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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Cinco mitos sobre a saúde do coração


Idade não é fator exclusivo e o sal não é o maior vilão. Cardiologista explica dúvidas comuns sobre as doenças cardíacas

Apesar de muita gente saber que para uma vida saudável é preciso modificar alguns comportamentos como, por exemplo, largar o tabaco, reduzir o álcool, ter uma alimentação equilibrada e praticar atividades físicas, as doenças ligadas ao coração ainda são as que mais matam no mundo. De acordo com o Ministério da Saúde, 300 mil brasileiros sofrem infartos todos os anos e em 30% dos casos, o ataque cardíaco é fatal. A desinformação em relação as doenças cardiovasculares é um dos principais obstáculos para reduzir esse percentual.

O cardiologista Diego Garcia explica que muitas doenças que afetam o sistema cardiovascular não manifestam sintomas e que muitas pessoas só deixam para procurar um cardiologista quando já estão com um quadro grave. O especialista ainda esclarece os mitos que cercam um dos principais órgãos do corpo.


Doença cardíaca só acomete idosos

Apesar de terem uma probabilidade menor, cada vez mais jovens e crianças têm sofrido com as doenças cardíacas e isso é um reflexo direto do sedentarismo e obesidade que tem crescido nessa faixa etária. Segundo um levantamento realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 80% dos adolescentes não praticam exercícios com frequência.

É muito comum também a manifestação na infância e adolescência de doenças cardiológicas congênitas, ou seja, problemas no coração em que a pessoa já nasce e que pode se manifestar desde os primeiros dias de vida até a idade adulta.


Doença cardíaca impede a prática de atividade física

Ao contrário do que se pensa, é sugerido que os pacientes cardiopatas tenham uma rotina ativa para fortalecer o coração. A indicação inclusive é que o individuo complemente atividades aeróbicas com a musculação, para melhorar a capacidade cardiorrespiratória e ter ganho muscular.

"Já sabemos que os exercícios ajudam na prevenção de diversas doenças do coração e ainda contribuem para a recuperação daqueles que têm algum problema", comenta o cardiologista. Hoje temos médicos cardiologistas que se dedicam especificamente na área da reabilitação cardiovascular, que busca auxiliar pacientes com doenças cardíacas para ganho de performance. Mas antes de qualquer atividade, a principal recomendação é que tenha um acompanhamento médico avaliar as limitações e os exercícios indicados.


Se tenho pressão alta, não posso comer sal

De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão, atualmente 40% dos infartos e 80% dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) estão associados a hipertensão. A doença pode ter influência do fator genético, mas evitar o sedentarismo e controlar o consumo de sódio na alimentação são fundamentais para evitar o quadro.

Porém, isso não significa que seja necessário cortar o sal da dieta, mas sim reduzir o seu consumo. De acordo com Diego Garcia, o sódio é fundamental para a manutenção do "equilíbrio" (homeostase) no organismo, mas ressalta que é importante tomar cuidado ao adicionar mais sal à comida, considerando que muitos alimentos já contêm sódio em sua composição. "Além de reduzir o consumo do sal de cozinha, é preciso diminuir o consumo de alimentos industrializados, que são ricos em sódio", comenta.


Quem está em forma não corre risco de problemas cardíacos

Quem está em forma realmente tem um risco menor de desenvolver algumas doenças, como o infarto e arritmias, mas algumas pessoas têm história familiar positiva para doença cardiovascular e podem estar geneticamente mais propensas, assim como serem portadoras de outras patologias que aumentam o risco de cardiopatias.

Além disso, há pessoas que mesmo que sejam magras, têm um alto índice de gordura no corpo, podendo desenvolver doenças como diabetes e pressão alta.
"Ser magro não é sinônimo de ser saudável", complementa.


Todo colesterol alto é ruim

O colesterol não é nada mais do que uma substância gordurosa que é essencial para a manutenção do organismo. Ele é importante para estrutura celular e contribui para a síntese de alguns hormônios como o estrogênio e a testosterona. O problema é que por ser uma substância gordurosa, quando ele está em grande quantidade pode acabar se acumulando nas artérias e impedir o fluxo sanguíneo.

Há dois tipos principais de colesterol no organismo, o HDL, lipoproteína de alta densidade e o de baixa densidade, LDL. O cardiologista Diego Garcia explica que o LDL é chamado de "colesterol ruim" porque ele promove a deposição de gordura na parede dos vasos, enquanto o HDL, também conhecido como "colesterol bom" retira esse colesterol dos vasos, impedindo a sua deposição nas artérias. "Como recomendação simples poderia dizer que precisamos manter o LDL baixo e o HDL alto para manter um bom controle da aterosclerose", finaliza Dr. Diego Garcia.




Dr. Diego Garcia - médico cardiologista com área de atuação em cardiologia geral, ecocardiografia, cardio-oncologia, medicina preventiva e medicina do estilo de vida.

As dores e a obesidade


Dr. André Mansano, um dos mais conceituados especialistas no tratamento da dor no Brasil, diz que as dores lombares e articulares são as mais comuns quando associadas ao sobrepeso


Sabe-se que a obesidade é um grande problema de saúde pública no mundo todo. É uma situação complexa com sérias repercussões sociais e psicológicas que afeta ambos os sexos e praticamente todas as idades. Em 1995, havia 200 milhões de pessoas obesas no mundo, número que aumentou para 300 milhões no ano 2000. Ao contrário do que muitos pensam, a obesidade não é uma doença de países desenvolvidos, estima-se que haja 115 milhões de pacientes obesos em países em desenvolvimento.


Recentemente, a primeira dama norte americana ganhou os holofotes ao participar de uma campanha mundial contra a obesidade infantil, algo que tem preocupado muito as autoridades de saúde de todo o mundo.  

A obesidade grave está associada a dores articulares e diminuição importante da funcionalidade corporal (habilidade para curvar-se, levantar pesos, andar, etc.). A obesidade aumenta a incidência de dores lombares e articulares. Isso ocorre de forma direta, já que todo o sistema musculoesquelético fica sobrecarregado pelo excesso de peso e de forma indireta, por prejudicar a performance cardiovascular, reduzir a flexibilidade, aumentar a inflamação sistêmica e diminuir a força muscular por massa corporal. É importante ressaltar que não são apenas as articulações que sofrem com a obesidade. Toda a coluna vertebral está sobrecarregada com o excesso de peso, aumentando a incidência de degenerações e hérnias de disco, por exemplo.  

A cirurgia bariátrica tem sido um tratamento altamente eficaz para pacientes com obesidade grave, promovendo a manutenção da perda do peso corporal e diminuindo a incidência e a gravidade de doenças associadas como diabetes mellitus, hipertensão arterial, aumento do colesterol e depressão. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica preconiza que a cirurgia deve ser indicada para pacientes com Índice de Massa Corporal acima de 40, independente da presença de doenças associadas ou naqueles pacientes com Índice de Massa Corporal acima de 35 e que apresentem alguma doença associada a obesidade que possa melhorar com a perda de peso (ex. diabetes mellitus, hipertensão arterial, etc). Obtém-se o Índice de Massa Corporal dividindo o peso (em Kg) pela altura (em metros) do paciente elevada ao quadrado.  

Um estudo, realizado por pesquisadores da Universidade de Pittsburgh nos EUA, avaliou a melhora da dor e função articular em mais de 2400 pacientes obesos submetidos à cirurgia bariátrica. Os médicos pesquisadores demonstraram que de 50 a 70% dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica passaram a ter, significativamente, maior qualidade de vida e menores índices de dores lombares, em quadris, joelhos e tornozelos.  

Os fatores mais associados com a diminuição dos índices de dor relacionados à cirurgia bariátrica são:  
  
-idade (quanto mais jovem, maior a melhora)  

-condição socioeconômica  

-menores índices de depressão pré-operatória  

-maior índice de perda de peso  

-maior controle do quadro de diabetes pré-existente    
              
Sabemos que existem vários tipos de “cirurgia bariátrica” e em todos as técnicas foram observadas melhora da qualidade de vida e dos índices de dor. É importante, portanto, que os pacientes com obesidade procurem diminuir o peso com todas as ferramentas existentes na medicina. Em casos onde medidas pouco invasivas não apresentem sucesso, a cirurgia bariátrica mostrou-se uma efetiva opção que, embora não seja isenta de risco, tem se mostrado capaz de melhorar a qualidade de vida dos pacientes.


 
Dr. André Mansano  - Graduado em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina é médico Intervencionista da Dor na SINGULAR - Centro de Controle de Dor, em Campinas/SP e do Hospital Israelita Albert Einstein/São Paulo/SP. É especialista na Área de Atuação em Dor pela Associação Médica Brasileira (AMB), membro do Comitê de Educação do "World Institute of Pain" e da Sociedade Brasileira dos Médicos Intervencionistas em Dor.


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