Um
estudo brasileiro publicado na revista científica The Lancet Global Health
trouxe à tona um fator alarmante para o envelhecimento da população brasileira:
a baixa escolaridade é o principal fator de risco para o declínio cognitivo
entre os idosos do país, superando variáveis tradicionalmente associadas ao
sintoma, como idade ou sexo. Além disso, a pesquisa aponta a falta de saúde
mental como uma possível causa significativa da perda de autonomia em idosos.
Segundo
o médico Dr. Fernando Gomes, neurocirurgião, neurocientista e professor livre-docente
da USP, o impacto da educação no cérebro é um dos mais relevantes para a
manutenção das funções cognitivas ao longo da vida. “O cérebro é um órgão
plástico e se adapta constantemente aos estímulos do ambiente. O aprendizado
contínuo fortalece as conexões neuronais, criando uma reserva cognitiva que
protege contra o declínio mental. No Brasil, o baixo acesso à educação
compromete essa reserva, tornando os idosos mais vulneráveis a doenças como
demência e Alzheimer”, explica o especialista.
O
médico explica a pesquisa alegando que esse declínio acontece mais rápido em
pessoas com baixa escolaridade porque a educação estimula habilidades como
memória, raciocínio lógico e capacidade de resolução de problemas que são
elementos fundamentais para a longevidade cognitiva. “Quanto mais um indivíduo
mantém sua mente ativa, seja por meio de leituras, jogos de raciocínio ou novas
aprendizagens, maior a chance de retardar ou até evitar o declínio cognitivo”,
alerta.
Outro
ponto de destaque do estudo foi a relação entre problemas de saúde mental e a
perda de autonomia na terceira idade. O médico concorda que fatores como
depressão e ansiedade podem acelerar o processo de deterioração cognitiva,
limitando a capacidade de decisão e independência dos idosos. “Quanto mais a
saúde emocional do idoso estiver comprometida, mais facilmente algumas áreas do
cérebro serão afetadas como a memória, por exemplo, e isso pode levar a uma
queda na funcionalidade diária, tornando os idosos mais dependentes de
terceiros para realizar atividades básicas. Isso faz com que não só a família,
mas toda a sociedade, precise estar mais preparada para cuidar destes idosos”,
alerta Dr. Fernando Gomes.
Estratégias de prevenção
Para
minimizar esses impactos, o especialista recomenda algumas estratégias
fundamentais:
- Educação contínua:
incentivar leituras, aprender novas habilidades e manter o cérebro ativo
com desafios intelectuais.
- Saúde mental em dia:
cuidar do bem-estar emocional, buscar suporte psicológico quando
necessário e adotar hábitos que reduzam o estresse.
- Estilo de vida saudável:
manter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos
regularmente e ter um sono de qualidade são medidas essenciais para
preservar a saúde do cérebro.
“A
chave para um envelhecimento saudável passa pelo acesso à educação e pelo
cuidado com a mente. São fatores que podemos modificar e que podem fazer toda a
diferença na qualidade de vida da população idosa no Brasil”, conclui Dr.
Fernando Gomes.
Dr. Fernando Gomes - Professor Livre Docente de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas de SP com mais de 2 milhões de seguidores. Há 12 anos atua como comunicador, já tendo passado pela TV Globo por seis anos como consultor fixo do programa Encontro com Fátima Bernardes (2013 a 2019), por um ano (2020) na TV Band no programa Aqui na Band como apresentador do quadro de saúde “E Agora Doutor?” e dois anos (2020 a 2022) como Corresponde Médico da TV CNN Brasil. Atualmente comanda seu programa Olho Clínico com Dr. Fernando Gomes semanalmente no Youtube desde 2020. É também autor de 9 livros de neurocirurgia e comportamento humano. Professor Livre Docente de Neurocirurgia, com residência médica em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, é neurocirurgião em hospitais renomados e também coordena um ambulatório relacionado a doenças do envelhecimento no Hospital das Clínicas.
drfernandoneuro
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