Pesquisar no Blog

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Mudanças climáticas podem aumentar o risco de câncer

Estudos apontam crescimento de tumores nos pulmões, mamas e cérebro, afirma o oncologista Daniel Musse, da Oncologia D’Or.

 

O aquecimento global está mudando os padrões do clima e prejudicando o equilíbrio do meio ambiente, provocando o derretimento das geleiras, a elevação do nível do mar, longas estiagens e a ocorrência de desastres naturais como inundações, incêndios florestais e furacões. Ao afetar a natureza, as mudanças climáticas estão aumentando o risco do surgimento de câncer de mama, pulmão e cérebro. 

Paralelamente, os desastres naturais podem prejudicar a estrutura dos centros oncológicos e impedir o acesso dos pacientes ao tratamento, levando ao agravamento da doença. “Nas enchentes do Rio Grande do Sul, várias entidades se mobilizaram para dar suporte aos pacientes e possibilitar a continuidade de tratamentos que devem ser feitos diariamente, como a radioterapia”, lembrou o oncologista Daniel Musse, da Oncologia D’Or. 

Eventos climáticos extremos afetam a produção mundial de alimentos, dificultando a oferta de alimentos frescos e mais nutritivos. As principais agências regulatórias do mundo estão preocupadas com o crescimento do consumo de alimentos com altos níveis de conservantes, o que aumentam o risco de câncer.
 

Poluição e câncer

Ao destruir a vegetação, incêndios florestais e queimadas provocam o aumento da poluição atmosférica e o risco de câncer de pulmão, cérebro e mama. Um estudo anglo-americano1 mostrou que a poluição do ar causa cerca de 14% dos casos de câncer de pulmão em todo o mundo.


 Má qualidade do ar causa 14% dos casos de câncer de pulmão

A relação entre a incidência e mortalidade por câncer, entre 1996 e 2015, em cidades a 50 quilômetros dos locais, onde ocorrem os incêndios florestais de forma recorrente, foi objeto de estudo de pesquisadores canadenses2. A análise apontou que, nos últimos dez anos, o número de casos de câncer de cérebro foi 10% maior na população exposta a esses incêndios comparada à das pessoas que vivem em outras regiões do Canadá. A incidência de câncer de pulmão foi 4,9% superior nos moradores de cidades próximas aos incêndios em relação à média nacional. 

Mas os efeitos da má qualidade do ar não se restringem aos cânceres de pulmão e cérebro. Um estudo francês3 apresentado em 2023 no Congresso Europeu de Oncologia Médica (ESMO) comparou a exposição à poluição residencial à do local de trabalho de 2.419 mulheres com o diagnóstico de câncer de mama com 2.984 mulheres sem o histórico da doença entre 1990-2011. Os resultados mostraram que o risco de câncer de mama foi 28% maior em locais que apresentavam níveis de 10 μg/m3 mais elevados de partículas finas. Mulheres expostas a partículas maiores apresentaram riscos menores à doença.
 

Câncer de pele

A redução da camada de ozônio e o aumento da incidência dos raios ultravioletas é outra mudança climática que contribui para o surgimento de câncer, desta vez, na pele. Pesquisadores da Universidade de Oxford e do Wexham Park Hospital4, no Reino Unido, comprovaram que casos de câncer não-melanoma crescem em 5% a cada grau Celsius a mais de temperatura. 

A Organização Internacional do Trabalho (OIT)5 já revelou sua preocupação com o impacto das mudanças climáticas sobre a saúde de 20 milhões de brasileiros que trabalham expostos ao calor excessivo e ao sol, principalmente na limpeza urbana, na agropecuária e nos transportes. 

Enquanto as altas temperaturas favorecem a proliferação da dengue e outras doenças causadas por vetores, a exposição prolongada à radiação ultravioleta eleva o risco do surgimento de câncer de pele.

Segundo a OIT, essas categorias profissionais devem passar por adaptações nas condições de trabalho, como o uso de equipamentos de proteção apropriados e jornadas de trabalho que não coincidam com os picos de calor e radiação solar.
 



Oncologia D'Or



Referências

  1. Vohra K, Vodonos A, Schwartz J, et al Global mortality from outdoor fine particle pollution generated by fossil fuel combustion: Results from GEOS-Chem.. Environ Res 195:110754, 2021. Disponível em Link
  2. Korsiak, J ∙ Pinault, L ∙ Christidis, T ∙ et al. Long-term wildfire exposure and cancer incidence in Canada: a population-based observational cohort study. Lancet Planeta Saúde. 2022; 6 :e400-e409. Disponível em Link
  3. Fevers ,B et al. Long-term residential and workplace exposure to air pollution and breast cancer risk: A nested case-control study in the French E3N cohort from 1990 to 2011. ESMO 2023. Disponível em Link
  4. AK Bharath et al.Impact of climate change on skin câncer.J R Soc Med. 2009 Jun 1;102(6):215–218. doi: 10.1258/jrsm.2009.080261
  5. ONU News -Perspectiva Global - Calor excessivo aumenta casos de dengue e câncer em trabalhadores brasileiros. Disponível em Link

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados