
Um ambiente bagunçado atrapalha a produtividade. Freepik
As arquitetas Belisa Mitsuse e Estefânia Gamez, especialistas em Feng Shui, explicam como a disposição dos móveis, as cores e os elementos decorativos podem estimular a criatividade e a concentração
Já passou por dias em que o trabalho não rende como deveria?
Você abre o computador e as ideias parecem não fluir, a criatividade fica
bloqueada e qualquer coisa vira uma distração. Essa sobrecarga pode estar sendo
influenciada — ou potencializada — pelo seu ambiente de trabalho.
De acordo com as arquitetas Belisa Mitsuse (Bel) e Estefânia
Gamez (Tef), sócias do BTliê Arquitetura e fundadoras do curso Projetando com
Feng Shui, a forma como distribuímos móveis, escolhemos cores e cuidamos da luz
modula o nosso comportamento. “Quando o espaço está alinhado à função que ele
precisa cumprir, o corpo relaxa e a mente ganha clareza. Um espaço
desorganizado, mal iluminado e com muitas interferências visuais pode
sobrecarregar a mente e atrapalhar a produtividade”, afirma Bel.
Mas tudo tem solução! Seja em casa ou na empresa, as
especialistas afirmam que pequenas decisões de projeto ajudam a organizar a
energia do ambiente, favorecendo o foco e ritmo de trabalho. “Para trabalhar
melhor, muitas vezes basta ajustar a posição da mesa, rever as cores que estão
no seu campo visual e retirar excessos. Pequenas mudanças organizam o fluxo do
ambiente e ajudam a sustentar o foco e o ritmo de execução”, diz Tef.
Para ajudar a harmonizar a energia do seu home-office,
escritório e mesa de trabalho, a dupla de arquitetas separou 9 dicas práticas,
sem reforma ou grandes investimentos, para você aplicar agora mesmo. Confira:
1)
Evite
trabalhar “de castigo”
Sentar de frente para a parede ou de costas para a porta de
entrada tende a aumentar a sensação de vigilância e cansaço. Se possível,
posicione a mesa na posição de comando: de frente para o ambiente, com visão da
entrada e apoio sólido atrás (parede ou uma cadeira com encosto alto).
2)
Trabalho
criativo? Utilize estas cores
Atividades que exigem brainstorming e criação se beneficiam
de estímulos moderados. Cores vibrantes, principalmente o amarelo, ativam a
criatividade. Mas é necessário moderação. “Ambientes criativos precisam de
estímulo, mas sem exageros: cores vibrantes em pontos estratégicos e objetos
que provoquem a curiosidade ajudam a tirar ideias do papel, enquanto áreas abertas
facilitam a troca entre equipes”, afirma a arquiteta Belisa Mitsuse.
3) Precisa de foco? Experimente cores profundas
“Paletas neutras comunicam sobriedade e estabilidade. Elas
criam um pano de fundo discreto para leitura, análise e tomada de decisão”,
afirma Estefânia Gamez. Para leitura, análise e tarefas longas, tons profundos
e estáveis funcionam como âncora: azul petróleo, verde-mata, grafite e
terracota em detalhes do campo de visão reduzem a dispersão. Evite grandes
blocos vibrantes nesse tipo de atividade. “O importante é que a paleta respire:
um fundo mais estável com poucos pontos de destaque orienta o olhar para o que
importa”, complementa Tef.
4) Fuja dos extremos: nem claro demais, nem escuro demais
De acordo com o Feng Shui, ambientes excessivamente brancos
podem gerar ofuscamento e ansiedade; já os muito escuros pesam e reduzem a
disposição. Busque equilíbrio: base neutra, contrastes controlados e materiais
que tragam textura (madeira, fibras, pedra) para dar acolhimento sem perder a
sobriedade.
5) Mantenha o espaço limpo e livre-se de objetos quebrados
As arquitetas afirmam que essa é uma regra básica do Feng
Shui. Reserve alguns minutos no início ou fim do dia para descartar papéis,
retirar o lixo e manter o ambiente de trabalho limpo. Objetos quebrados ou sem
uso devem ser descartados ou consertados.
6) Paisagens e perspectivas
Imagens com horizonte, caminhos ou perspectivas induzem
sensação de amplitude e continuidade, úteis para quem passa horas diante da
tela. Prefira fotos e gravuras que abram o campo visual (janelas, alamedas, mar
ao longe), evitando cenas muito agitadas. Uma única peça bem posicionada
costuma ser suficiente. “Essa pode ser uma boa solução para quem trabalha de
frente para uma parede, por exemplo”, afirma Tef.
7) Cuidado com as “setas invisíveis”
Um conceito pouco falado do Feng Shui é o de “setas
invisíveis”: “Chamamos de ‘setas invisíveis’ quinas de mobiliário ou das
paredes, além de objetos pontiagudos apontados para os locais de longa
permanência: sofá, cama e mesa de trabalho”, diz Belisa Mitsuse.
A arquiteta explica que essa sabedoria milenar ganhou
contornos científicos a partir de um recente estudo da Harvard Medical School. A pesquisa sugere que a exposição a esses
tipos de estímulos ambientais pode ativar a amígdala cerebral, região do
cérebro responsável por ativar nossos instintos de luta e fuga, gerando medo e
ansiedade. Essa ativação pode ocorrer mesmo quando não estamos conscientes do
estímulo, indicando que essas “setas invisíveis” afetam nossa percepção e
bem-estar em um nível profundo e subconsciente.
Para resolver o problema, Bel indica soluções simples:
trocar a mesa de lugar, reposicionar os objetos pontiagudos ou instalar uma
canaleta arredondada para suavizar as quinas de móveis e paredes.
8) Luz natural e ventilação
“Um ambiente bem iluminado e ventilado aumenta a sensação de
bem-estar e influencia diretamente a produtividade”, afirma Tef. A dica é
aproveitar ao máximo a entrada de luz natural, evitando ofuscar a visão ou
reflexos na tela do computador. Cortinas leves e persianas reguláveis ajudam a
controlar a luminosidade. “Caso a luz natural não seja o suficiente para iluminar
o ambiente, as lâmpadas e luminárias ajudam a manter constância ao longo do
dia. E para deixar o ambiente ainda mais agradável, a arquiteta indica um ato
simples: abrir as janelas e deixar o vento entrar para renovar o ar
periodicamente.
9) Organização é essencial
“Não adianta ter o espaço de trabalho mais harmonizado do
mundo se ele vive uma bagunça”, resume Bel. Defina lugares fixos para o que
você usa diariamente e crie o hábito de deixar tudo em seu lugar. “Evite o
acúmulo de objetos e a sobrecarga visual, guarde o que é pouco usado e deixe à
vista apenas o essencial”, finaliza a arquiteta.
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