Evolução da temática e possibilidades foram
debatidos durante webinar realizado pela COBEA
O
Brasil tem evoluído no âmbito de bem-estar animal e conquistado avanços
significativos no setor produtivo da cadeia. A afirmação é do supervisor de
Bem-Estar Animal LATAM da Minerva Foods, Vinicius Fonseca, feita durante o webinar
“Bem-estar animal no Brasil: Oportunidades e desafios atuais”, promovido pela
Colaboração Brasileira de Bem-Estar Animal (COBEA) no dia 25 de agosto.
O
evento contou com participantes da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA),
da startup certificadora Produtor do Bem – idealizadora da COBEA –, da Minerva
Foods, da Nestlé Brasil e da JBS Brasil. Fonseca fez parte do painel “Os cinco
domínios na prática e na realidade brasileira”, ao lado da gerente técnica e de
pesquisa da Produtor do Bem, Paola Rueda.
Os
dois palestrantes apresentaram uma visão geral histórica sobre a evolução da
temática do bem-estar animal. O supervisor da Minerva Foods falou sobre a importância
da aplicação prática de descobertas científicas e como o Brasil se tornou
propulsor de boas práticas de BEA na América Latina e no mundo. Fonseca pontuou
a recente expansão no país das pesquisas sobre o assunto, refletindo desafios
encontrados nos sistemas de produção, e que o Brasil tem um vasto potencial
para se tornar um líder global em boas práticas de bem-estar animal.
“Defendemos a expansão das pesquisas em bem-estar animal, a necessidade de
parcerias público-privadas e colaborações pré-competitivas, e a ampliação da
certificação de origem, que garante como os animais são mantidos e criados”,
destacou.
Paola
apontou como modelos similares aos cinco domínios ajudam a estimar e avaliar o
status de bem-estar animal na prática e a identificar oportunidades para melhorias.
Ela explicou que essa análise é baseada em indicadores sobre o ambiente, o
animal e o sistema produtivo, e que um animal que tem bem-estar é aquele que
acumula mais oportunidades positivas ao longo da vida – estados mentais positivos
– do que negativos.
Posicionamento
A
diretora-executiva da COBEA, Elisa Tjarnstrom apresentou o documento de
posicionamento da entidade chamado “Abordagem da COBEA ao Bem-Estar Animal”, um
primeiro passo que mostra sua visão sobre a temática e estratégias para criar
impacto no setor, identificar áreas prioritárias, lacunas e apontar novos
caminhos para progresso. “Reconhecemos que qualquer melhoria de bem-estar
animal deve ser baseada na ciência atual, em modelos amplamente aceitos, mas
também em ambições corporativas e expectativas das partes interessadas.
Queremos construir um movimento inclusivo, no qual cada um tenha uma parte da
solução”, afirmou.
O
coordenador científico de BEA da OMSA, Leopoldo Stuardo, apresentou o tema “A
visão da OMSA sobre bem-estar animal e implicações práticas”. Ele falou sobre a
complexidade do tema, que inclui importantes dimensões científicas, éticas,
culturais, religiosas, econômicas e políticas. Também destacou o movimento
mundial em prol do bem-estar animal, uma temática que deve ser abordado
globalmente, mas com estratégias que fazem sentido localmente. “É essencial ter
uma base científica, mas para sua adoção é preciso levar em conta outros
fatores.”
Stuardo
ressaltou a necessidade de construir uma estrutura regulatória funcional, o que
requer conjuntos essenciais de recursos para orientar, permitir a
operacionalização e proporcionar uma supervisão sólida. O trabalho normativo da
OMSA e a estrutura operacional existem como apoio nesse processo, porém ainda
há mais a fazer para definir como as nações podem se aproximar dessas normas
globalmente aceitas por mais de 180 países.
Trabalho estratégico no
setor
A
gerente-executiva de Agricultura Sustentável da Nestlé Brasil, Bárbara Sollero,
e a diretora de Sustentabilidade da JBS Brasil/Seara, Sheila Guebara,
encerraram a programação dando exemplos do trabalho estratégico de
desenvolvimento e implementação de bem-estar animal das duas
empresas.
Bárbara
falou sobre o compromisso global com BEA da Nestlé, que enxerga a temática como
um pilar chave da pecuária regenerativa e na busca da produção de baixo
carbono. A empresa tem desenvolvido um trabalho estratégico de implementação de
boas práticas com seus fornecedores. O processo foca em treinamento de pessoas,
investimento em infraestrutura nas fazendas, tecnologias de monitoramento
animal e incentivos de adoção de boas práticas, como o uso de sêmen sexado,
amochamento com uso de anestésico e analgésico e redução de estresse térmico.
“Se tivermos vacas felizes, certamente teremos leite de melhor qualidade,
produtores mais satisfeitos e animais podendo expressar todo o investimento
genético de longa data”, apontou. Alguns dos desafios que ela destacou foram
padronização e mensuração, regulamentação e coordenação setorial, em que uma
iniciativa como a COBEA é tão importante.
Sheila
explicou a estratégia estabelecida globalmente em 2023 pela JBS, na qual o
bem-estar é um dos pilares estratégicos globais da empresa, que tem avançado no
tema e na transparência ano após ano, inclusive com publicações específicas de
BEA para o Brasil. Na COBEA, a JBS vê a oportunidade de trocar experiências e
identificar áreas onde é necessária ação em conjunto, construir parcerias para
promover avanços na indústria brasileira de proteína animal e tratar de forma coletiva
as barreiras à melhoria do bem-estar animal na cadeia produtiva. “Acreditamos
na mudança e em que em conjunto é possível trazer tecnologia e avançar nas boas
práticas de modo sustentável. Não conseguimos fazer mudanças drásticas do dia
para a noite, mas ao longo do tempo, com essas melhorias, todo mundo ganha:
saúde, pessoas, animais e o planeta”, finalizou.

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