Dra.
Bruna Durelli, médica nutróloga e fundadora da LevSer Saúde, esclarece dúvidas sobre um
dos remédios mais comentados do momento e explica o que você precisa saber
antes de usar o medicamento
O avanço dos
medicamentos voltados ao controle de peso e ao tratamento do diabetes tipo 2
vem transformando o cenário da saúde metabólica nos últimos anos. Após o
sucesso de remédios como Ozempic e Wegovy, a farmacêutica Eli Lilly divulgou
novos dados sobre a orforgliprona, uma pílula experimental que resultou em
perda de peso média de 12 kg em adultos com obesidade ou sobrepeso. O
medicamento oral ainda aguarda aprovação, mas já desponta como mais uma opção
num mercado cada vez mais atento a soluções menos invasivas e mais eficazes –
onde o Mounjaro, também da Eli Lilly, vem ganhando destaque.
Composto pela
molécula tirzepatida, o Mounjaro atua de forma diferente de seus antecessores e
passou a ser amplamente procurado tanto por pacientes quanto por profissionais
da saúde. Apesar disso, seu uso ainda gera dúvidas e expectativas exageradas,
muitas vezes impulsionadas por redes sociais e celebridades. “O que a gente
observa hoje é uma espécie de ‘euforia’ em torno do Mounjaro, como se ele fosse
um remédio milagroso para emagrecer. Mas ele não é. É uma ferramenta poderosa,
sim, mas que precisa estar inserida num plano de cuidado completo e
individualizado”, alerta a médica nutróloga Bruna Durelli, fundadora da
clínica LevSer Saúde, referência
no tratamento da obesidade.
A especialista
reforça que o medicamento pode ser um grande aliado para alguns pacientes, mas
que o sucesso do tratamento depende de uma análise clínica criteriosa e,
principalmente, de mudanças reais no estilo de vida. “O Mounjaro pode abrir uma
janela de oportunidade, mas quem sustenta o processo é o paciente. Não existe
pílula ou injeção capaz de substituir autocuidado, alimentação equilibrada,
movimento e saúde emocional”, afirma a médica.
A seguir, a Dra.
Bruna Durelli responde às principais dúvidas sobre o uso do Mounjaro,
desvendando mitos e verdades com base na prática clínica e nas evidências
científicas mais recentes. Confira:
1. O
Mounjaro pode substituir a cirurgia bariátrica?
Mito. “Essa é uma dúvida muito comum no consultório, e a
resposta é: não, o Mounjaro não substitui a cirurgia bariátrica. Apesar de ser
um medicamento muito eficaz para ajudar no controle do peso e do diabetes tipo
2, ele não tem o mesmo impacto metabólico e estrutural da cirurgia”, explica.
Segundo a
especialista, a cirurgia continua sendo a principal indicação para pacientes
com obesidade grave e comorbidades importantes. “O Mounjaro é uma excelente
ferramenta, indicado para casos leves a moderados ou como suporte pré e
pós-bariátrica. São abordagens diferentes, para perfis diferentes de paciente”,
complementa.
2.
Existe risco de “efeito sanfona” ao interromper o uso?
Verdade. “O Mounjaro ajuda a regular hormônios que controlam fome,
saciedade e glicemia. Quando a gente tira esse suporte de forma abrupta e sem
planejamento, o risco de reganho de peso aumenta. Para minimizar esse risco, a
retirada do medicamento deve ser gradual e acompanhada por um plano de
manutenção, com ajustes na alimentação, na rotina de treinos e no suporte
psicológico”, diz a nutróloga.
3. É
verdade que o Mounjaro é um “remédio milagroso” para emagrecer?
Mito. “Eu gosto sempre de reforçar isso: o Mounjaro não é milagre.
Ele é uma ferramenta extremamente eficaz, mas não resolve tudo sozinho. Se o
paciente não se alimentar bem, não dormir, não se mexer, não olhar para o emocional,
o resultado dificilmente será sustentável. O remédio pode facilitar o caminho,
mas não elimina o esforço individual necessário para uma mudança duradoura”,
complementa.
4. O
uso do Mounjaro pode afetar a saúde emocional ou provocar compulsões?
Verdade
(com ressalvas). “Embora o
medicamento ajude a controlar a fome física, ele não atua sobre a fome
emocional. Se a pessoa já tem um histórico de compulsão ou transtornos
alimentares, o acompanhamento psicológico é essencial. O emocional precisa ser cuidado
em paralelo, ou os sintomas podem se manifestar de outras formas”, explica.
5.
Qualquer pessoa pode usar o Mounjaro?
Mito. “O medicamento é indicado para pessoas com IMC acima de 30,
ou acima de 27 em casos com comorbidades como diabetes tipo 2, hipertensão ou
resistência à insulina. Ele não é indicado para fins estéticos, nem para quem
está dentro da faixa de peso saudável. E também há contra indicações
importantes, como histórico de pancreatite ou determinados tipos de câncer de
tireoide”, alerta a médica.
6. O
tratamento com Mounjaro é para a vida toda?
Depende. “Algumas pessoas precisarão do uso contínuo, outras
apenas por um período. O tempo de tratamento varia conforme a resposta clínica,
a adesão ao plano alimentar e a saúde metabólica como um todo. O mais
importante é que o processo seja individualizado e bem acompanhado”, conclui a
Dra. Bruna Durelli.
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