa e um governo que se restringisse a fazer aquilo que é coletivo e indivisível (como defesa nacional, segurança pública interna e administração da justiça).

Ayn Rand sofreu muitas críticas devido à interpretação errada a suas ideias a respeito do egoísmo, como explicado em seu livro A Virtude do Egoísmo. Para ela, egoísta é aquela pessoa que se esforça ao máximo para cuidar de si e atender seus interesses próprios. A palavra “egoísta” entendida por ela não era o conceito que se tem hoje, como sendo a indiferença diante da dor, do sofrimento e da miséria dos outros. Ayn pregava um egoísmo sob a lei e a moral, que manda ajudar e socorrer os deficientes, os doentes e os indefesos.

Ela pregava que agindo conforme a lei e a moral, o homem que atende seus próprios interesses estará contribuindo com a sociedade, porquanto libera os outros, inclusive o governo, de cuidarem dele. E quantos mais membros da sociedade conseguirem lograr sucesso na tarefa de cuidar de si, menor será a miséria, o que libera o governo para, por meio dos tributos, cuidar dos deficientes, doentes, loucos e incapazes. Ao ter que atender pessoas com plena capacidade física e mental, que em outras circunstâncias estariam cuidando de si mesmas, o governo acaba não protegendo aqueles que realmente dele dependem.

A leitura de Ayn Rand é um desafio e uma rica fonte de aprendizado e de conhecimento. Em seu jeito peculiar de conceber a sociedade, ela era mais humana e mais altruísta que milhares defensores dos inválidos e dos miseráveis, muitos dos quais usam um falso amor ao próximo para enriquecer seus bolsos e impor seu poder sobre os outros.






José Pio Martins - economista e reitor da Universidade Positivo.

"Preservar o planeta é uma causa não apenas ambiental, mas econômica"


Durante o IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), André Trigueiro falou sobre a importância dos negócios de impacto


Na abertura do segundo dia do IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que acontece até o dia 2 de agosto em Florianópolis (SC), o jornalista e professor da PUC-RJ André Trigueiro falou sobre "A Relevância das Áreas Protegidas para a Sociedade". Além da conferência, o dia também contou com painéis e simpósios sobre temas como áreas protegidas, conservação dos oceanos, ecoturismo e investimentos de impacto - todos relacionados ao mote do Congresso promovido pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza: "Futuros Possíveis: Economia e Natureza".

A mediação da palestra de Trigueiro ficou a cargo do também jornalista Alexandre Mansur, que é membro do Conselho Curador da Fundação Grupo Boticário, e de Marcia Hirota, diretora executiva da SOS Mata Atlântica. Logo na abertura, André falou sobre a importância das estratégias de conservação e os caminhos para que os objetivos da área ambiental sejam alcançados.

Para ele, o maior desafio é encontrar um modelo de desenvolvimento que não seja degradador, que apenas explore os recursos naturais sem "devolver" nada. "Além disso, a nossa justiça precisa ser mais exemplar e punir os crimes ambientais que têm acontecido em importantes áreas protegidas. Entre o preto e o branco não tem cinza. O que é errado é errado. Não podemos mais aceitar a criação desse tipo de jurisprudência", enfatizou.

Trigueiro motivou todos os congressistas ao dizer que o mundo passa por uma grande mutação. "Três fatos ocorridos em 2015 deram início a uma nova Era no planeta: as ODS's (Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável), a 'Laudato Si' (segunda encíclica do Papa Francisco que tem como tema central a ecologia) e o Acordo de Paris (compromisso assinado por mais de 150 países para atuar no enfrentamento da mudança global do clima). Podemos nos assustar ao olhar a fotografia, mas precisamos olhar para o filme. Ou seja, para o que já caminhamos e para o que ainda temos pela frente. E agradecer por estarmos vivendo esse novo momento, que nos enche de esperanças", ressaltou. 

Além disso, o jornalista deu inúmeros exemplos do papel preponderante e da ajuda que as redes sociais e as novas estratégias de comunicação podem oferecer às causas da sustentabilidade. Entre os casos citados estão a campanha contra a extinção de uma reserva ambiental da Amazônia (Renca), que contou com a participação da modelo Gisele Bündchen e da cantora Ivete Sangalo, entre outros artistas; o engajamento de diversas personalidades na proteção da Escarpa Devoniana, no Paraná; e o posicionamento contrário dos servidores do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) em relação aos nomes indicados para comandar a instituição - "que não tinham know-how para exercer o cargo".

Durante a explanação, Trigueiro falou ainda sobre a importância dos pagamentos por serviços ambientais e da necessidade de investimentos e políticas públicas para alavancar o ecoturismo. "Não adianta falarmos apenas de meio ambiente. Precisamos entender de economia e mostrar que é um bom negócio proteger a natureza, gerando negócios, emprego e renda", ressaltou.

Uma das formas seria promover os parques nacionais, como acontece em outros países, que contam com uma infraestrutura melhor e ações de marketing bem elaboradas. "É necessário utilizarmos mais inteligência na gestão dos recursos naturais. Outros lugares, com menos recursos naturais, fazem mais que a gente. Precisamos nos inspirar nesses modelos", argumentou.

Segundo Trigueiro, o Brasil também precisa de uma política tributária e fiscal mais moderna e alinhada à nova economia. "Não adianta apenas favorecer os produtos descartáveis, mas incentivar a produção e o consumo de insumos reutilizáveis, por exemplo. Tem que ser política pública de longo prazo. Não é uma política de governo. É necessária uma política de Estado. Uma causa verdadeira e contínua. E nesse aspecto ainda temos muito por fazer", finalizou.






Sobre a Fundação Grupo Boticário
A Fundação Grupo Boticário é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. A Fundação Grupo Boticário apoia ações de conservação da natureza em todo o Brasil, totalizando mais de 1.500 iniciativas apoiadas financeiramente. Protege 11 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado, por meio da criação e manutenção de duas reservas naturais. Atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e nas políticas públicas, além de contribuir para que a natureza sirva de inspiração ou seja parte da solução para diversos problemas da sociedade. Também promove ações de mobilização, sensibilização e comunicação inovadoras, que aproximam a natureza do cotidiano das pessoas.


Pré-candidatos à presidência prometem reformas política e previdenciária


No jantar do Centro de Liderança Pública Geraldo Alckmin, João Amoêdo e Henrique Meirelles falaram sobre saúde, educação, desenvolvimento e reformas estruturais

 
Na noite desta segunda-feira, 30, o Centro de Liderança Pública (CLP) comemorou 10 anos de atividades, em um jantar exclusivo para convidados. O tema “Brasil Presente, País de Futuro” serviu de pano de fundo para a celebração, que teve como atração principal a presença dos pré-candidatos à presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB), João Amoêdo (Novo) e Henrique Meirelles (MDB) que debateram temas relevantes para o futuro do Brasil como: saúde, educação, desenvolvimento econômico, gestão de pessoas no setor público e as reformas política e da previdência. 

Após a apresentação dos dados do “Visão Brasil 2030” apresentados pelo sócio da McKinsey, Nicola Calicchio, Thais Herédia destacou que um dos principais desafios do futuro presidente da República será “estancar a rota do regresso”, que o país tomou nos últimos anos, com o baixo no desempenho da educação, aumento dos problemas na gestão da saúde pública e queda nos índices de crescimento. 

Ao serem questionados sobre a importância das reformas políticas dentro das suas plataformas de governo, os cadidatos defenderam a adoção do voto distrital e distrital misto, pela capacidade desses modelos de gerar proximidade e aumentar o poder de fiscalização da população sobre os políticos eleitos. As questões partidárias também entraram em pauta e, enquanto o candidato do PSBD defendeu a redução do número de partidos, a proposta apresentada pelo partido Novo foi o fim dos privilégios partidários, por meio do corte de financiamentos públicos e a desburocratização para a criação de novas legendas, desde que financiadas pelos próprios correligionários. 

Escolhido por sorteio para ser o primeiro a responder sobre a reforma da previdência, Amoêdo disse que o tema é prioritário para o seu plano de governo, uma proposta que deve ser colocada em pauta no “dia zero” do mandato.”Se a reforma da previdencia não for feita faltará dinheiro para a saúde, educação e mesmo para pagar os aposentados futuros”, afirmou o candidato que defende a idade mínima de aposentadoria 65 anos para homens de mulheres, vincular a atualização do valor pago aos aposentados aos índices de inflação, cobrar pela aposentadoria rural e equalizar a aposentadoria das áreas pública e privada.

“A reforma da previdência é uma iniciativa urgente”, defendeu Geraldo Alckmin, que também prometeu que esta seria a primeira medida de um possível governo. A proposta do candidato também prevê a igualdade entre o setor público e privado, que deve ter o seu valor mínimo pago com base no teto do INSS de R$ 5.600, com a adição de uma complementação definida pela contribuição feita pelo trabalhador durante o tempo de trabalho. Já Henrique Meirelles  enfatizou a necessidade se aprovar a proposta que foi para a votação na Câmara no ano passado e lembrou o possível defict fiscal que o país enfrentará. “Em algumas décadas nós teremos que aumentar a carga tributária em 10% do PIB apenas para financiar o crescimento do deficit da previdência”, afirmou o ex-ministro da Fazenda.  

A curadoria do painel foi feita pela coordenação do CLP, com o apoio do estudo “Visão Brasil 2030” da consultoria Mckinsey, do “Todos para a Educação”, do “Educação Já” e da jornalista Thaís Heredia, do canal My News, que mediou o debate. Além dos três candidatos que compareceram também foram convidados: Marina Silva, Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Álvaro Dias, Manuela D’Ávila e o representante do PT Fernando Haddad. Os convidados foram escolhidos com base em uma matriz elaborada pelo CLP que levou em consideração aspectos como: diversidade de gênero, espectro político, resultados em pesquisas estimuladas e viabilidade de ser cabeça de chapa.


Visão Brasil 2030

Educação

O estudo Visão Brasil 2030 apresentado pela Mckinsey em parceria com o CLP, trouxe dados impactantes sobre a Educação brasileira nos últimos quatro anos: o Brasil saiu da 57ª para a 63ª posição no ranking mundial do PISA, Programa Internacional de Avaliação de Alunos. Além disso, menos da metade das crianças de até oito anos pode ser considerada alfabetizada. A maior parte delas não consegue concluir tarefas como reconhecer que quatro moedas de R$ 0,50 e uma nota de R$ 2 têm o mesmo valor, ou então somar 24+17 no papel. Ao final do ensino médio, 93% dos jovens não têm aprendizado adequado em matemática, necessário para resolver problemas de porcentagem ou aplicar o Teorema de Pitágoras.

Neste contexto os candidatos defenderam a necessidade de se investir na educação básica, de 0 a 7 anos, período no qual as crianças retêm mais conhecimento, segundo especialistas. A capacitação dos professores e o estimulo a carreira também entrou em pauta e o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, propôs que fosse dada uma bonificação aos funcionários das escolas que mostrassem uma melhora na qualidade do ensino das instituições. Além da melhora na remuneração, João Amoêdo destacou também, a necessidade de melhorar as condições de trabalho e a qualificação dos professores. Como exemplo nacional de boas práticas da educação, Meirelles, lembrou o exemplo do estado do Ceará, que aumentou os salários dos professores e bonificou alunos e instituições que apresentaram uma melhora no desempenho.


Saúde 

Em 2014, o estudo Visão Brasil 2030 definiu, a partir da colaboração com cerca de 30 especialistas, a aspiração para o país no campo da saúde e seus três objetivos para alcançá-la. Já neste ano o estudo foi revisto, avaliando o progresso do Brasil durante o período. De acordo com a pesquisa, o resultado desejável ainda está longe de ser atingido. Entre os retrocessos ocorridos entre 2014 e 2017 estão os seguintes itens: o Brasil perdeu cerca de 20 mil leitos hospitalares, as mortes por doenças crônicas cresceram 2%, a taxa de vacinação de algumas das principais doenças diminuiu e a incidência de HIV aumentou em 50%.

Sobre o tema da saúde o candidato Henrique Meirelles defendeu um sistema integrado de prontuário eletrônico que pudesse armazenar os dados dos pacientes, com todos os resultados de exames desde o nascimento. Já João Amoedo propõem uma gestão do SUS mais autônoma, a regulamentação das organizações sociais de saúde e a privatização da gestão de alguns hospitais. Para o candidato tucano, Geraldo Alckmin é preciso investir no saneamento básico para evitar doenças causadas pela contaminação em esgotos à céu aberto, e programas eficazes de vacinação.


Desenvolvimento econômico

De acordo com o estudo, o Brasil não apenas pouco conseguiu avançar em seus principais objetivos econômicos ao longo dos últimos quatro anos, mas fica para trás do ritmo necessário para acompanhar outros países emergentes. Em relação a produtividade, por exemplo, o país ainda não consegue acelerar o suficiente para competir com um grupo de nações formado pelos integrantes do BRIC, mais o México e o Chile. O Brasil hoje está à frente apenas da Índia e, caso mantenha seu ritmo atual, deverá ser ultrapassado dentro de dez anos, caindo para o último lugar do grupo.

Para o candidato do MDB, Henrique Meirelles, a melhor forma de aumentar a produtividade do país é por meio da abertura comercial, com aumento da importação de novas tecnologias, e tratados internacionais, além da simplificação tributária. “O Brasil é um país muito difícil para quem quer empreender”, destacou João Amoedo, que também defende a reforma tributária e uma mudança na legislação econômica de forma a tornar o país mais liberal. Por último, Geraldo Alckmin propôs uma agenda de produtividade, na qual o Estado garanta a competitividade, e a diminuição do custo Brasil, que seria possível com a realização das reformas política, tributária, do ensino e a busca de parcerias internacionais.







Sobre o CLP
O CLP – Centro de Liderança Pública é uma organização sem fins lucrativos e apartidária, que desenvolve líderes públicos empenhados em promover mudanças transformadoras por meio da eficácia da gestão e da melhoria da qualidade das políticas públicas. Oferecemos aos líderes instrumentos práticos para ajudá-los a mobilizar e engajar a sociedade em mudanças eficazes, com ética e responsabilidade.

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