Um em cada quatro cães
desenvolve câncer, segundo a Veterinary Cancer Society. Cuidados podem aumentar
a sobrevida, garantindo o bem-estar
Reprodução
Nouvet
Receber o diagnóstico de câncer em um animal de estimação é sempre um momento delicado. Segundo a Veterinary Cancer Society (EUA), aproximadamente 25% dos cães desenvolvem algum tipo de câncer ao longo da vida, destacando a importância do tratamento adequado. Mas a boa notícia é que, assim como na medicina humana, a oncologia veterinária evoluiu significativamente.
"Atualmente,
a quimioterapia se tornou uma ferramenta eficaz para oferecer mais tempo e
qualidade de vida aos pets. O tratamento usa medicamentos específicos para
combater as células cancerígenas, sendo indicada principalmente quando a
cirurgia não é possível ou quando o tumor não responde à radioterapia",
explica o Dr. Nazilton de Paula Reis Filho, responsável pelo setor de oncologia
do Nouvet, centro veterinário de nível hospitalar de São
Paulo.
A
quimioterapia para pets também pode ser recomendada após operações, para evitar
que o câncer volte ou se espalhe. O protocolo é sempre personalizado, levando
em conta o tipo de tumor, o estágio da doença e, claro, o conforto do animal.
Para cuidar
do pet durante a quimioterapia e minimizar os efeitos adversos do tratamento,
Dr. Nazilton explica os principais cuidados a serem seguidos. Confira:
Como lidar com os efeitos colaterais do tratamento?
Ao contrário
do que muitos pensam, cães e gatos geralmente toleram bem a quimioterapia.
“Embora possam ocorrer efeitos como vômito, diarreia ou apatia, geralmente são
leves e transitórios. No entanto, se esses sintomas persistirem por mais de 24
horas ou forem intensos, é crucial procurar imediatamente o veterinário”,
aconselha o especialista.
Para ajudar
no manejo desses efeitos, é recomendado oferecer alimentos mais palatáveis,
como ração úmida, caldo de carne sem tempero ou até pequenas porções de sorvete
de creme sem açúcar - alimentos gelados ajudam a aliviar a náusea.
Quanto aos
vômitos, ele orienta: "Se ocorrerem de uma a três vezes, suspenda alimento
e água por 4-6 horas antes de reintroduzi-los gradualmente. Mais de três
episódios exigem avaliação profissional". Já em relação à diarreia, o
veterinário indica a hidratação do pet com água de coco como uma forma de repor
líquidos e sais minerais. Mas atenção à presença de sangue nas fezes, isso
indica que algo não vai bem. Nesse caso, ou se o animal tiver episódios
persistentes, busque ajuda do veterinário.
Outro dos
efeitos colaterais possíveis, e do qual os tutores relatam certo receio, é a
queda de pelos. O veterinário reforça que o efeito é raro e, quando ocorre, os
pelos voltam a crescer com a interrupção do tratamento.
Rotina do animal
Embora alguns cuidados sejam necessários, não é preciso mudar a rotina. Por exemplo, o animal pode continuar comendo a mesma ração, a não ser que o veterinário recomende alguma alteração na dieta ou que o pet esteja passando mal, como mencionado acima.
Os banhos
também estão liberados, desde que sejam dados em casa. Não é indicado levar seu
cão ou gato ao pet shop, para evitar contato com outros bichos, especialmente
porque pode haver animais que não estão vacinados e isso é perigoso. O mesmo
vale para os passeios. Embora o tutor possa levar seu cão para caminhar, é bom
manter a cautela, evitar outros animais e locais em que haja risco de doenças.
O cruzamento também não é recomendável.
Cuidados de higiene
“Por cerca
de cinco dias após a quimioterapia, é muito importante que o tutor use luvas
para manusear as fezes e a urina do seu pet”, aconselha o veterinário do
Nouvet. O ambiente onde ele faz suas necessidades precisa ser descontaminado
com uma limpeza bem feita, sendo importante usar luvas e calçados fechados.
Medicamentos
Os medicamentos usados para tratar câncer em pets devem ser mantidos refrigerados, em um recipiente plástico com tampa e longe dos alimentos e bebidas. É fundamental que o tutor manipule esses medicamentos apenas com luvas e nunca abra as cápsulas. Também é importante que mulheres grávidas e pessoas portadoras de doenças autoimunes evitem manipular a medicação.
O especialista explica que não é recomendado flexibilizar a prescrição
medicamentosa sem uma autorização expressa do médico. Todas as decisões devem
ser tomadas pelo veterinário.
Outros cuidados
O veterinário vai definir a frequência das consultas conforme as necessidades de cada animal. Além disso, exames de sangue são necessários antes de cada sessão de quimioterapia.
É importante entender que é natural o animal apresentar apatia nas
primeiras semanas após o tratamento. Contudo, se ele apresentar apatia severa,
é preciso consultar um veterinário. Também é necessário procurar ajuda
especializada se o animal parar de se alimentar dentro de 24 horas ou se tiver
mais de três episódios de vômito ou diarreia.
"É uma jornada de cuidado, mas com o acompanhamento especializado,
atenção aos detalhes e muito carinho, é possível proporcionar ao pet qualidade
de vida durante esse período", finaliza Nazilton.
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