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domingo, 9 de fevereiro de 2025

Busca pelo corpo perfeito para o Carnaval: Riscos de infecções aumentam com a alta demanda por procedimentos estéticos

Especialista alerta para os riscos de infecções em procedimentos estéticos e os cuidados necessários para evitar complicações 

 

Com a proximidade do Carnaval, a busca por procedimentos estéticos dispara, impulsionada pelo desejo de estar com o “corpo perfeito” para a folia.  

A procura por procedimentos como lipoaspiração, implante de silicone e harmonização facial atinge seu pico no início do ano, acompanhada de um aumento expressivo nas intervenções não cirúrgicas, como aplicação de toxina botulínica, preenchimentos faciais, bioestimuladores de colágeno e depilação a laser. Clínicas e consultórios registram recordes de atendimento, muitas vezes operando no limite da capacidade para atender à demanda sazonal.

Diante desse cenário, especialistas alertam para os riscos associados à pressa e à falta de critérios na escolha de profissionais e clínicas. A Sociedade Brasileira de Dermatologia reforça que “a realização de procedimentos estéticos exige conhecimento técnico e o cumprimento rigoroso de normas sanitária s para evitar complicações como infecções, reações adversas e sequelas irreversíveis”. 

Para a Dra. Jéssica Ramos, infectologista e doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), a preocupação é pertinente. "Até mesmo procedimentos considerados simples podem levar a sérios problemas de saúde se não forem realizados por profissionais qualificados ou se não seguirem rigorosamente as normas de higiene necessárias" , explica a especialista.


 Infecções

 As Infecções Relacionadas à Assistência em Saúde (IRAS) são infecções adquiridas durante a prestação de cuidados de saúde, podendo ocorrer em qualquer ambiente onde procedimentos médicos ou estéticos sejam realizados. No caso de procedimentos estéticos, o risco de IRAS aumenta em tratamentos invasivos, quando a barreira protetora da pele é rompida, facilitando a entrada de microrganismos.

 A falta de higiene, a esterilização inadequada dos equipamentos, o uso de produtos contaminados e erros técnicos podem contribuir para o surgimento dessas infecções, que podem variar de leves a graves, exigindo cuidados médicos imediatos.

 Entre as bactérias mais comuns associadas às infecções em procedimentos estéticos, destacam-se:

 Staphylococcus aureus (incluindo MRSA): Essa bactéria está frequentemente associada a infecções de pele, feridas cirúrgicas, e pode causar abscessos e infecções graves, como septicemia.

 Pseudomonas aeruginosa: frequentemente encontrada em ambientes de saúde, esta bactéria pode levar a infecções em feridas, especialmente em procedimentos cirúrgicos e tratamentos invasivos.

 Mycobacterium: conhecidas por causar infecções de pele após procedimentos como lipoaspiração e preenchimentos faciais, essas bactérias podem ser difíceis de tratar e requerem terapia antibiótica prolongada.

 Escherichia coli (E. coli): embora normalmente presente no intestino humano, quando introduzida acidentalmente em feridas, pode causar infecções graves.


 Cuidados importantes

 Para a Dra. Jessica, a principal forma de evitar a infecção começa na escolha do profissional e do local em que será realizado o procedimento. “Procedimentos estéticos devem ser feitos apenas por médicos, que são profissionais habilitados para administrar as eventuais complicações. Por isso, antes de contratar este tipo de serviço, é importante verificar se o profissional é médico, qual a sua especialização, se o local tem licenciamento e até buscar referências, optando por alguém que tenha boa reputação e bom histórico", explica a infectologista.

 Além da escolha, a Dra. Jessica enfatiza a importância do cuidado pré e pós-operatório, incluindo a limpeza adequada do local em que será feito o procedimento (idealmente em centros cirúrgicos hospitalares) e o monitoramento de sinais de infecção. “A conscientização sobre os riscos é essencial, especialmente com o aumento de intervenções estéticas, que, embora seguras quando realizadas corretamente, podem apresentar riscos quando os protocolos de saúde não são seguidos rigorosamente”, finaliza a especialista.

  

Dra. Jessica Ramos - graduada em Medicina pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com residência médica em Infectologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e doutorado em Ciências também pela USP. A especialista integra o Núcleo de Infectologia do Hospital Sírio-Libanês e é membro de importantes comitês de doenças infecciosas, entre eles da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).


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