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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Falta de saúde mental também se destaca como ameaça à autonomia na terceira idade

 

Um estudo brasileiro publicado na revista científica The Lancet Global Health trouxe à tona um fator alarmante para o envelhecimento da população brasileira: a baixa escolaridade é o principal fator de risco para o declínio cognitivo entre os idosos do país, superando variáveis tradicionalmente associadas ao sintoma, como idade ou sexo. Além disso, a pesquisa aponta a falta de saúde mental como uma possível causa significativa da perda de autonomia em idosos. 

Segundo o médico Dr. Fernando Gomes, neurocirurgião, neurocientista e professor livre-docente da USP, o impacto da educação no cérebro é um dos mais relevantes para a manutenção das funções cognitivas ao longo da vida. “O cérebro é um órgão plástico e se adapta constantemente aos estímulos do ambiente. O aprendizado contínuo fortalece as conexões neuronais, criando uma reserva cognitiva que protege contra o declínio mental. No Brasil, o baixo acesso à educação compromete essa reserva, tornando os idosos mais vulneráveis a doenças como demência e Alzheimer”, explica o especialista. 

O médico explica a pesquisa alegando que esse declínio acontece mais rápido em pessoas com baixa escolaridade porque a educação estimula habilidades como memória, raciocínio lógico e capacidade de resolução de problemas que são elementos fundamentais para a longevidade cognitiva. “Quanto mais um indivíduo mantém sua mente ativa, seja por meio de leituras, jogos de raciocínio ou novas aprendizagens, maior a chance de retardar ou até evitar o declínio cognitivo”, alerta. 

Outro ponto de destaque do estudo foi a relação entre problemas de saúde mental e a perda de autonomia na terceira idade. O médico concorda que fatores como depressão e ansiedade podem acelerar o processo de deterioração cognitiva, limitando a capacidade de decisão e independência dos idosos. “Quanto mais a saúde emocional do idoso estiver comprometida, mais facilmente algumas áreas do cérebro serão afetadas como a memória, por exemplo, e isso pode levar a uma queda na funcionalidade diária, tornando os idosos mais dependentes de terceiros para realizar atividades básicas. Isso faz com que não só a família, mas toda a sociedade, precise estar mais preparada para cuidar destes idosos”, alerta Dr. Fernando Gomes.
 

Estratégias de prevenção

Para minimizar esses impactos, o especialista recomenda algumas estratégias fundamentais:

  • Educação contínua: incentivar leituras, aprender novas habilidades e manter o cérebro ativo com desafios intelectuais.
  • Saúde mental em dia: cuidar do bem-estar emocional, buscar suporte psicológico quando necessário e adotar hábitos que reduzam o estresse.
  • Estilo de vida saudável: manter uma alimentação equilibrada, praticar exercícios físicos regularmente e ter um sono de qualidade são medidas essenciais para preservar a saúde do cérebro.

“A chave para um envelhecimento saudável passa pelo acesso à educação e pelo cuidado com a mente. São fatores que podemos modificar e que podem fazer toda a diferença na qualidade de vida da população idosa no Brasil”, conclui Dr. Fernando Gomes. 



Dr. Fernando Gomes - Professor Livre Docente de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas de SP com mais de 2 milhões de seguidores. Há 12 anos atua como comunicador, já tendo passado pela TV Globo por seis anos como consultor fixo do programa Encontro com Fátima Bernardes (2013 a 2019), por um ano (2020) na TV Band no programa Aqui na Band como apresentador do quadro de saúde “E Agora Doutor?” e dois anos (2020 a 2022) como Corresponde Médico da TV CNN Brasil. Atualmente comanda seu programa Olho Clínico com Dr. Fernando Gomes semanalmente no Youtube desde 2020. É também autor de 9 livros de neurocirurgia e comportamento humano. Professor Livre Docente de Neurocirurgia, com residência médica em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, é neurocirurgião em hospitais renomados e também coordena um ambulatório relacionado a doenças do envelhecimento no Hospital das Clínicas.
drfernandoneuro



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