Aumento
de impostos, juros elevados e falta de corte de gastos geram cautela em relação
ao futuro e aos investimentos, enquanto a percepção atual permanece negativa há
mais de dois anos
A confiança do empresário paulistano subiu 1,8% em julho, na comparação com
junho. Em relação ao mesmo período do ano passado, porém, houve queda de 3,7%.
Os dados são do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), da Federação
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
O avanço do indicador é sustentado pela desaceleração da inflação e pelo
aumento das vendas em datas comemorativas, e não por uma melhora no cenário da
política econômica — que continua gerando cautela entre os empreendedores em
razão do aumento de impostos e da ausência de perspectivas de corte de gastos.
Após cinco quedas consecutivas — entre dezembro e abril — que levaram o
indicador ao menor nível em quase quatro anos, o ICEC reagiu e marcou a terceira
elevação seguida em julho, atingindo 102,8 pontos, numa escala de 0
a 200, em que os 100 pontos representam a linha divisória entre o pessimismo e
o otimismo.
[GRÁFICO 1]
Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC)
Julho de 2024 a julho de 2025
Fonte: FecomercioSP
Percepção do momento atual segue negativa há mais de dois anos
Dentre as variáveis que compõem o ICEC, o Índice das Condições Atuais do
Empresário do Comércio (ICAEC) foi o que apresentou a maior variação no
mês, com alta de 3,8%. Na comparação anual, entretanto, houve queda de 6,3%.
Apesar do avanço mensal — de 73,5 pontos, em junho, para 76,3 pontos, em
julho —, a variável continua com a pior avaliação entre os componentes do ICEC
e está há 29 meses consecutivos abaixo dos 100 pontos.
De acordo com a FecomercioSP, essa melhoria na avaliação da situação atual
provavelmente decorre das vendas do Dia das Mães e do Dia dos Namorados, além
de fatores como a desaceleração inflacionária. No entanto, a continuidade do
índice na faixa do pessimismo reflete um sentimento de insatisfação por parte
dos empresários, indicando que, embora as vendas tenham crescido nos últimos
meses, eles ainda lidam com problemas relacionados a rentabilidade, pressão de
custos, juros elevados, política econômica do governo, entre outros.
[GRÁFICO 2]
Índices: ICAEC, IEEC e IIEC
Julho de 2024 a julho de 2025
Fonte: FecomercioSP
Empresários seguem cautelosos quanto ao futuro
Quando se trata do futuro, os empresários também não demonstram grandes
expectativas, principalmente graças à política econômica, ao aumento de
impostos e à falta de perspectivas em relação à redução de gastos. O Índice
de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC), que também compõe o ICEC,
voltou a cair em julho após três altas consecutivas. As quedas foram de 0,8%,
na comparação mensal, e de 5,8%, na anual. Com o resultado, o IEEC registrou 128,4
pontos.
Já o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) subiu 3,7%,
na passagem de junho para julho. Na comparação interanual, o avanço foi mais
tímido, de 1,1%. A variável está no patamar de otimismo, com 103,7 pontos.
Ainda assim, a FecomercioSP avalia que os empresários estão adotando uma
postura mais cautelosa quanto a novos investimentos, o que já era esperado
diante das incertezas e dos juros elevados.
Como a Entidade vem alertando nos últimos meses, embora as vendas estejam
apresentando bons resultados, o cotidiano das empresas ainda é marcado por
dificuldades, como margens apertadas, crédito caro, empréstimos contraídos
durante a pandemia (que ainda precisam ser pagos), entre outros fatores que
afetam a rentabilidade e a lucratividade, além dos negócios em recuperação
judicial ou que faliram. Os dados de vendas, ainda que positivos, já indicam
sinais de desaceleração. Por isso, é importante que as empresas adotem uma
certa dose de cautela na formação dos estoques e na realização de novos
investimentos, alerta a Federação.
[GRÁFICO 3]
Índice de Expansão do Comércio (IEC)
Julho de 2024 a julho de 2025
Fonte: FecomercioSP
Comércio retoma fôlego, apesar da precaução empresarial
Sobre a expansão dos negócios, as datas comemorativas também surtiram efeito
positivo com o Índice de Expansão do Comércio (IEC), apontando alta de 5,5%
em julho, na comparação com o mês anterior. Em relação a julho de 2024, o
crescimento foi de 2,3%. O indicador atingiu 107,7 pontos, permanecendo,
portanto, na zona de otimismo. A elevação do IEC ocorre após seis quedas
consecutivas (entre novembro e maio) e representa a segunda alta seguida do
índice.
O IEC é composto por dois subíndices: o Índice de Expectativa para Contratação
de Funcionários (ECF) e o Índice de Nível de Investimento das Empresas (NIE).
Em julho, o ECF avançou 3,6%, alcançando 118,4 pontos, enquanto o NIE
registrou alta de 7,9%, chegando a 97,1 pontos — ainda na zona de
pessimismo. De maneira geral, os empresários mantêm uma postura conservadora
referente a investimentos em máquinas, equipamentos, reformas e abertura de
lojas, entre outros. Na comparação com julho do ano passado, o IEC cresceu
2,3%, ao passo que o ECF avançou 2,4%.
[GRÁFICO 4]
Índices: ECF e NIE
Julho de 2024 a Julho de 2025
Fonte: FecomercioSP
Notas metodológicas
ICEC
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) contempla a percepção do setor em relação ao seu segmento, à sua empresa e à economia do País. São entrevistas feitas em painel fixo de empresas, com amostragem segmentada por setor (não duráveis, semiduráveis e duráveis) e por porte de empresa (até 50 empregados e mais de 50 empregados). As questões agrupadas formam o ICEC, que, por sua vez, pode ser decomposto em outros subíndices que avaliam as perspectivas futuras, a avaliação presente e as estratégias dos empresários mediante o cenário econômico. A pesquisa refere-se ao município de São Paulo, contudo sua base amostral reflete o cenário da região metropolitana.
IEC
O Índice de Expansão do Comércio (IEC) é apurado todo mês pela
FecomercioSP, desde junho de 2011, com dados de cerca de 600 empresários. O
indicador vai de 0 a 200 pontos, representando, respectivamente, desinteresse e
interesse absolutos na expansão de seus negócios. A análise dos dados
identifica a perspectiva dos empresários do comércio em relação a contratações,
compra de máquinas ou equipamentos, e abertura de novas lojas. Apesar de esta
pesquisa também se referir ao município de São Paulo, sua base amostral abarca
a região metropolitana.
FecomercioSP
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