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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

O BRASIL É O MEU PAÍS



        Numa época em que tantos procuram deixar o Brasil, certos conterrâneos descobriram no separatismo um modo de ir para o exterior permanecendo onde estão. De lambuja, economizam a passagem, evitam problemas de imigração e, numa solução tipicamente brasileira, reabilitam o crédito mudando a razão social.
        A tese se manifesta em pontos de vista bem conhecidos: “Sinto-me mais gaúcho do que brasileiro”; “Moro no Brasil que deu certo”; “Estou cansado de sustentar o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste”; “Chega de ser governado pelas elites nordestinas”.
        Pois é. Durante 90 dos 127 anos de república o governo brasileiro esteve confiado a paulistas, mineiros, cariocas e gaúchos. Só o Rio Grande do Sul, com 38 anos na presidência, comandou o país por mais tempo que as outras duas dezenas de estados que “não deram certo” (Cruzes!).
        Por outro lado, alega-se que a representação dos Estados no Congresso Nacional é distorcida pelas "desproporcionais bancadas" dessas regiões. Mais uma vez as coisas não são bem assim. O Nordeste brasileiro é duas vezes mais populoso que o Sul e sua representação parlamentar está rigorosamente proporcional. Aliás, apenas os quatro antigos territórios, mais Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins se beneficiam da representação mínima de oito cadeiras. E essa pequena conta é totalmente paga por São Paulo que tem 70 deputados quando, em virtude da população, deveria ter quase o dobro.
        Reconheço que os promotores do informal plebiscito separatista têm lá seus motivos. Contudo, o mesmo raciocínio que os inspira permitiria conceber, também, um Rio Grande do Sul formado apenas pelas áreas industrializadas da Região Metropolitana e Serra Gaúcha, tendo por capital um município constituído somente pelos bairros classe A da cidade. E aí - quem sabe? - repousaríamos ainda mais tranquilos nos travesseiros da "superioridade". A propósito dela, pergunto: qual dos problemas que facilmente apontamos olhando para o norte não temos aqui?
        Nessa linha, a curiosidade aumenta. Nossas ideias são mais progressistas? Ah, sim? E onde está o progresso? Por que a Ford está na Bahia? Por que a Gerdau muda-se para São Paulo? Esquecemos, parece, do ardoroso e militante público que têm entre nós as ideias socialistas, estatizantes, corporativas e avessas ao empreendedorismo, ao livre mercado e à meritocracia. A estratégia separatista contempla, também, essas sementeiras do atraso e os destruidores do futuro que tanta influência exercem por aqui?
        A tabela que vem sendo usada para definir perdas e ganhos na contabilidade dos Estados com a União, por quanto pude verificar, parece incompleta. Ao que vi, trata apenas de tributos, ou seja, do que vai para Brasília e dos retornos constitucionais aos estados e seus municípios. Mas isso, aparentemente, não inclui gastos federais com serviços, servidores, saúde pública e previdência social, obras, convênios, etc., prestados pela União nos Estados e em seus municípios. O que estou afirmando não passa a régua na conta, nem dá recibo de quitação. Nossa Federação é um arremedo, seus serviços são precários, há abusos de toda sorte, e nossas instituições trombam de frente com a racionalidade que delas se deve exigir. Mas quem diz que faríamos melhor? Escrevo e falo sobre isso há décadas e não sei se convenci alguém aqui na volta.
        Por constrangimento, deixo de lado, no exame das nossas dificuldades atuais, as suas causas internas, caseiras: irresponsabilidade fiscal, demagogia barata, dificuldade de lidar com números e o vale-tudo no jogo pelo poder. Como escrevi ontem, numa pequena nota: "Era só o que faltava a esta geração - acabar com o Brasil  e com a unidade nacional. Sou gaúcho e o Brasil é o meu país".
        Se, no longo curso da História, fosse dado a uma geração qualquer o direito à secessão, como se poderia negar à geração subsequente o direito de rever essa decisão ou de gerar nova secessão? Nações não são gaitas de fole, ao sabor das paixões de cada momento. Ao menos não são assim as que alcançam respeito  internacional, como o Brasil já teve e, agora, tanto se empenha em decompor.



 Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
      


É A INCLUSÃO, SEU ESTUPIDO.




       Parece que o eleitor não sabe o que quer, lendo a importantíssima pesquisa do DATAFOLHA deste final de semana.

       Coloca Lula em primeiro lugar nas pesquisas.

       Diz admirar a experiência como atributo fundamental para um presidenciável.

       E quer Lula na cadeia.

       Cuidado.

       O eleitor está sendo coerente.

       Ele quer Lula na cadeia, Temer processado porque, ao lado da competência, exige e vai cobrar um comportamento ético. Daí a enorme dificuldade de Lula e de qualquer outro que esteja envolvido nas acusações e processos decorrentes da Lava Jato.

       Mas, erro grosseiro, pensar que a discussão de 2018 se esgota na ética. Ela começa pela ética e avança para o tema de sempre.

       Há um padrão nas sete eleições ocorridas desde a democratização.

       Com inflação alta e desorganização da economia, venceu quem vendia futuro e esperança (Collor) contra todos que de alguma forma representavam “o que estava aí”.

       Venceu Fernando Henrique, que personalizava o real, esperança de inflação baixa, retomada do emprego e do desenvolvimento.

       Venceu Lula quando conseguiu, depois de três derrotas, conciliar a mensagem de equilíbrio
(graças a Palocci) com a esperança de promover inclusão social em um cenário de economia então estabilizada.

       E venceu Dilma quando, apesar de tudo, significava a continuidade da inclusão.

       Vale dizer: em sete eleições, sempre o mesmo, apesar de tantas diferenças.

Há uns 20 e tantos por cento ideológicos, à direita, geralmente saídos da classe média do sul-sudeste do País com uma agenda que privilegia a ordem, a estabilidade, a ética.

       Há outros 20 e poucos por cento ideológicos, à esquerda, também saídos dessa mesma classe média, das corporações, dos sindicatos e de setores como a universidade que privilegiam o repertório tradicional e conhecido da esquerda.

       Mas quem ganha eleição, quem está invicto são 40 a 50 por cento. Não são ideológicos. Não se definem ou se localizam por região. São vitimas da desigualdade. Não tem plano de saúde. Sofrem com o SUS. Com as escolas públicas, péssimas. E para eles a violência é mais que o assalto ao carro ou a casa – a violência é ver os filhos mortos na frente do barraco pelas balas perdidas.

       Querem e precisam de esperança. E esta vem da capacidade de o candidato apontar para o caminho da inclusão, da melhoria social. Se vier de alguém que, além disso,  também passa experiência, como Fernando Henrique, ótimo. Se vier de alguém que transmitia amadurecimento (Lula, paz e amor), ótimo. Mas se não houver esse alguém, serve quem promete ainda que falsamente (Collor).

       As pesquisas confirmam que há enorme espaço e exigência para a ética e a experiência. Mas elas serão inúteis se quem as defende não for visto como esperança de inclusão, se não souber falar para quem precisa e não para a avenida Paulista.

       O futuro da eleição está nas mãos, portanto, de quem é sensato/responsável. Ou estes produzem a alternativa inclusiva ou entregam a eleição ao inesperado/demagógico/populista,

       Vale dizer, lembrando a famosa eleição do Clinton. No Brasil, não é a economia. É a inclusão, seu estúpido!        




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Quatro ensinamentos que podemos passar para os filhos com a crise politica



 Tolerância e resiliência são características fundamentais na formação de crianças e adolescentes


Educar uma criança não é uma tarefa fácil, e na busca por fazer o melhor trabalho possível, os responsáveis podem acabar perdendo a direção quando inseridos em um cenário de crise. Com a situação política no Brasil, em que a mídia constantemente apresenta casos de corrupção, problemas econômicos e de violência, fica a pergunta para os pais: “O que podemos ensinar para nossos filhos?”. Em momentos assim, manter a família unida torna-se um grande desafio, mas, segundo o Rabino Samy Pinto, mestre e doutor em Letras e Filosofia pela USP e com especialização em educação em Israel, a situação deve ser encarada como uma oportunidade de repassar aos filhos ensinamentos importantes.

Samy ressalta que os responsáveis devem entender que não atuam como pais apenas na situação de provedores financeiros, mas responsáveis por educar e, além disso, dar bons exemplos nesses momentos de crise de ordem ética e moral. Assim, o Rabino pontuou quatro valores que podem ajudar a guiar o caminho de pais que se encontram confusos sobre como aproveitar a crise política para influenciar seus filhos de maneira positiva.

  • TOLERÂNCIA
A tolerância é um princípio fundamental para uma boa convivência e, ao mesmo tempo, é algo que se encontra cada vez mais distante das relações políticas nacionais, marcadas por discursos de desrespeito e ódio. De acordo com o rabino Samy, esse é um ensinamento que deve começar com exemplos no dia a dia. “Reconhecer o valor no próximo é um fator que caracteriza um grande homem, de acordo com a sabedoria judaica. Os pais devem ensinar os seus filhos a procurar o mérito no outro e respeitá-lo. Ensinar que a qualidade de cada um pode completar o coletivo e que uma nação é a soma das qualidades individuais de seus cidadãos”, explica o rabino.

  • DIÁLOGO
O diálogo aparece como um caminho fundamental na construção social e individual de crianças e adolescentes, pois gera relações de respeito e confiança através do ato de reconhecer a si mesmo no interlocutor e trocar experiências. “Vivemos em uma época na qual não deixamos o outro falar. Interrompemos e atrapalhamos a fala do próximo. Os sábios judeus explicam que Deus criou o homem com dois ouvidos e uma boca para ouvir em dobro. Grande parte dos conflitos familiares, sociais e políticos são fruto da ausência dessa preciosa habilidade de saber ouvir”, comenta o rabino.

  • FORMAÇÃO CIDADÃ
Um dos maiores gargalos em relação às políticas públicas no Brasil está na educação, principalmente, no que diz respeito aos direitos e deveres civis e ao funcionamento da política. “É papel dos pais formar a criança e o adolescente como um futuro cidadão. Passar os valores e ensinar os filhos a ouvir e dialogar com as atuais lideranças, começando em casa com os pais, expandindo para os professores até chegar aos políticos, é fundamental para preparar um bom futuro para o indivíduo e a família. O objetivo da educação deve ser gerar autonomia para que seja possível criar jovens informados e prontos para lidar com diferentes momentos políticos”, comenta Samy.

  • RESILIÊNCIA
Nada melhor do que repassar o valor da resiliência para crianças que se encontram no meio do furacão político que acontece no Brasil. Ser resiliente é ter a capacidade de se adaptar às mudanças e recobrar-se facilmente de situações adversas. “As adversidades e barreiras são algo presente na vida de todos. Muitos personagens da literatura judaica se encontraram em situações de grande adversidade. Um exemplo é José no Egito, que mesmo sendo vendido por seus irmãos e aprisionado, se adaptou a cada situação até alcançar grande importância em grave crise política e econômico da região, e assim salvando muitos de sua nação”, exemplifica Samy.

De acordo com ele, partindo do diálogo e de exemplos diários, pais e mães têm a tarefa de criar filhos que saibam enxergar qualquer situação ruim como uma oportunidade de ser alguém melhor e de gerar impactos positivos. “São dicas simples, mas que podem ajudar os responsáveis a formarem jovens conscientes, sábios e tolerantes, características fundamentais para conviver bem em sociedade”, finaliza.





Rabino Samy Pinto - formado em Ciências Econômicas, se especializou em educação em Israel, na Universidade Bar-llan, mas foi no Brasil que concluiu seu mestrado e doutorado em Letras e Filosofia, pela Universidade de São Paulo (USP). O Rav. Samy Pinto ainda é diplomado Rabino pelo Rabinato chefe de Israel, em Jerusalém, e hoje é o responsável pela sinagoga Ohel Yaacov, situada no Jardins também conhecida como sinagoga da Abolição.






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