No Dia Nacional do Deficiente Visual
(13/12), o Grupo Retina realiza caminhada para lançar o Projeto Bengala Verde, que
visa conscientizar a população sobre a baixa visão e lançar a bengala na cor
verde para identificar quem possui a doença
De
acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010),
mais de 6,5 milhões de brasileiros possuem alguma deficiência visual. Desse
total, 528.624 são indivíduos com visão zero, ou seja, incapazes de enxergar, e
6.056.654 são aqueles que têm uma grande dificuldade permanente de enxergar,
chamada de baixa visão. Com o objetivo de chamar a atenção da população para
este tipo de deficiência, o Grupo Retina,
que fornece suporte e informações para pessoas afetadas pelas doenças
degenerativas da retina, realizará neste sábado (13/12), a partir das
10 horas, uma caminhada na Avenida Paulista, com concentração no Parque Trianon.
Na ocasião, o Grupo lançará o Projeto Bengala Verde, que visa
lançar a bengala na cor verde para indicar que o usuário dela possui baixa
visão, mas não é totalmente cego.
Segundo
a presidente do Grupo Retina, Maria Julia da Silva Araújo, o dia 13 de
dezembro é uma data especial por ser o Dia Nacional do
Deficiente Visual. “A primeira etapa do Projeto será essa caminhada,
quando nós mudaremos para verde a cor das bengalas das pessoas com baixa
visão que comparecerem”, conta Maria Julia. Além de levar cartazes e
distribuírem folhetos sobre a baixa visão, os voluntários também levarão
bengalas verdes para vender pelo valor de R$ 60. A expectativa é que o evento
reúna aproximadamente 100 pessoas entre portadores, grupos de apoio e
apoiadores da causa, como a Lew’Lara/TBWA, que criou as peças de divulgação do
Projeto. Para o presidente da agência, Marcio Oliveira, "colaborar com uma
ação como essa é gratificante tanto no aspecto pessoal quanto no criativo, pois
as peças que criamos, além de informar o problema, faz um convite à reflexão
sobre o difícil dia-a-dia das pessoas com deficiência visual", diz.
“A
bengala verde já é utilizada em países como Argentina e México para identificar
os indivíduos que possuem baixa visão. Por isso é muito importante que o Brasil
divulgue a bengala verde, que vai colaborar para que as pessoas afetadas deixem
de passar por mais dificuldades e constrangimentos nas suas atividades
diárias”, alerta Maria Julia.
Baixa
visão
Você
está sentado em um ônibus lotado e, de repente, sobe uma pessoa com uma
bengala. Alguém cede o lugar a ela que, ao sentar, tira um livro da mochila e
começa a ler. A maioria dos passageiros pensará que a pessoa está fingindo ser
cega para seguir viagem sentada. Por esse e por outros motivos, é fundamental
que a população saiba que, além dos indivíduos que possuem ausência total de
visão, existem aqueles que têm baixa visão e também são considerados
deficientes visuais.
De
acordo com a doutora Juliana Ferraz Sallum, oftalmologista, professora de Oftalmologia
da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp, e presidente da Comissão
Científica do Grupo Retina; o termo deficiência visual não significa,
necessariamente, total incapacidade para ver. “Ter baixa visão ou visão
subnormal significa enxergar bem menos do que as pessoas normais, mas não ser
cego. É uma condição que é desconhecida pela maioria das pessoas leigas e afeta
uma parcela significativa da população de deficientes visuais brasileiros”,
explica a especialista.
O
paciente considerado com baixa visão possui acuidade visual (que é a visão
central, o quanto a pessoa enxerga de frente) menor ou igual a 20/200*
no melhor olho, após todos os procedimentos clínicos, cirúrgicos e correções
com lentes ou campo visual (visão lateral) menor que 20 graus. Para se ter uma
ideia, a acuidade visual de uma pessoa sem deficiência visual é 20/20.
*
Observação
20/200
– ou seja, se a pessoa pode ver a 20 pés (6 metros) o que uma pessoa de visão
normal pode ver a 200 pés (60 metros)
A
baixa visão pode ser resultado de várias doenças, entre elas o glaucoma e as
doenças da retina, especialmente as hereditárias como: retinose pigmentar,
descolamentos de retina, degenerações na mácula e retinopatia diabética. Além
destas, a retinopatia da prematuridade, infecções oculares e acidente com
ferimentos nos olhos também são causas da baixa visão.
Sobre
os sintomas, Maria Julia, que possui retinose pigmentar, conta que, a
princípio, são pequenos desconfortos na visão que, mais tarde, se agravam e
complicam o cotidiano das pessoas afetadas. “Temos dificuldade em reconhecer
fisionomias, ler placas de ruas, letreiros de ônibus e em atravessar as ruas. O
campo visual restrito dificulta nossa locomoção e ficamos muito propensos a
trombadas e tropeços. Em certos casos, o excesso ou a falta da claridade nos
prejudica mais ainda. Mesmo com todas essas dificuldades, estamos nas ruas
todos os dias, frequentando escolas que, na maioria das vezes, não estão
preparadas para nos receber e que possuem recursos de adaptação que nem sempre
são os adequados”, explica.
Um
dos maiores desconfortos dos portadores de baixa visão é o fato de serem
repetidamente confundidos com pessoas cegas quando utilizam a bengala branca
para facilitar a locomoção ou com pessoas com deficiências mentais por
demorarem um pouco mais para tomar decisões sobre qual alimento pegar na fila
do quilo, por exemplo. “É comum passarmos por situações constrangedoras no
dia-a-dia. Em muitas doenças, o resíduo visual nos permite a enxergar quando
nos aproximamos do objeto. Um exemplo é quando estamos no banco e passamos na
frente de todos pela fila de prioridades por estarmos utilizando bengala e, ao
chegar no caixa, pegamos algo para ler, como uma conta ou um cartão. Como
explicar isso às outras pessoas que estão na fila? Ou então no ônibus, onde
somos contemplados com o uso do assento preferencial, mas tiramos de nossos
bolsos ou bolsas um celular ou livro? Temos sempre que estar preparados para
tentar explicar a quem ficou no final da fila ou nos cedeu o lugar que não
somos pessoas de mau caráter tentando se passar por cegos, mas sim, indivíduos
com baixa visão, já que muitos de nós não aparentamos ter qualquer problema. É
isso que queremos mostrar com o Projeto Bengala Verde”, relata.
Lançamento Projeto Bengala Verde -
Caminhada pela conscientização da baixa visão
Data: sábado, 13/12/2014
Horário: das 10h às 13h
Ponto de encontro: Parque Trianon, portão da Av.
Paulista (entre Rua Peixoto Gomide e Alameda Casa Branca)